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Muitos
de nós já fomos ao lava-carros pelo menos uma vez na vida.
Os mais divertidos, tanto para crianças como para os adultos, são
aqueles em que você permanece no carro, coloca-o em ponto morto
e desliza pela esteira rolante.
Primeiro, a água é borrifada sobre o veículo, e depois
o sabão é jogado, e pagando um pouco mais você pode
ter seu carro tratado com cera para que o brilho tenha maior duração.
Finalmente, grandes dispositivos de borracha envolvem o carro e o secam
sem sequer um arranhão. Trinta segundos depois que o ciclo de lavagem
começou, você já está saindo dali, o carro
reluzente como se valesse um milhão. Isto é, até
que você perceba que o interior de seu veículo ainda tem
janelas que estão manchadas pelo lado de dentro, que há
migalhas de biscoitos no chão, e até algumas moedas no assento.
A única forma de conseguir que o interior seja limpo é abrir
a porta, pedir ao funcionário para entrar no carro com um frasco
de limpa-vidros e um aspirador de pó para terminar o serviço.
Em Yom Kipur vamos todos à sinagoga, sentamo-nos, ficamos em ponto
morto, esperando
que a esteira rolante comece a mover-se. O rabino "ataca" de
um lado, o chazan (cantor) o "agarra" pelo outro, e então
começa o Col Nidrê, o sermão, as orações,
a leitura da Torá, o Yizcor, o toque do shofar, e, e antes que
você se dê conta, o dia está terminado.
Muitos de nós saímos da sinagoga em Yom Kipur nos sentindo
como se nosso valor fosse de um milhão, limpos, reluzentes e renovados.
Mas então vem a percepção. Por dentro, não
estamos mais limpos do que ao entrar. Todas aquelas falhas e os maus hábitos
que tínhamos prometido mudar ainda estão dentro de nós.
Não é o ato de sentar dentro da sinagoga, não importa
o quanto custem os assentos, que irá nos mudar.
Como podemos mudar? Ao contrário de nosso carro, infelizmente,
não é uma questão de permitir que alguém entre
com uns trapos e uma solução limpante. É muito mais
difícil, porque somos os únicos que podemos realmente assegurar
que nosso interior seja limpo. Isso não equivale a dizer que a
mudança precisa ser uma experiência solitária. Certamente
ela é mais fácil quando temos ajuda e apoio das pessoas
que nos cercam.
Como um lava-carros, no entanto, manter nosso interior limpo está
intrinsecamente
conectado a "abrir-se". Uma vez que estejamos abertos a mudanças,
já é meio caminho andado nesse sentido. Esta época
das Grandes Festas é quando contemplamos nosso comportamento passado,
nosso envolvimento com o Judaísmo, nossas metas e valores. É
a ocasião mais propícia para dar início às
mudanças necessárias em nossa vida. Abra-se. Tente algo
novo. Freqüente uma aula de estudo de Torá. Leia um livro
judaico. Limpe o seu interior. Então você parecerá
– e se sentirá – como alguém que vale um milhão!
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