A cidade de Shushan  
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  Da Revista Chabad News  
 

Uma vez ao ano Shushan se torna um nome popular entre o povo judeu que tornou-se cenário do final feliz de um triste capítulo da História Judaica. Celebramos este final feliz na Festa de Purim e Shushan-Purim, a 14 e 15 de Adar. A história inteira de Purim, que está registrada na Meguilá, ocorreu em Shushan Habirá. Portanto, vale a pena fazer uma curta visita ao local que serviu de cenário para o milagre de Purim.

A Pérsia antiga desempenhou um papel importante na história judaica. Nossa história reserva um lugar de honra para o grande Rei Ciro, que conquistou a poderosa Babilônia e permitiu aos judeus voltarem para o seu país de origem, com a famosa proclamação que ele emitiu no primeiro ano de seu reinado: "Assim declarou Ciro, Rei da Pérsia: Todos os reinos da terra o Eterno, D’us do Céu, deu a mim; e Ele encarregou-me de construir para Ele uma casa em Jerusalém, que é em Judá. Quem dentre vós é de Seu povo? O Eterno seu D’us esteja com ele, e deixe-o ir!" É significativo que estas palavras concluam nossas Sagradas Escrituras!

Há 23 séculos, quando a história de Purim aconteceu, Shushan era a capital de um império que consistia de 127 províncias, que iam da Índia até a África. Ali ficava o palácio real do rei persa. Era uma cidade grande e muito bonita. Porém quase nada restou de sua antiga glória. Na verdade, não é fácil encontrar a antiga capital de um dos maiores impérios antigos do mundo. Como a maioria das gloriosas cidades da antiga Pérsia, Shushan foi completamente destruída pelos árabes há cerca de 1300 anos, quando eles invadiram e capturaram todo o planalto iraniano. De todas as cidades, Shushan foi a que ofereceu maior resistência, e como resultado foi completamente destruída e arrasada até o chão. Há algum tempo as ruínas de Shushan foram escavadas, e nos deram uma idéia sobre como deve ter sido a cidade.

Na Meguilá, pouco se fala sobre Shushan; sabemos que havia "Shushan Habirá", a capital, onde se localizavam o palácio real e a cidadela, e "Ha’ir Shushan", a cidade em geral. Shushan estava situada na margem direita do Rio Ulai, e se estendia por nove ou dez quilômetros na direção do Rio Choaspe. Segundo alguns manuscritos antigos, foi uma das cidades mais antigas do mundo.
Quando tinha o nome de Susa, foi a capital do poderoso reino de Elam. Um manuscrito babilônico chega a relatar que havia mais de uma rainha em Shushan. Declara que Susa foi fundada pela esposa judia do Rei Jezdegered I. Pelo manuscrito podemos saber que ali havia uma colônia judaica muitos anos antes de ocorrer a história de Purim.

Quando a jovem nação guerreira da Assíria começou a engolir um país após o outro, o reino de Elam foi uma das vítimas. O Rei Assurbanipal conquistou a cidade de Shushan e fez dela seu retiro de inverno. Construiu palácios e arenas públicas, plantou jardins e parques, e transformou-a num centro de beleza no oriente. Porém, como sabemos através de nossa própria história, o domínio assírio não durou muito. Seu glorioso império caiu presa de uma jovem nação ainda mais agressiva: a Babilônia.

O império babilônico por fim cedeu lugar aos seus sucessores, os persas.

O conquistador, o jovem Rei Ciro, percebeu as vantagens de Shushan tanto pelo clima excelente quanto pela posição geográfica estratégica, e a escolheu como residência real. Durante o reinado de Dario III, Shushan desfrutou seu período de maior glória. Os reis persas gostavam de viver em meio ao luxo e beleza. Dario, que amava o esplendor e a pompa ainda mais que seus predecessores, embelezou a cidade, que se tornou famosa por seus palácios, pontes, fortalezas e parques. O próprio palácio real em Shushan é um perfeito exemplo da enorme quantidade de material precioso que ele empregava em seus edifícios. O palácio, que foi parcialmente escavado, e cenário da maior parte da história de Purim, foi erigido sobre um grande planalto, chamado Tell-I-Suleiman, a Colina de Shelomô, pela população árabe. Cobria uma área de aproximadamente 3 km, divididos em três plataformas. Cada plataforma tinha um edifício separado. Pontes especiais conectavam as três estruturas. A principal era uma fortaleza semicircular na qual o rei podia se defender contra qualquer rebelião ou possível invasão.

Uma ravina separava a plataforma da fortaleza das estruturas leste e norte. Quando necessário, as conexões dessas duas partes podiam facilmente ser cortadas, levantando as pontes. Do outro lado da ravina havia um grande Salão de Audiência. Ali o rei persa recebia seu povo e os embaixadores e monarcas de suas províncias. Provavelmente foi ali que a Rainha Ester ousou enfrentar o Rei Artaxerxes II, se for ele que a Meguilá chama de Achashverosh. Sabe-se que os potentados persas exigiam as maiores humilhações perante seus tronos.

Até o mais nobre dos príncipes tinha de realizar a "Kinosura" diante do rei, o que significa que precisava se deitar no chão até que o rei lhe desse permissão para se levantar. Portanto, podemos imaginar que revolução na etiqueta do palácio a Rainha Ester deve ter criado. Ela cruzou a ravina da plataforma leste, onde vivia no palácio especial da rainha, e entrou no Salão de Audiência sem permissão! Como nos conta a Meguilá, qualquer visitante sem convite era imediatamente condenado à morte, a menos que o rei esticasse o cetro de ouro para demonstrar benevolência. Felizmente, Ester foi poupada, e viveu para salvar seu povo.

O Império Persa foi esmagado por Alexandre Magno, que liderou as legiões de macedônios do norte da Grécia até as terras asiáticas. Ele fez cessar o papel importante que Shushan desempenhou como base do governo persa, desde que o Rei Ciro a tinha capturado dos babilônios. Em seu lugar Alexandre devolveu à Babilônia sua antiga glória, enquanto Shushan voltou a ser uma cidade sem importância.

Shushan teve mais um breve período de prosperidade quando os persas se revoltaram contra o domínio grego. Porém eles foram logo derrotados, e a rebelião foi esmagada. Shushan, o centro da revolta, foi completamente destruída.

Mais tarde, depois da queda do império macedônio, Shushan foi reconstruída pelo Rei Sapor III, e recebeu seu nome. No entanto, seu fim chegou quando os árabes irromperam em sua fortaleza, capturaram a cidade e queimaram todos os edifícios da outrora bela e rica capital de Elam, Assíria, Babilônia e Pérsia. Desde aquele tempo – isso foi no século sétimo, Shushan deixou de ter qualquer importância.

Há um túmulo situado perto das ruínas de Shushan que, acredita-se, é de Daniel, e atrai muitos visitantes e peregrinos. Embora Shushan esteja morta, "ressuscita" a cada ano em sua antiga pompa e glória, quando os judeus se reúnem para celebrar o milagre de Purim e Shushan Purim.

       
   
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