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Sem
cérebro
Um calouro na faculdade começava seu primeiro dia de aulas. Seu
professor judeu era obviamente um ateu, e começou o dia dizendo
o seguinte:
“Alunos, existe alguém aqui que possa ver D’us? Nesse
caso, levante a mão. Se houver alguém aqui que possa ouvir
D’us, favor levantar a mão. Se alguém de vocês
pode cheirar D’us, levante a mão.”
Após uma breve pausa, sem resposta dos estudantes, o professor
concluiu: “Como ninguém pode ver, ouvir ou cheirar D’us,
isso prova conclusivamente que não existe D’us.”
Um aluno então levanta a mão e pede para dirigir-se à
classe. Ele perguntou aos colegas: “Alunos, alguém aqui pode
ver o cérebro do professor? Pode ouvir o cérebro do professor?
Alguém pode cheirar o cérebro do professor?”
Após uma curta pausa, ele concluiu: “Como ninguém
pode ver, ouvir ou cheirar o cérebro do professor, isso prova conclusivamente
que ele não tem cérebro.”
Um profeta foge
O livro bíblico de Jonah, lido durante o serviço vespertino
de Yom Kipur, relata uma das histórias mais comoventes e fantásticas
da Torá. É a história de um profeta, Jonah, ou Yonah,
que viveu no ano 700 AEC, e estava determinado a fugir de D'us. D'us mandou-o
viajar de Jerusalém até a capital assíria, Nínive
(1) para influenciar a grande população a se arrepender
dos seus atos imorais e corruptos.
Em vez disso, Yonah foi ao antigo porto da cidade de Jaffa e embarcou
num navio que partia para a Tunísia, na África (2), onde
ele pensou que encontraria uma trégua de D'us (3).
“Então D'us enviou um forte vento ao mar,” relata a
Torá, “e houve uma enorme tempestade no oceano, tão
forte que o navio parecia estar a ponto de um naufrágio. Os marinheiros
ficaram assustados, gritaram, cada homem ao seu deus; atiraram ao mar
tudo que havia de pesado no navio, para que ficasse mais leve. Porém
Yonah desceu ao porão e ali se deitou até adormecer profundamente.
“O comandante do navio aproximou-se dele e disse: ‘Como pode
dormir assim? Levante-se! Clame ao seu D'us! Talvez Ele nos ajude a não
perecer!’
“Eles disseram uns aos outros: “Vamos tirar a sorte, para
determinar quem é o responsável por essa calamidade que
se abateu sobre nós.” Jogaram os dados, e a culpa recaiu
sobre Yonah. Disseram a ele: “Diga-nos… qual é a sua
ocupação? De onde vem? Qual é a sua terra? E faz
parte de qual povo?”
Virando anfíbio
Yonah aceitou a culpa pela tempestade que ameaçava a vida deles,
pois tinha tentado fugir de D'us. Yonah sugeriu a eles que o atirassem
ao mar, “e o mar se acalmará, pois eu sei que é por
minha causa que essa grande tempestade se abateu sobre vocês.”
“Então eles ergeram Yonah e o atiraram ao mar, e o mar cessou
sua fúria.” Enquanto estava nas águas, um grande peixe
engoliu Yonah, e permaneceu ali dentro por três dias (4).
Das entranhas do peixe, Yonah fala com D'us. Essas são suas palavras:
“Clamei a D'us no meu desespero, e Ele me ouviu; das entranhas do
inferno eu clamei – Tu ouviste minha voz. Tu me atiraste ao mar,
nas profundezas do mar, e as águas me envolveram; todos os Teus
vagalhões e ondas passaram sobre mim.
“Então eu disse: ‘Fui tirado da frente de teus olhos;
porém eu olharei novamente para teu Templo Sagrado. Aas águas
me envolveram, quase até a morte; as profundezas me cercaram, os
juncos se fecharam sobre a minha cabeça.
“Desci até o pé das montanhas, a terra com suas barras
se fecharam para sempre sobre mim; porém Tu me trouxeste do abismo
para a vida, ó Senhor meu D'us.
“Quando minha alma fraquejou dentro de mim, lembrei-me de D'us;
e minha prece foi a Ti, ao Teu Templo Sagrado…”
Yonah retorna
“Então D'us ordenou ao peixe,” continua a Torá
a relatar(5), e “ele cuspiu Yonah de volta à terra firme.”
Finalmente, Yonah aceita sua Divina missão, viajando para a capital
assíria e provocando uma transformação moral no coração
de seu povo. Uma civilização perversa comprometeu-se a redefinir
sua vida e seus relacionamentos. Porém quando Yonah descobre que
D'us tinha de fato aceitado o arrependimento da população
e não destruiria a cidade, ele fica triste. Ele não acredita
que a cidade devesse ser exonerada de tantos anos de comportamento imoral
e perverso (6) e pede a D'us que o mate, “pois melhor é minha
morte que minha vida.”
Como um bom educador, D'us continua a mostrar a Yonah, numa maneira bastante
criativa, o seu erro.
Quando Yonah está descansando numa tenda nos arredores de Nínive,
uma planta frondosa cresce para proporcionar sombra sobre sua cabeça,
dando-lhe muito conforto e serenidade. Quando a manhã seguinte
traz uma onda de calor e um verme come a planta e esta seca, Yonah expressa
sua angústia pela perda.
A isso D'us responde: “Você teve pena da planta pela qual
não trabalhou, nem a fez crescer’ ela viveu uma noite e pereceu
após uma noite. E Eu – não deverei ter pena de Nínive,
a grande cidade, na qual há mais de cento e vinte mil pessoas…
e também muitos animais?”
Isso conclui os quatro curtos mas incrivelmente ricos capítulos
do Livro de Yonah.
Por que lemos essa história em Yom Kipur? E qual é a relevância
desse episódio em nossa vida?
Duas camadas de Torá
Um dos elementos mais fascinantes sobre a Torá é que todas
as suas histórias contêm, além da sua interpretação
concreta literal, uma interpretação espiritual e psicológica.
Cada detalhe de cada história registrada na Torá contém
uma interpretação metafórica e alegórica,
simbolizando um evento que transpira continuamente dentro do coração
humano (7). Os sábios e rabinos têm, no decorrer de 3.000
anos, decodificado o significado metafísico da maioria das histórias
da Torá.
O mesmo é verdadeiro, é claro, sobre a história de
Yonah e o peixe. Além do sentido simples e literal desse episódio
comovente, ocorrendo numa época e numa localização
específicas, este relato deve ser visto também como uma
metáfora para uma história mental e espiritual transpirando
em outubro de 2003. Na verdade, o Zohar declara (8) que a história
de Yonah é realmente uma história sobre “todo o tempo
de vida dos seres humanos neste mundo.”
É essa história interior de Yonah que desejo explorar na
continuação desse ensaio.
Jornada de uma alma
O nome Yonah em hebraico significa uma pomba, representando a alma interior
do homem, aquele fragmento da verdade, aquele pedacinho de D'us que constitui
o âmago da identidade humana (9). A pomba é um dos únicos
animais que quando encontra seu parceiro, permanece fiel para sempre,
jamais o trocando por outro. Similarmente, a alma incorpora aquela parte
do animal humano que pode correr e se esconder, mas em última análise
nunca substitui a verdade de D'us pelos prazeres do mundo material (10).
Nínive, cidade grande, poderosa e corrupta, é uma metáfora
para o planeta que habitamos, repleto de políticos fúteis,
vaidade e corrupção. Yonah, a alma humana, é despachada
por D'us numa missão para revolucionar a paisagem terrena; para
introduzir a luz da Divindade e da santidade em todo aspecto da vida terrestre.
O homem é um mensageiro que leva uma mensagem; o homem é
uma testemunha da presença do D'us vivo.
Negando sua realidade
Porém com frequência, escolhemos fugir da missão de
nossa vida, rejeitando nossa identidade como testemunhas.
Embarcamos num navio, representado pelo corpo que contém a alma
humana, assim como um navio contém seus passageiros (11), e tentamos
escapar, física e emocionalmente, para um lugar onde possamos mais
facilmente abraçar a ilusão de que estamos destituídos
da missão e da mensagem, que nada mais somos que criaturas buscando
saciedade e auto-satisfação. Velejamos cegamente pelas águas
da vida, ignorando a voz interior de D'us, o tempo todo tentando nos convencer
de que somos felizes.
Turbulência
Tudo parece bem e correto, até que a turbulência começa
a abalar nossa vida e nosso piloto. A turbulência do mar na história
de Yonah é uma metáfora para as tumultuadas circunstâncias
que a vida apresenta, ameaçando a própria sobrevivência
de nosso “navio” – nosso corpo e nossa existência.
A essa altura, muitas pessoas acordam da sua ilusão.
Porém existem aqueles que, exatamente em momentos assim, se tornam
ainda mais afastados da sua autêntica realidade. “Os marinheiros
se assustaram, e gritaram, cada homem ao seu deus… Porém
Yonah desceu ao porão do navio; ele deitou-se e dormiu.”
Yonah, segundo essa interpretação, representa o ser humano
que pode ver o mundo virar de cabeça para baixo, mas continua a
dormir, fazendo crer que tudo está normal, que sua vida é
uma história de sucesso. E quanto maior a confusão, quanto
mais profundo o caos, mais essa pessoa afunda no seu sono, alheia à
desintegração da sua realidade.
Cócegas
A essa altura, o homem geralmente sente um cutucão vindo da sua
consciência divina. “O comandante aproximou-se dele, dizendo:
‘Como pode dormir tão profundamente? Acorde! Clame ao teu
D'us!’ Os outros marinheiros também falam com Yonah, dizendo:
‘Diga-nos… qual é o seu ofício? De onde vem?
Qual é a sua terra? E a qual povo pertence?”
O comandante, capitão do corpo, representa o yetser tov (11), a
pequena centelha de D'us que reside na alma humana. Essa centelha clama
para a alma, perguntando: “Como pode dormir tão profundamente?”
Durante quanto tempo pode negar que seu universo enlouqueceu? Durante
quanto tempo ainda vai fazer acreditar que não fez isso?
“Lembre-se de onde sua alma veio,” responde a voz interior
a um Yonah que anseia por voltar ao seu sono. “Lembre-se de sua
verdadeira ocupação e a que povo pertence,” diz a
voz a ele. Pare de negar quem você é; não fuja ao
seu destino enquanto uma testemunha da voz no Sinai encarrega você
da missão de pavimentar uma estrada através da selva da
história. Não fuja ao seu chamado para cavar e revelar a
arte Divina em todo aspecto da vida.
Resignação e Rendição
Uma sinceridade estranha e melancólica domina Yonah. Seu instinto
moral encontra uma perversa expressão em sua sugestão aos
marinheiros para jogá-lo ao mar para se livrarem do fardo imposto
pela existência dele.
Isso representa a profunda ansiedade existencial que domina muitas almas
ao descobrirem que jamais podem realmente se convencerem de que D'us não
existe. Apanhada num estado de limbo, temerosa de abraçar D'us
por completo e incapaz de fugir de D'us, a alma se resigna à morte.
“Simplesmente livrem-se de mim,” clama Yonah às suas
vozes interiores. “Enterrem minha alma.”
Neste momento devastador, o ser humano se rende ao último vestígio
de dignidade espiritual, permitindo que sua alma seja levada pelas águas
furiosas da luxúria e do vício. E ainda pior, ele permite
que sua identidade humana seja engolida e convertida numa criatura anfíbia.
Deixando de ver-se como diferente de um animal, ele está “livre”
por fim para ignorar realmente a presença de D'us.
O Talmud (12) ensina que na linguagem bíblica o peixe serve como
uma metáfora para a sexualidade desinibida, pois o peixe se multiplica
excessivamente. Yonah sendo engolido por um peixe deve portanto ser entendido
como uma metáfora para uma alma sendo engolida pelo vício
e pela promiscuidade sexual.
O termo hebraico usado para peixe na história, ‘dagá’,
também pode ser traduzido como ansiedade (13). Isso representa
uma reação emocional alternativa para o turbilhão
da vida. A pessoa se atira em buscas materialistas, de tal maneira que
a extraordinária ansiedade e estresse envolvidos na subida da escada
financeira eclipsa a ansiedade mais profunda de sua alma. Ele se permite
ser engolido completamente em sua carreira, até esquecer que é
um ser humano.
Renascimento
E mesmo assim, paradoxalmente, nesse mesmo momento a alma, pela primeira
vez, encontra D'us.
“Das entranhas do inferno eu clamei,” declara Yonah. Até
a alma atingir as entranhas do inferno, estava ocupada fugindo de D'us
e de si mesma. Somente quando o homem atinge seu nadir ele pode subitamente
descobrir a presença de um D'us vivo e amoroso. Por quê?
Porque uma alma, pela própria natureza, jamais pode permanecer
em um só lugar. Deve estar sempre num estado de movimento. A única
questão é em qual direção se mover: está
correndo para D'us ou fugindo d’Ele? Portanto, uma vez que a alma
chega ao fundo e não pode mais descer, deve começar a subir
(14).
O Novo desafio
A redescoberta da verdade pelo homem – que ele está aqui
numa missão – faz o peixe cuspir a alma. O homem abandona
seus vícios e sua promiscuidade. Embarca agora numa jornada para
fazer uma diferença na vida das pessoas, para levar santidade e
Divindade à própria vida bem como à vida da sociedade
mundana e egocêntrica.
Pois este é um padrão previsível: depois que a alma
descobre a presença viva de D'us, anseia por tornar-se ascética,
para escapar dos confinamentos de um universo inferior e fundir-se em
Sua infinita luz.
A essa altura, D'us revela a Yonah, à alma, que ao infundir o profano
com o sagrado, o plano supremo de D'us é cumprido. Somente na imundície
do planeta Terra a glória da parceria humana’Divina pode
brilhar. A alma, apesar de sua resistência natural, deve aprender
a imitar D'us e a abraçar o mundo, não fugir dele.
Dois tipos de dorminhocos
Então por que lemos essa história em Yom Kipur?
Há dois tipos de dorminhocos humanos. Existem aqueles que se estão
num sono mais leve, e com um rasgo de inspiração ou turbulência
acordarão; e aqueles que estão tão submersos no sono
que nem mesmo a explosão mais forte os perturbará.
A primeira categoria de pessoas acorda através do som do shofar
de Rosh Hashaná (15). Os sons primitivos e pungentes do chifre
de carneiro, brotando das profundezas simples e primitivas do âmago
humano, inspira a alma a retornar a quem ela realmente é.
Porém existem pessoas que dormem apesar de tudo, até mesmo
do som poderoso do shofar. O navio está a ponto de rachar, mas
elas estão adormecidas. O Titanic está para afundar e elas
estão estiradas nas poltronas do convés da primeira classe
fumando charutos, alheias e imunes à realidade.
Num tremendo anti-semitismo, um presidente de um país soberano
nega o Holocausto, os inimigos planejam todo dia destruir um país
e seu povo, há uma profunda confusão emocional e moral em
meio à sociedade, profunda depressão e alienação
entre tantos jovens – mas eles estão adormecidos. Um mundo
nas garras do medo e da confusão, porém eles estão
ocupados jogando o jogo da vaidade. Continuamos fazendo acreditar que
a vida está, mais ou menos, normal.
Um perfil do faraó
Um dos mestres chassídicos descreveu certa vez a inferioridade
do imperador egípcio, o faraó. A Torá descreve a
noite em que ele teve um sonho misterioso e acordou. “Então,”
continua a Bíblia (16), “ele adormeceu, e teve um segundo
sonho.” Ocorre que estes dois sonhos continham os segredos da sobrevivência
de todo o Crescente Fértil.
“Nu, posso entender o fato de ir dormir,” declarou o Rebe
de Kutzk. “Mas quando você tem um sonho poderoso repleto de
segredos sobre o futuro destino do mundo, como pode voltar a dormir? Para
isso é preciso ser um faraó!”
Este é o perfil de uma pessoa que pode ouvir 100 toques do shofar,
mas simplesmente desliga o despertador e se vira para o outro lado na
cama (17).
O dia que não tolera enganos
Então
chega Yom Kipur.
Este é o único dia do ano que não tolera fachadas.
Nesse dia mais sagrado do calendário, todos os véus são
erguidos! A verdade pura do D'us vivo irrompe pelas paredes, atingindo
até aqueles que se esconderam sob uma montanha de cobertores.
Em Yom Kipur, até mesmo aqueles que mergulharam no mais profundo
dos sonos podem ouvir a voz do comandante: “Como pode dormir tão
pesadamente? Levante! Fale com seu D'us!” (18).
Notas
1 – Chegar a Nínive atualmente não
é difícil. Começamos em Haifa, em Israel, e simplesmente
seguimos o famoso oleoduto até Mosul, no Iraque. Ali, do outro
lado do Rio Tigre, na margem esquerda, do lado oposto a Mosul, estão
as ruínas da outrora orgulhosa cidade de Nínive. Ela foi
uma das primeiras cidades do mundo, construída pelo Rei Nimrod
(também chamado Ashur), o pai do povo assírio, na época
de Avraham. Sob os poderosos reis assírios a cidade foi ampliada
e embelezada. Sargon construiu uma forte muralha ao redor de Nínive,
incluindo e unindo-a com outras três cidades, Foi essa cidade ampliada
que o Profeta Yonah cita como a cidade de “uma jornada de três
dias”.
Nínive tornou-se uma das cidades mais ricas, elegantes e poderosas
no mundo. Sua tremenda beleza pode ser vista através das escavações.
Recentemente, escavaram em Nínive a maior biblioteca da antiguidade,
na qual foram encontradas dezenas de milhares de tábuas de argila
contendo toda a literatura babilônica e grande parte da literatura
mundial. A excelente ordem e cuidado da biblioteca são impressionantes.
2 – É assim que Ibn Ezra, Mahari Kra e Abarbanel entendem
Tarshis. Veja Rashi e Targum para traduções alternativas.
3 – Os comentaristas explicam que a Presença Divina não
se manifesta de maneira revelada fora da Terra Santa. A profecia também
não pode ser vivida fora de Erets Yisrael. Portanto Yonah pensou
que viajando para uma localidade distante de Israel ele estaria a) entrando
num domínio onde D'us não o perseguiria (Rashi) ou b) onde
D'us não poderia usá-lo como Seu profeta para viajar a Nínive
(Radak. Metzudos, Abarbanel, Malbim. Confira Ibn Ezra para outra interpretação
sobre esta “fuga”.
Por que Yonah recusou-se a servir como mensageiro de D'us a Nínive?
Um motivo é porque ele previu o holocausto que o Império
Assírio levaria sobre as Dez Tribos do Reino Norte de Israel e
ele ansiava pela sua destruição (Abarbanel e Metzudos).
Outro motivo é porque Yonah sentiu que os cidadãos não-judeus
de Nínive responderiam ao seu chamado e de fato transformariam
suas vidas do mal em bem. Isso, sentia Yonah, destacaria ainda mais a
condição degenerada de seus irmãos judeus que após
anos e anos ouvindo admoestações de muitos profetas, ainda
permaneciam moralmetne obstinados. Como amava lealmente o povo judeu,
Yonah preferiu fugir ao chamado de D'us (Pirke Dreb Eliezer cap. 11; Radak,
Metzudos e Malbim).
Deve-se notar que, apesar do fato de que Nínive foi salva por Yonah
anos depois, em 612 AEC, a cidade foi sitiada pelos babilônios e
medas, e completamente destruída, jamais sendo habitada novamente.
O poderoso Império Assírio, que tinha destruído o
Reino Norte de Israel, chegou ao fim.
4 – Para os céticos que acham difícil aceitar essa
história como verdadeira, vale mencionar que na Revisão
Tecnológica de Princeton em 1927, aparece uma história sobre
um grande peixe que durante uma tentativa para livrar-se da rede dos pescadores,
fez virar o barco e engoliu um dos homens.
O peixe terminou sendo apanhado e morto. Quando o abriram, três
dias depois do evento, descobriram o pescador encolhido como uma criança
no útero materno, porém o homem estava vivo e voltou à
vida normal. O único efeito físico foi que sua pele ficou
branca.
Teria um peixe físico realmente engolido Yonah? Maimônides
acredita que essa foi uma visão, não uma realidade física.
Porém a maioria dos comentaristas da Torá concorda que a
história ocorreu literalmente.
5 – Yonah 2:11
6 – Veja comentários sobre Yonah 4:1-3 sobre mais motivos
pelos quais Yonah ficou tão perturbado quando D'us aceitou seu
arrependimento.
7 – Veja Ramban sobre Bereshit 1:1; Asarah Maamoros Maamar Chekur
Din 3:22. Licutê Sichot vol. 23 págs. 37-39 e muitas referências
ali anotadas.
8 – Zohar Vayekhel pág. 199. Cf. Tikkunei Zohar Tikkun 21.
9 – Em todo o Cântico dos Cânticos a noiva Divina é
comparada à pomba. Veja Berachot 53b e Shir Hashirim Rabah 1:15
para muitas comparações entre a experiência espiritual
do Judaísmo e o caráter da pomba.
10 – Veja Shir Hashirim Rabah 1:15.
11 – Zohar ibid.
12 – Yuma 75a. Assim, quando os judeus lamentaram a Moshê:
“Lembramos do peixe que consumimos gratuitamente no Egito”
(Bamidbar 11:5), eles estavam lamentando, segundo o Talmud, as muitas
restrições íntimas que receberam no Sinai. O fato
de o peixe se multiplicar excessivamente foi o que inspirou Yaacov a abençoar
seus netos: “que eles proliferem abundamentemente como peixes ...”
(Bereshit 48:16. Veja Rashi ibid.)
13 – Tikkunei Zohar ibid.
14 – Or Hatorah pelo Tsemach Tsedec.
15 – Rambam Hilchot Teshuvah cap. 3.
16 – Bereshit 41:5.
17 – É interessante notar que, segundo uma opinião
no Midrash, o líder de Nínive não era outro senão
o faraó do Egito… Portanto até ele terminou por acordar
e salvou sua cidade da destruição.
18 – Esse ensaio é baseado nos escritos da Cabalá
e mestres chassídicos. Veja as fonte na nota nš 8; Ohr Hatorah
(pelo Tsemach Tsedec) Derushim LeRosh Hashanah págs. 1372-3; Sichat
Shabas Eikev 5747; Sefer Hasichot 5749 vol. 2 Parashá Shofetim;
Sefer Letorah Ulemoadim (por Rabino S. Y. Zevin) para Yom Kipur.
Meus agradecimentos a Shmuel Levin, escritor e editor em Pittsburgh, por
sua assistência editorial.
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