Fale com seus filhos sobre Yom Kipur
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  Por Deena Yellin  
 

Tocar o shofar, dar tsedacá e construir uma sucá são conceitos que fazem sentido para a maioria das crianças. Porém tentar explicar o conceito de Yom Kipur para elas pode ser mais melado que uma jarra de mel em Rosh Hashaná.

Apesar disso, o sentimento ao redor do Dia da Expiação deveria ser bem familiar para a maioria das crianças que cometeram erros pelo menos uma vez na vida. “Diga que sente muito por aquilo que fez, e diga com sinceridade.”

Todos cometem erros, desde os mais jovens até os mais velhosEm Yom Kipur, pedimos desculpas, e realmente queremos dizer isso. Na verdade, os rabinos ensinam que para que a teshuvá (arrependimento) faça efeito, é preciso que se admita os próprios pecados, peça desculpas e se ajeite as coisas para o futuro. Isso demonstra sincero remorso e um desejo de mudar.

Isso proporciona uma maravilhosa lição para as crianças: todos cometem erros, dos mais novos aos muito velhos. E perdoar é sempre possível. Yom Kipur oferece a todos a oportunidade de pedir perdão e resolver fazer melhor da próxima vez.

Muitas famílias judias começam Yom Kipur pedindo perdão uns aos outros pelas coisas erradas que fizeram durante o ano. Cada pessoa promete não repetir seus erros no ano vindouro, e os membros da família se perdoam entre si antes de começar o Kol Nidrei.

Uma atividade pré-Yom Kipur sugerida por um educador judeu é que as famílias escrevam cartas para si mesmas nas quais abordam suas metas espirituais para o próximo ano. Os pais também podem fazer perguntas para cada um, tais como: “O que podemos fazer melhor para os outros neste ano?” Algumas famílias transformam o processo de teshuvá num esforço em grupo, prometendo trabalhar como voluntários em instituições para necessitados, escolher mais cuidadosamente as palavras, ou ir com maior frequência à sinagoga.

O tema do jejum, porém, é bem mais difícil para as crianças entenderem. Um dia inteiro abstendo-se de comida e bebida não é algo fácil para ninguém, jovem ou não. Embora as crianças não sejam obrigadas a jejuar até a idade de bar ou bat mitsvá, podem ser encorajadas a pular uma refeição (ou mais) dependendo da idade e maturidade. Porém como podemos explicar a ideia por trás da mitsvá?

Enquadrar o conceito de jejum em termos positivos é importante, dizem alguns educadores judeus. Yom Kipur nos oferece um período específico de tempo reservado para refletirmos sobre nossas ações durante o ano que passou e para determinar um rumo novo e melhor para o futuro. Essa é uma tarefa tão inspiradora que não deixa muito espaço para pensar sobre assuntos triviais como o sustento físico.

Esta é a noção que Rabino Yoni Mozeson de Teaneck, New Jersey, tenta passar em suas discussões com jovens sobre Yom Kipur. “D'us sabe que não é divertido pensar sobre aquelas coisas das quais você não está orgulhoso… quais boas coisas você quer começar a fazer e como irá viabilizá-las a acontecer,” disse ele. “Portanto D'us fez um dia especial quando não se deve pensar em comida, porque não se pode comer. E você não pode passear. Portanto tudo que resta é pensar sobre a sua vida.”

Podemos ter mais empatia com aqueles que são pobres e passam fomeA beleza da festa é que ninguém está sozinho com esses pensamentos pesados. Se você olhar em torno de si na sinagoga, cada qual está contemplando a mesma coisa, ao mesmo tempo que você, disse ele.

Rabino Ephraim Simon de Chabad de Teaneck enfatizou que “o ponto mais importante do jejum é que devemos usar este ponto a tempo de nos concentrar inteiramente em nossa conexão espiritual com D'us e como podemos nos conectar e assim viver melhor, ter uma vida mais ética e mais sagrada.”

Jejuar nos dá o beneficio de nos sentirmos vulneráveis pelo menos por um dia ao ano, dizem os educadores judeus. Quando nos privamos de alimento, podemos ter mais empatia por aqueles que são pobres e passam fome. Podemos então apreciar melhorar aquilo que temos e talvez ser inspirados a dar mais tsedacá.

Você pode ajudar os seus filhos a ter um Yom Kipur com mais elevação explicando os significados por trás dos rituais e insistindo com eles para que participem o máximo possível. Crianças com idade suficiente para sentar-se quietas e escutar podem assistir parte do serviço de prece – Kol Nidrei e Neilá são especialmente bonitas – e podem ver seus pais levando o dia a sério.

Embora a abstenção de comida e bebida seja a mais conhecida das obrigações de Yom Kipur, há outras oportundiades para os jovens “afligirem suas almas” neste dia, segundo a Lei Judaica. Crianças que não jejuam devem se abster de banhos, e mesmo que estejam comendo, podem evitar doces e outros alimentos favoritos. Deveriam também não usar calçados de couro.

Todas as crianças deveriam ser convidadas a participar na Seudá Hamafseket (refeição pré-jejum), bem como da refeição que quebra o jejum. Essas refeições devem ser reuniões especiais para toda a família, tanto para quem jejua quanto para quem não o faz, e são um tempo oportuno para discutir metas espirituais para o ano vindouro.

Finalmente, quando o jejum termina, todos deveriam sair para começar a preparar a contrução de uma sucá para a próxima festa.


Notas:

Deena Yellin é repórter num jornal diário em Nova Jersey. Seus artigos têm sido publicados no Jerusalém Post Newsday e no The New York Times.

     
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