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O
tribunal está em sessão. Os livros celestiais de julgamento
estão abertos e nossas ações do ano que passou estão
sendo examinadas pelo Juiz. Além de uma avaliação
do povo judeu como um todo, em Rosh Hashaná cada um de nós
passará individualmente perante D’us, como descrevem os rabis,
como ovelhas sendo levadas através de uma pequena abertura no portão
do curral, uma a uma, para ser contada (Talmud Tratado Rosh Hashaná
18a, Netane Tokef (prece). Não poderemos mais nos esconder confortavelmente
no meio da multidão, ocultando-nos do penetrante escrutínio
Divino. Hoje devemos encarar-nos de frente, perante nosso Criador.
Enquanto ocorre este processo nos Altos, estaremos também olhando
para dentro de nós, julgando a nós mesmos, determinando
se estamos viajando pelo caminho correto na vida, ou talvez vagando em
uma estrada secundária que não leva a lugar nenhum.
Estamos correspondendo a nosso vasto potencial em nosso relacionamento
com aqueles ao nosso redor; em nosso relacionamento com D’us; e
quanto àquilo que podemos conseguir com nossos talentos, forças
e virtudes? Estas são as questões que fazem parte de nossa
auto-avaliação. É como alguém que se contempla
em um espelho perfeitamente polido, tentando desesperadamente achar mesmo
a menor mancha facial ou imperfeição para que possa ser
corrigida com cuidado, examinaremos nosso íntimo para comparar
nossas conclusões desejadas com nossa presente realidade, para
que possamos fazer os melhoramentos necessários.
Ao contrário de muitas outras espécies, a raça humana
foi criada como um indivíduo – Adam. Com este singular ato
de criação, D’us nos ensinou uma enorme lição
– que tudo na criação, um mundo inteiro de vida e
beleza vibrantes, valia a pena mesmo que fosse para uma única pessoa.
Similarmente, a Mishná (Tratado Sanhedrin 4:5) declara que cada
um de nós é requisitado para enxergar a si mesmo como aquele
único indivíduo, para inculcar o princípio "por
meu mérito o mundo inteiro foi criado" no âmago de nosso
ser.
Imediatamente, apresenta-se uma questão: O que os rabis estão
tentando transmitir? Isso é para nos dar uma visão inflada,
convencida e egoísta sobre nós mesmos?
Tentam transmitir a mensagem de que cada pessoa vem a este mundo com um
único propósito, preencher uma necessidade que não
pode ser cumprida por ninguém mais. Cada um de nós é
imbuído por D’us com a perfeita combinação
de talentos e traços de personalidade com os quais cumpriremos
nosso papel. Espera-se de nós que façamos nada menos que
isso. Quando desenvolvemos nossos talentos e os usamos da maneira adequada,
justificamos toda a criação; quando não o fazemos,
é como se tivéssemos causado a destruição
de todo um mundo. A vida é uma oportunidade maravilhosa…
e uma tremenda responsabilidade.
Mesmo antes de nascermos, afirma o Midrash, D’us forma uma imagem
celestial representando aquilo que pode ser conseguido ao final de nossa
vida. Ao entrarmos neste mundo, embarcamos numa missão para atingir
aquele nível de realizações, para fazer nosso ser
terreno físico igual àquela elevada imagem celestial. Talvez
esta idéia seja mais bem transmitida pelos eventos que ocorreram
em Rosh Hashaná há mais de 3500 anos. Quando nosso Patriarca
Avraham levantou sua faca para abater seu amado filho Yitschac, cumprindo
a difícil ordem de D’us e passando assim pelo seu décimo
e último teste, um anjo de D’us chamou seu nome duas vezes:
"Avraham Avraham" (Bereshit 22:11).
Naquele momento, comenta o Midrash, Avraham finalmente havia conseguido,
pois após 137 anos de conflitos, as duas versões de Avraham
– sua verdadeira personalidade mundana e sua imagem celestial –
foram perfeitamente iguais. Por fim, Avraham atingira seu propósito
na terra.
Rosh Hashaná nos proporciona uma oportunidade especial de começar
novamente, ao focalizarmos nossos olhos no cumprimento de nossa missão
singular. Entretanto, a fim de continuar efetivamente nossa jornada, devemos
usar algum tempo para avaliar nossos talentos e fazer um julgamento sobre
nós mesmos. Não devemos nos esquecer que nosso potencial
é imensurável; não devemos nos menosprezar. Que este
Dia do Julgamento, trazendo um novo ano, sirva para nos elevar a um degrau
mais perto de nossa imagem Divina no céu.
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