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Primeiro veio o tsunami no Pacífico
Sul, em seguida, menos de 24 horas depois, o terremoto em Sumatra, levando
milhares de vítimas. As cenas foram devastadoras, edifícios
destruídos e vidas humanas perdidas. Nossos pensamentos e preces
devem estar com o povo de Samoa, Tonga e Padang, no momento em que lutam
para superar a tragédia e as perdas.
Esta última série de desastres naturais nos lembra mais
uma vez como somos pequenos face às forças elementares da
natureza. Todas as nossas ilusões de segurança podem ser
abaladas a qualquer instante pela mudança das placas tectônicas
da terra, e as pessoas podem se ver vulneráveis e sem teto.
E de uma maneira estranha, esta é a mensagem da Festa de Sucot,
tabernáculos. Durante Sucot deixamos a segurança dos nossos
lares para viver em cabanas, em memória da jornada de quarenta
anos dos judeus nos dias de Moshê, através do Deserto do
Sinai a caminho da Terra Prometida.
Sucot é uma festa estranha. Não celebra milagres, como a
travessia do Mar Vermelho ou a revelação no Sinai. É
sobre desabrigo e vulnerabilidade, algo que os judeus têm conhecido
durante grande parte dos anos de sua história. Onde quer que estejam,
embora aparentemente seguros, eles sabem que amanhã tudo aquilo
pode desaparecer numa onda de perseguição ou por um decreto
de expulsão.
Quando nos sentamos na sucá, apenas com folhas como teto, expostos
ao vento, à chuva e ao frio, sentimos nos próprios ossos
o lado cortante da realidade e sabemos, nas palavras dos nossos místicos,
que a vida é uma ponte estreita que atravessa o abismo, balançando
ao vento.
Sucot é uma festa sobre a condição humana como ela
é, não como gostaríamos que fosse. Não oferece
respostas fáceis a perguntas difíceis, como por que os inocentes
sofrem? Por que acontecem coisas más a pessoas boas? Sucot trata
da fé como persistência, a força de não ser
derrotado pela tragédia, e a coragem de começar de novo
depois de perdermos tudo que tivemos.
Sucot trata da resistência do espírito humano. Não
é sobre D’us, o interventor estratégico que, como
o Super Homem, nos resgata do perigo. É sobre o sopro de D’us
dentro de nós, que ajuda os corações partidos a se
curar, as vidas destruídas a se recuperar. Que D’us esteja
com o povo de Sumatra, e que possamos também estar com eles, em
nossa ajuda e em nossas preces.
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