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Tocar o shofar,
dar tsedacá e construir uma sucá são conceitos que
fazem sentido para a maioria das crianças. Porém tentar
explicar o conceito de Yom Kipur para elas pode ser mais melado que uma
jarra de mel em Rosh Hashaná.
Apesar disso, o sentimento ao redor do Dia da Expiação deveria
ser bem familiar para a maioria das crianças que cometeram erros
pelo menos uma vez na vida. “Diga que sente muito por aquilo que
fez, e diga com sinceridade.”
Todos cometem erros, desde os mais jovens
até os mais velhosEm Yom Kipur, pedimos desculpas, e realmente
queremos dizer isso. Na verdade, os rabinos ensinam que para que a teshuvá
(arrependimento) faça efeito, é preciso que se admita os
próprios pecados, peça desculpas e se ajeite as coisas para
o futuro. Isso demonstra sincero remorso e um desejo de mudar.
Isso proporciona uma maravilhosa lição para as crianças:
todos cometem erros, dos mais novos aos muito velhos. E perdoar é
sempre possível. Yom Kipur oferece a todos a oportunidade de pedir
perdão e resolver fazer melhor da próxima vez.
Muitas famílias judias começam Yom Kipur pedindo perdão
uns aos outros pelas coisas erradas que fizeram durante o ano. Cada pessoa
promete não repetir seus erros no ano vindouro, e os membros da
família se perdoam entre si antes de começar o Kol Nidrei.
Uma atividade pré-Yom Kipur sugerida por um educador judeu é
que as famílias escrevam cartas para si mesmas nas quais abordam
suas metas espirituais para o próximo ano. Os pais também
podem fazer perguntas para cada um, tais como: “O que podemos fazer
melhor para os outros neste ano?” Algumas famílias transformam
o processo de teshuvá num esforço em grupo, prometendo trabalhar
como voluntários em instituições para necessitados,
escolher mais cuidadosamente as palavras, ou ir com maior frequência
à sinagoga.
O tema do jejum, porém, é bem mais difícil para as
crianças entenderem. Um dia inteiro abstendo-se de comida e bebida
não é algo fácil para ninguém, jovem ou não.
Embora as crianças não sejam obrigadas a jejuar até
a idade de bar ou bat mitsvá, podem ser encorajadas a pular uma
refeição (ou mais) dependendo da idade e maturidade. Porém
como podemos explicar a ideia por trás da mitsvá?
Enquadrar o conceito de jejum em termos positivos é importante,
dizem alguns educadores judeus. Yom Kipur nos oferece um período
específico de tempo reservado para refletirmos sobre nossas ações
durante o ano que passou e para determinar um rumo novo e melhor para
o futuro. Essa é uma tarefa tão inspiradora que não
deixa muito espaço para pensar sobre assuntos triviais como o sustento
físico.
Esta é a noção que Rabino Yoni Mozeson de Teaneck,
New Jersey, tenta passar em suas discussões com jovens sobre Yom
Kipur. “D'us sabe que não é divertido pensar sobre
aquelas coisas das quais você não está orgulhoso…
quais boas coisas você quer começar a fazer e como irá
viabilizá-las a acontecer,” disse ele. “Portanto D'us
fez um dia especial quando não se deve pensar em comida, porque
não se pode comer. E você não pode passear. Portanto
tudo que resta é pensar sobre a sua vida.”
Podemos ter mais empatia com aqueles que são
pobres e passam fomeA beleza da festa é que ninguém
está sozinho com esses pensamentos pesados. Se você olhar
em torno de si na sinagoga, cada qual está contemplando a mesma
coisa, ao mesmo tempo que você, disse ele.
Rabino Ephraim Simon de Chabad de Teaneck enfatizou que “o ponto
mais importante do jejum é que devemos usar este ponto a tempo
de nos concentrar inteiramente em nossa conexão espiritual com
D'us e como podemos nos conectar e assim viver melhor, ter uma vida mais
ética e mais sagrada.”
Jejuar nos dá o beneficio de nos sentirmos vulneráveis pelo
menos por um dia ao ano, dizem os educadores judeus. Quando nos privamos
de alimento, podemos ter mais empatia por aqueles que são pobres
e passam fome. Podemos então apreciar melhorar aquilo que temos
e talvez ser inspirados a dar mais tsedacá.
Você pode ajudar os seus filhos a ter um Yom Kipur com mais elevação
explicando os significados por trás dos rituais e insistindo com
eles para que participem o máximo possível. Crianças
com idade suficiente para sentar-se quietas e escutar podem assistir parte
do serviço de prece – Kol Nidrei e Neilá são
especialmente bonitas – e podem ver seus pais levando o dia a sério.
Embora a abstenção de comida e bebida seja a mais conhecida
das obrigações de Yom Kipur, há outras oportundiades
para os jovens “afligirem suas almas” neste dia, segundo a
Lei Judaica. Crianças que não jejuam devem se abster de
banhos, e mesmo que estejam comendo, podem evitar doces e outros alimentos
favoritos. Deveriam também não usar calçados de couro.
Todas as crianças deveriam ser convidadas a participar na Seudá
Hamafseket (refeição pré-jejum), bem como da refeição
que quebra o jejum. Essas refeições devem ser reuniões
especiais para toda a família, tanto para quem jejua quanto para
quem não o faz, e são um tempo oportuno para discutir metas
espirituais para o ano vindouro.
Finalmente, quando o jejum termina, todos deveriam sair para começar
a preparar a contrução de uma sucá para a próxima
festa.
Notas:
Deena Yellin é repórter num jornal diário
em Nova Jersey. Seus artigos têm sido publicados no Jerusalém
Post Newsday e no The New York Times. |
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