Conta o Talmud que três de nossos maiores líderes Yitschac (Isaac), filho de Avraham (Abraão), Yossef (José), filho de Yaacov (Jacó), e o profeta Shemuel (Samuel) nasceram todos na mesma data, no dia de Rosh Hashaná, embora em anos diferentes.

Yitschac, filho de Avraham (Abraão) Sara, é o protótipo do homem leal a D'us. De bom grado, vai com o pai ao monte Moriyá para oferecer sua vida à D'us. Segundo os sábios, Yitschac disse ao pai, prestes a executar a ordem de D'us: "Pai, sou jovem ainda e receio que meu corpo possa tremer à vista do cutelo, causando-te aflição; tenho medo que o sacrifício não seja perfeito."

Foi a Akedá, a amarração de Yitschac, sua disposição de morrer por sua fé e por D'us que sempre se destacou aos olhos de todos os judeus, em todas as épocas e terras; foi isto que inspirou nossos antepassados a sacrificar até suas vidas, se necessário, para provar seu amor por D'us.

A Akedá de Yitschac tem sido repetida quase dia-riamente, através dos séculos. Por ser fiel a seu D'us, o judeu foi desprezado e rejeitado pelos homens, amaldiçoado, espancado e atormentado por todos. Ser judeu não era fácil correspondia a ser considerado como um pária da humanidade. E, não obstante, o judeu carregava o fardo com prazer, pois sabia estar cumprindo o mandamento de D'us, Todo-Poderoso.

Hoje, não morremos por nossa fé, mas por ela vivemos, o que também requer sacrifícios. Estar ao lado da justiça, amar a verdade e a honra, e observar antigas tradições de nossa fé, exige, atualmente, heroísmo e força de caráter semelhantes aos demonstrados por Yitschac.

Infelizmente, porém, não temos muitos filhos do tipo de Yitschac; nossos filhos não estão dispostos a sofrer, nem mesmo a fazer concessões em nome de sua religião ou seu D'us. E, não obstante, para que o judaísmo exista, é preciso que estejamos dispostos a fazer sacrifícios por ele, a dar de nossos confortos e conveniências. Toda escolha implica em uma renúncia. Mas é preciso avaliar claramente a que se está renunciando e ao que, em troca, estamos escolhendo.

Yossef é o modelo do homem leal a Israel. Nem por um momento, este príncipe do Egito, esqueceu seu amor pelo povo e por Israel. Orgulhosamente proclama: "Fui tirado do país dos hebreus." E mesmo quando partilha do trono real e desfruta de todas as honrarias que o Egito lhe oferece, exorta seus irmãos, antes de morrer a levarem consigo seus ossos, quando D'us os redimir do Egito.

Através dos tempos, os judeus tomaram Yossef como seu ideal. Embora trabalhasse para o bem-estar do país que lhe deu abrigo, jamais deixou de suplicar a D'us para que o fizesse voltar a sua Terra. Esta esperança deu-lhe forças para resistir a todas as provações.

Nunca antes precisamos tanto de judeus do tipo de Yossef, imbuídos de amor por sua gente e pela Terra Santa. Hoje, quando todos os povos lutam por preservar sua vida nacional, também devemos cumprir a nossa parte e ensinar nossos filhos a fazer o mesmo, a fim de erradicar a miséria e o sofrimento de nossos irmãos. Necessitamos de judeus como Yossef, possuídos de amor ao próximo e da paixão de servir aos interesses de seu povo.

A lealdade para com D'us é exemplificada por Yitschac, a lealdade para com Israel, por Yossef e a lealdade para com a Torá, pelo terceiro herói, Shemuel. O profeta e juiz de Israel encontrou o povo de posse de seu próprio país, mas compreendeu que, para conservar esta posse, para vencer o inimigo que o cercava, para levar uma vida judaica, o povo teria de fazer da Arca Sagrada que contém a Lei de D'us sua propriedade comum. Assim viajou de um centro para outro, mostrando aos homens o caminho da retidão e da justiça. Fez da Torá o traço de união, o elo entre todas as tribos do país. Sabia que para ser leal a seu povo e a D'us era preciso, em primeiro lugar, ser leal à Torá.

Também deste tipo de judeu necessitamos hoje. Precisamos de homens e mulheres que amem a Torá, imbuídos da vontade de saber e estudar a história, os princípios de sua fé, as esperanças e aspirações para seu futuro. Precisamos de judeus inteligentes e compreensivos. A Torá deve voltar a ser o traço de união para todo o Israel, se quisermos despertar em nossa gente o amor a D'us, a Israel e a todo povo.

Esta é a grande necessidade dos judeus de hoje: homens e mulheres fiéis a sua fé até a morte, como Yitschac, cujos corações pulsem de amor pelo seu povo e pela Terra de Israel, como Yossef e cujo amor por D'us e por Israel baseie-se no conhecimento de seus tesouros espirituais, como Shemuel.

Como podemos aspirar a ter judeus e judias especiais como Yitschac, por exemplo, sem termos mães como Sara que, ao perceber que Yishmael ensinava o mal a Yitschac, exclamou: "Meu filho Yitschac não herdará tais sentimentos torpes!" Em sua casa as luzes ardiam de Shabat a Shabat; os ensinamentos de nossa religião não somente são observados mas praticados.

Como ter filhos como Yossef, leais e sinceros? Então é preciso que tenhamos mães como Rachel, em cuja alma moravam o amor por sua gente e a aflição por sua triste sina. Este amor era tão grande que, contam os sábios, ela desistiu do privilégio de ser sepultada na Gruta de Machpelá, ao lado do marido Yaacov, preferindo ser enterrada na estrada para Efrat, pois previu que os filhos de Israel, no caminho do cativeiro, precisariam de sua intercessão junto a D'us. Estas foram mães que ensinaram seus filhos a amar e a viver pelo povo de Israel.

E quanto a Shemuel, como ter filhos que compreendem seus deveres no presente para que possam ter esperanças no futuro? É preciso ter mães como Chana onde a Bíblia narra: "Ela o levou à casa de D'us em Shiló, quando o menino era ainda muito pequeno". Devemos ter mães que levam seus filhos, ainda na infância, à escola judaica para aprenderem Torá.

Ao tomarmos a decisão de seguir os passos das nobres matriarcas de Israel, D'us certamente nos abençoará com filhos e filhas com características tão especiais e singulares como Yitschac, Yossef e Shemuel, para honra e glória do povo de Israel.