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Reflexão
Há pouco celebramos Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico. E
há algo sobre isso que acho fascinante. O Ano Novo é, por
tradição, o aniversário da Criação
– e você teria pensado que escolheríamos como nossa
leitura da Torá a abertura de Bereshit, "No princípio
D’us criou", e de Yeshayáhu, "Vejam, Eu estou criando
um novo céu e terra."
Uma
cultura que se preocupa com as crianças pensa mais sobre
o futuro que o passado; gasta dinheiro com escolas, não
com armas; consagra famílias, não feudos. E jamais
ensina seus filhos a odiarem.
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Mas não
o fizemos. Em vez disso, lemos sobre a prece de Sarah por um filho, a
prece de Chana por um filho, e como aquelas preces foram respondidas.
Em vez de falar sobre a grandeza do universo, falamos sobre o nascimento
de uma criança. Por quê?
Porque acreditamos que uma única vida humana é como um universo.
Se você quer entender o milagre da criação, olhe para
o rosto de uma criança.
Acho
comovente que neste "dia dos dias" nós coloquemos crianças
no centro de nossas preces. As crianças são as vítimas
do século 21. São 30.000 que morrem todos os dias de doenças
evitáveis. Em 88 países há crianças privadas
de qualquer tipo de educação. No Oriente Médio, crianças
foram transformadas em atiradores de pedras e terroristas suicidas. Em
Beslan, foram vítimas no altar do ódio. Até na Grã-Bretanha,
transformamos as crianças em mini-consumidores, adultos prematuros.
Estamos testemunhando a morte da inocência, o desencanto da infância.
E quem protesta?
Às vezes, depois de uma tragédia, nossa preocupação
é despertada por um dia ou dois; depois nos esquecemos e seguimos
em frente com outras coisas. Fale sobre crianças com os políticos
e eles desviam o olhar. Quanto a mim, creio que nossa negligência
com as crianças é o escândalo da nossa era.
Atualmente, em todo o mundo, grupos étnicos rivais estão
repetindo batalhas com séculos de idade, mas uma cultura que se
preocupa com as crianças pensa mais sobre o futuro que sobre o
passado. Gasta dinheiro com escolas, não com armas; consagra famílias,
não feudos. E jamais ensina seus filhos a odiarem.
As pessoas às vezes perguntam, que bem faz uma religião?
Uma das respostas é que a religião ritualiza as coisas que
jamais chegam às manchetes; ela nos lembra dos valores que a cultura
contemporânea nos faz esquecer.
A maior pergunta que o futuro fará a nosso respeito: Nós
fizemos o mundo um lugar melhor para nossas crianças? E a resposta
é: ainda não.
As crianças não têm poder, riqueza, não têm
voz, não votam. Mas nós somos seus guardiães, e se
puséssemos as crianças em primeiro lugar, criaríamos
um mundo diferente e melhor.
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