Imagino se você alguma vez parou para pensar sobre qual é sua natureza? Se o fez, acharia que tem pavio curto, ou, ao contrário, é muito calmo? Muito avarento, ou extravagante? Muito alegre, ou muito infeliz? Muito "qualquer coisa"?

Eis aqui algumas das coisas que o grande Maimônides tinha a dizer sobre o tipo de caráter que a pessoa deveria lutar para possuir.

Há muitas opiniões que cada pessoa tem, e todas diferem umas das outras, e estão tão distantes como os Pólos. O mesmo ocorre com o caráter. Há pessoas que se tornam furiosas num segundo, e outras que nunca, ou muito raramente, perdem a calma. Há também a pessoa orgulhosa, e aquela que vai ao outro extremo e sofre de um "complexo de inferioridade"

Há a pessoa tão auto-indulgente, que consegue pensar apenas em si mesma, e sobre o que gostaria para si. Enquanto que no outro extremo, há alguém que pensa muito pouco em si próprio, a ponto de negligenciar suas necessidades.

Às vezes conhecemos alguém tão ávido por dinheiro, que nunca parece conseguir o suficiente para satisfazer seu desejo. E o oposto é o caso de alguém que tem tão pouca ambição, que nem se preocupa em conseguir dinheiro suficiente para cobrir suas despesas mais básicas.

Uma pessoa avara passará sem comida ou bebida, para poder economizar, e uma super generosa deixará o dinheiro escorregar entre seus dedos sem considerar se pode dá-lo ou não.

As pessoas vivem de acordo com idéias que lhes ensinaram desde a infância, ou que assimilaram enquanto cresciam, ou que talvez adotaram após estudo e cuidadosa consideração, resultando na convicção de que seu modo de vida é o correto e verdadeiro. Eis aqui onde a pessoa deve parar para refletir se está seguindo o caminho certo e verdadeiro!

Se nos reconhecemos em algum extremo, devemos, para ganhar o meio-termo de ouro, passar para o outro extremo. Pois, sendo naturalmente inclinados para onde costumamos ficar provavelmente, e em breve, nos acharemos no meio, onde devemos tentar permanecer.

Já assistiu a um equilibrista na corda-bamba? Sempre que parece que cairá de um lado, inclina-se subitamente para o outro, e assim recupera e consegue seu equilíbrio! Devemos então lidar com quaisquer de nossos hábitos que tendam a ser extremos, para adquirirmos o "meio-termo" feliz.

Aqueles que chegam tão perto quanto possível ao que consideram seu "ideal" são chamados "piedosos," mas isso não é fácil de conseguir. Eis porque recebemos o conselho de seguir o "caminho do meio" e podemos ainda obter o título de "sábio," palavras de nossos próprios sábios!

Somos ordenados a "andar em Seus caminhos" - significado explicado da seguinte forma:

"Como o Todo Poderoso é 'bondoso' devemos tentar ser bondosos.
"Como Ele é 'misericordioso', devemos ser misericordiosos.
"Como Ele é 'santo' devemos também nos fazer santos."
Da mesma forma, quando nosso Profeta descreve D'us como sendo "lento na ira", "abundante em bondade amorosa", "justo", "íntegro" e "perfeito", eles nos ensinaram a tentar sempre copiar d'Ele estas virtudes, para que possamos "andar em Seus caminhos.."

"Sim," dirá você, "é fácil falar! Mas não é fácil fazer estas coisas!"
Claro que não é fácil, mas a maneira mais fácil não é necessariamente a correta. Fazer o certo pode ser difícil a princípio, mas quando você já sabe o que é certo e tenta cumpri-lo uma vez, duas e três, perceberá que com cada repetição a dificuldade fica menor, até que você se torna tão acostumado a isso, que não é mais difícil e passa a ser um bom hábito.

D'us falou sobre nosso Patriarca Avraham: "Porque o conheci, e sei que ordenará a seus filhos e à sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Eterno, para fazer caridade e justiça."

Nós, como filhos de Avraham, devemos tentar "guardar o caminho do Eterno" e assim mereceremos o cumprimento de Sua bênção.