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O
propósito do homem na Criação
Quando o homem foi criado ele ouviu: "Frutificai e multiplicai, e
enchei a terra e subjugai-a; e dominai o peixes do mar, a ave do céu
e todo ser animal que se mova sobre a terra." (Bereshit 1:28). Ele
foi instruído a continuar com a criação.
No estudo da antiga filosofia judaica e da Cabalá aprendemos as
seguintes Leis:
Existem quatro mundos ou ordens materiais distintos: mineral, vegetal,
animal e humano. Cada qual tem sentimentos, uma centelha Divina, ou alma.
Cada mundo cumprimenta aquele que lhe é superior e o que lhe é
inferior. Cada criação é única e especial,
criando um ciclo de vida simbiótico. O relacionamento é
mutuamente enriquecedor. À medida que um entra no outro, atinge
o pleno enriquecimento e propósito.
O mineral é a base e alicerce da Terra. É inanimado, se
comparado ao mundo vegetal. O mineral nutre a forma mais elevada de vida,
a vegetal. Faz isso ao fornecer a nutrição encontrada no
solo. À medida que o vegetal cresce, transfere a nutrição
para uma forma visível, mais elevada. Quando a vida vegetal é
consumida pela próxima ordem, a animal, o vegetal deixa seu estado
natural. A mudança que ocorre é o próprio ato de
transcendência. Não deve ser considerado um sacrifício.
É a passagem para a centelha ou alma de um mundo criado para um
mundo superior. Dizemos que o vegetal transcendeu suas limitações.
Isso é verdadeiro para os três mundos inferiores distintos
e para o gênero humano. Quando cada mundo alimenta o mundo que lhe
é superior, cumpre uma missão Divina. Serve seu propósito
e se torna elevado. Observando os quatro mundos, vemos os mundos inferiores
sendo elevados a um nível mais alto.
A vida é o processo dos mundos se tornando integrados aos mundos
mais elevados.
Na ordem dos quatro mundos, sabemos que o mineral é o maior em
quantidade, mas o menor em qualidade. O gênero humano é o
maior em qualidade, mas o de menor quantidade. Há uma mensagem
aqui. Como avaliamos a importância dos mundos? Pela quantidade ou
pela qualidade? Ambas são importantes e necessárias para
complementar a criação. Como isso acontece pode ser explicado
pelo conceito a seguir.
O maior presente para o mineral inanimado é colocar em prática
seu poder inerente de ser uma fonte para a vida no próximo nível,
o vegetal. Quando o vegetal cresce, recebendo nutrição do
mineral inferior, eleva a alma do inanimado. Em seguida vem o animal,
o mundo a seguir. Este se alimenta do mundo vegetal, e também é
elevado, subindo um nível. Cada vida recebe uma oportunidade maior
de crescer, sendo elevada, subindo a um propósito mais alto.
Quando o homem come o animal, algo de maravilhoso acontece. A carne do
animal se torna elevada à carne do humano. O simples animal agora
se torna parte do gênero humano. A humanidade agora tem mais energia
que nunca, para desempenhar melhor suas ações.
O que aconteceu foi a simbiose do inanimado para o vegetal e daí
para o animal, culminando com a ordem mais elevada, a espécie humana.
Todos os mundos estão agora unidos, possuindo uma imensa energia
coletiva.
Aonde o homem vai com toda essa energia? Ele se esforça para ser
bom e semelhante a D’us. Como declara a Torá, o homem foi
criado à imagem de D’us. Como o homem aspira a ser parecido
com D’us, ele completa o ciclo natural da vida. Faz isso elevando
os três mundos inferiores e colocando em prática o propósito
do homem neste mundo.
Porém existem ocasiões em que ele não é semelhante
a D’us. Por exemplo, se um homem mata um animal por prazer egoísta,
ou seja, sem necessidade ou propósito útil, é culpado
de um crime hediondo. Ele destrói o propósito de D’us
para a criação. Não somente ele matou um animal;
matou também o vegetal e além desse, o mineral. Ao tirar
a vida de um animal sem motivo, ele frustrou o plano Divino de ter um
mundo equilibrado. O homem não deve desperdiçar; não
tem o direito de destruir coisa alguma.
A Cabalá declara que se um homem destrói um animal sem um
motivo válido, é considerado inferior ao próprio
animal. O animal age como um animal. Este é seu destino. No entanto,
quando o homem destrói, provoca uma descida. É a antítese
do ciclo da vida. Ele destrói seu propósito!
Nos escritos do Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson, encontramos a seguinte
declaração:
Diz-se a respeito do tempo vindouro: "Uma pedra gritará e
um galho da árvore responderá." Profeta Habakuk 2:11.
Atualmente, as criações inertes são mudas; embora
sejam pisadas, permanecem em silêncio. Porém virá
um tempo em que a revelação do futuro se tornará
realidade, e o inerte começará a falar, relatar e exigir:
"Se o homem estava caminhando sem pensar ou falar palavras de Torá
ou espiritualidade, por que ele me pisou?" O Rebe está dizendo
que todas as coisas criadas e ordens têm sentimentos e propósito.
No decorrer do século os mestres da Cabalá têm ensinado
estes conceitos. Aqueles que praticam a autêntica Cabalá
repetem esta mensagem.
Você poderia perguntar também se o homem tem o direito de
fazer experimentos com animais? Não é algo cruel a se fazer?
A resposta é sim e não. Sim, você pode fazer experimentos
e não, não é cruel.
Quando o animal dá sua vida – alma – para ajudar a
humanidade, está sendo elevado. O animal está transcendendo
sua vida animal e entrando na vida humana. A centelha Divina que criou
o animal agora ajuda a humanidade.
Quando há uma necessidade de fazer experimentos com um animal,
isso deve ser feito da maneira menos indolor possível.
Com isso em mente, podemos ter uma fórmula para lidar com muitas
questões de vida ou morte. Por exemplo, como tratar a questão
da clonagem? Podemos aplicar o acima como uma nova maneira de considerar
a clonagem.
Quando as células de um animal são clonadas para produzir
um tipo especial de animal, então a clonagem está sendo
feita para elevar o animal a um nível mais alto. Imagine agora
que o animal pode se tornar dois animais, e ambos podem ser elevados a
homem. Como seria bom ajudar a humanidade a atingir um nível mais
elevado de produtividade tendo um animal melhor e de mais qualidade! Isso
pode até ser considerado parte do plano Divino, mudar a alma do
mineral para vegetal; do vegetal para animal, e o animal se reproduz e
se torna uma raça altamente especializada e suas almas são
combinadas. Tudo isso acontecendo para ajudar a raça humana. Os
quatro mundos atingindo seu potencial mais elevado.
Sim, podemos ter o direito de criar e talvez até clonar animais.
Isso não é diferente do passado, quando havia clonagem e
polinização cruzada de sementes encontradas no reino vegetal,
produzindo uma colheita melhor e mais sadia. O aumento das curas e espécies
melhores são parte do grande plano para o homem ser semelhante
a D’us. Deve-se tornar as coisas cada vez melhores.
O gado pode ser clonado para produzir leite com proteínas humanas
que possam tratar doenças genéticas. Os porcos podem ser
usados para transplantes humanos. Os animais podem ser clonados para o
estudo de distúrbios genéticos e curas.
Voltemos agora a uma pergunta atual. O que a religião pensa sobre
a clonagem humana? A clonagem altera o ciclo simbiótico da vida?
Acredito que a clonagem para seres humanos é inaceitável,
porque os humanos não podem se elevar acima de, ou transcender,
outros seres humanos. Se e quando tentarmos clonar seres humanos, logo
perceberemos que estamos tentando alterar o homem, o que é errado.
Não recebemos a liberdade de fazer esta mudança. Não
podemos mexer com o DNA de seres humanos para clonagem, pois não
nos foi confiada esta missão. Nossa tarefa é elevar os três
mundos inferiores à humanidade e, ao fazê-lo, cumprimos nosso
propósito Divino. Clonar seres humanos é destruir o plano
Divino para as relações simbióticas naturais dos
quatro mundos da vida. Tornar-se um ser humano mais elevado por meio da
clonagem humana não é possível. Não há
como combinar ou elevar a alma a uma forma mais elevada. Isso não
ocorre na ordem simbiótica. Os seres humanos já atingiram
seu nível mais elevado!
No entanto, devemos nos lembrar de um fato mais animador, de que não
há uma maneira de um ser humano elevar outros seres humanos a um
nível mais alto, exceto usando a bondade e o poder intelectual
do homem. A energia da humanidade é utilizada para elevar aqueles
sob ele, mas não aqueles paralelos a ele. Portanto, não
podemos transferir ou clonar a própria alma e a vida da humanidade.
No entanto, nos mundos inferiores, nós podemos. Elevamos uma alma
a outra, e o espírito se funde com a vida mais elevada. Nos seres
humanos terminaríamos destruindo o processo de criação.
Temos a responsabilidade de elevar os mundos inferiores a um nível
mais alto. Devemos mover as centelhas – almas – dos inferiores
para um ciclo de vida superior, mas não podemos mudar a centelha
humana – a alma – a um nível mais alto por intermédio
da clonagem. Não podemos duplicar a obra de D’us. A única
vez que a clonagem foi permitida foi quando D’us tomou a costela
de Adam e clonou uma mulher. "Façamos o homem" não
inclui clonar seres humanos.
Foi D’us quem disse: "Façamos o homem". Isso exclui
o homem de fazer uma obra que não cabe a ele. "E com a costela,
que o Eterno tinha tirado do homem, Ele fez uma mulher, e a levou para
o homem. E o homem disse: ‘Esta é agora carne de minha carne
e sangue do meu sangue; ela será chamada Mulher, porque foi tirada
do Homem."
Segundo o ensinamento místico da Cabalá, os únicos
motivos para a criação são dar ao homem uma chance
de ser parceiro no mundo de D’us. Como declara a Torá: O
Homem é criado à imagem de D’us. Para o homem ser
um bom parceiro, ele precisa de todos os recursos do mundo. Portanto,
D’us criou o mundo completo, e somente então criou o homem,
Seu assim-chamado parceiro, dando ao homem a oportunidade de escolher
o que lhe agradar.
A Cabalá explica também que tudo aquilo que o homem precisa,
a maior parte D’us provê de graça ou com pequeno esforço.
O homem precisa de água, ar e pão. Infelizmente, o homem
poluiu o ar e a água. Isso, obviamente, não pode continuar,
pois derrota o propósito da criação. O homem precisa
trabalhar para manter a criação num equilíbrio saudável.
Ao prover a humanidade com tribunais de justiça, prática
de respeito por todas as formas de vida seja inorgânica, animal
ou humana, então todos os elementos são preservados, e seu
propósito está sendo cumprido.
Ora, se o homem se sai bem no melhoramento do mundo, D’us fica contente
com a criação, e o homem é considerado um bom parceiro.
Infelizmente, o homem nem sempre tem correspondido às expectativas
de D’us. Há ocasiões em que o homem tem sido um mau
parceiro, abusando da confiança nele depositada. Quando o homem
não utiliza seus maravilhosos poderes Divinos, é seu fracasso
que afeta a criação do mundo inteiro.
D’us confere a conta e vê se está ocorrendo uma parceria
justa. D’us parece estar dizendo: Eu criei o mundo inteiro para
você, portanto você encontraria tudo que precisa para uma
parceria – ora, o que você fez? Usou sua parceria na maneira
correta?
Tendo isso em mente, é fácil estar no controle de si mesmo.
Pouco antes de agir, pergunte-se se está fazendo as coisas melhores
para o mundo, se está usando os poderes concedidos por D’us
para ascender. Você tem o poder de fazer as coisas acontecerem para
um bom propósito.
Portanto, a humanidade é constantemente solicitada a reavaliar
sua parceria. O homem tem o poder de governar o mundo. É quem governa
sobre a terra, o mar e o ar, e esta é sua tarefa. Deve agir em
concordância com as leis da transcendência e da harmonia.
Reconheça seu potencial e ponha em prática seu propósito
Divino.
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