|
Quando os ventos da tempestade
sopram através dos centros financeiros do mundo, existe um pensamento
que podemos levar conosco para os tempos difíceis? Aqui está
o meu. É sobre a festa judaica que celebramos em Tishrei: Sucot,
tabernáculos, quando por oito dias deixamos o conforto de nossas
casas e nos sentamos em cabanas, barracas, tabernáculos, tendo
apenas folhas como telhado em memória da jornada de nossos ancestrais
pelo deserto.
Chamo isso de a festa da insegurança, porque estamos expostos ao
vento, chuva e ao frio.
Quando Elaine e eu éramos recém-casados, passamos pelo desafio
de construir nossa primeira sucá. Eu não sabia como fazê-la,
porque não possuíamos um carro. Eu não tinha como
transportar os materiais. Então um amigo disse: “Estou indo
ao depósito de madeira. Há lugar no meu carro, venha comigo.”
Portanto no dia seguite fui procurá-lo, e meu coração
teve um baque. Ali, sobre a mesa, havia projetos arquitetônicos
para a sucá que ele planejava construir. Era magnífica,
o Taj Mahal dos tabernáculos, enquanto eu mal conseguiria pegar
num martelo. Lá fomos nós para o depósito de madeiras,
e ele produziu uma longa lista daquilo que precisava, com medidas e tudo,
enquanto eu estava reduzido a pedir um pouco disso e um pouco daquilo,
como a receita de canja da minha mãe.
Levamos a madeira, passamos o dia construindo nossos barracões,
e então visitamos um ao outro para conferir o que tínhamos
feito. A dele era espetacular; a minha parecia uma caixa de papelão
torta e grande demais. Mesmo assim, era uma sucá, e dias depois
celebramos a festa.
No segundo dia, na sinagoga, meu amigo parecia desanimado. O que aconteceu,
perguntei a ele. “A tempestade da noite passada destruiu minha sucá,”
disse ele. “E a sua?”
“Oh,” disse eu, “a minha ainda está lá.”
“Impossível,” disse ele, “preciso ir até
lá para ver.”
E assim o fez. Ele não conseguia entender como a sucá ainda
estava de pé apesar dos ventos. Então ele descobriu por
quê. Para mantê-la estável, eu a tinha pregado nos
lados da casa com um único prego. Ele deu-me um sorriso e disse:
“Agora eu sei que se pode construir a estrutura mais elaborada,
porém se estiver solta, os ventos virão e a levarão
embora. Porém se em algum ponto você a prender em algo sólido,
preso ao chão, você passará pela tempestade.”
Então ele acrescentou essas palavras: “O nome do prego é
fé.”
|
|