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Pela Graça
de D’us
7 de Adar, 5713 (1953)
Brooklyn, NY
… A história de Purim, como relatada no Livro de Esther,
nos dá uma análise clara do “problema judaico”.
Estando disperso em 127 províncias e países, com sua terra
ainda em ruínas, os judeus sem dúvida diferiam uns dos outros
em costumes, vestes e idiomas segundo o local de sua dispersão,
assim como os judeus de diferentes locais diferem atualmente. Porém,
embora houvesse judeus que ocultassem seu Judaísmo, Haman, o inimigo
dos judeus, reconhecia as qualidades essenciais e as características
dos judeus que fazia deles todos, com ou sem seu consentimento, “um
só povo”, ou seja, “suas leis são diferentes
das de qualquer outro povo” (Livro de Esther 3:8).
Por isso, Haman, em seu perverso desejo de aniquilar os judeus, procurou
“destruir todos os judeus, jovens e velhos, crianças e mulheres.”
Embora também naquela época houvesse judeus que aderissem
estritamente à Torá e mitsvot e judeus cujos laços
religiosos eram fracos, ou que buscavam a assimilação, nenhum
podia escapar da classificação de pertencer àquele
“povo”, e todos estavam incluídos no cruel decreto
de Haman.
Em todas as épocas houve Hamans, porém sobrevivemos a eles,
graças a D’us. Onde está o segredo da nossa sobrevivência?
A resposta ficará evidente pela ilustração a seguir.
Quando um cientista procura determinar as leis que governam um certo fenômeno,
ou descobrir as propriedades essenciais de um determinado elemento da
natureza, deve passar por uma série de experiências sob as
mais variadas condições a fim de descobrir aquelas propriedades
ou leis que se aplicam sob todas as condições. Nenhuma lei
realmente científica pode ser deduzida com um número mínimo
de experimentos, ou a partir de experimentos feitos sobre condições
similares ou apenas ligeiramente variadas, pois os resultados sobre o
que é essencial e o que é secundário ou sem importância
não seriam então conclusivos.
O mesmo princípio deveria ser aplicado ao nosso povo. É
um dos mais antigos do mundo, e sua história nacional começa
a partir da Revelação do Monte Sinai, há 3300 anos.
No decorrer desses séculos nosso povo viveu sob as mais variadas
condições, nas épocas mais variadas e nos locais
mais diversos em todo o mundo. Se desejarmos descobrir os elementos essenciais
que são a própria base e causa da existência de nosso
povo e de sua força singular, devemos concluir que não são
suas características físicas ou mentais peculiares, nem
seu idioma, suas maneiras e costumes (num sentido mais amplo), nem sequer
sua pureza racial (pois houve tempos na história antiga de nosso
povo, assim como durante a Idade Media e até em épocas recentes,
em que grupos étnicos inteiros e tribos se tornaram prosélitos
e parte de nosso povo).
O elemento vital que une nosso “povo disperso” e faz dele
“um povo” através da dispersão e independentemente
do tempo, são Torá e mitsvot, o estilo de vida judaico que
permaneceu basicamente o mesmo no decorrer do tempo e em todos os lugares.
A conclusão é clara e além da dúvida:: a Torá
e as mitsvot são o elo que torna nosso povo indestrutível
no cenário mundial em face aos massacres e pogroms visando à
nossa destruição física, e em face dos ataques ideológicos
de culturas estrangeiras visando à nossa destruição
espiritual.
Purim nos ensina uma lição antiga como o tempo, que tem
sido verificada até mesmo recentemente, para nossa tristeza, que
nenhuma assimilação, nem mesmo aquela que se estende por
várias gerações, proporciona uma fuga aos Hamans
e Hitlers; nem o judeu pode cortar seus laços com seu povo tentando
este tipo de fuga.
Pelo contrário: nossa salvação e nossa existência
dependem exatamente do fato de que “as leis deles são diferentes
daquelas de qualquer outro povo.”
Purim nos lembra que a força de nosso povo como um todo, e de cada
indivíduo judeu, está numa aderência mais forte ao
nosso antigo legado espiritual que contém o segredo da vida harmoniosa,
de uma vida sadia e feliz. Todas as outras coisas em nossa vida temporal
e espiritual devem ser livres de quaisquer contradições
quanto à base e essência de nossa existência, e devem
ser sintonizadas para criar a maior harmonia, e acrescentar à nossa
força física e espiritual, pois ambas caminham par e passo
na vida judaica.
Com os melhores votos para um alegre Puriim, e que possamos viver para
ver um mundo livre de Hamans e todos os tipos de amalequitas, os inimigos
dos judeus, de seu corpo, alma e fé,
Cordialmente,
[Assinado: Menachem Schneerson]
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