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Com o poder de criação
ex-nihilo vindo de D’us, os antigos meios-shekels se tornaram medalhas
de ouro, imbuídos com o entusiasmo do povo judeu. Nossa observância
de tsedacá e mitsvot hoje em dia pode ter o mesmo fogo e fervor,
e contribuir para a construção de uma morada para a Shechiná,
Presença Divina.
"Uma Moeda de Fogo" é adaptada e traduzida de um endereço
fornecido pelo Rebe em Shabat Shekalim – Parashat Mishpatim, 5745.
No Shabat Shekalim a porção da Torá lida para o maftir
é Shemot 30:11-16, que fala dos meios-shekels doados para o Mishcan.
Esta seção é chamada Parashat Shekalim.
D’us mostra uma moeda de fogo a Moshê
Na Parashat Shekalim, D’us dá ordens a Moshê sobre
a mitsvá do meio-shekel. Ao descrever a mitsvá, a Torá
diz: "Esta será dada…" (Shemot 30:13). O Midrash
discute o diálogo entre D’us e Moshê e nos diz que
Moshê se perguntou o que alguém poderia dar como resgate
pela sua alma. Para responder a Moshê, o Midrash declara:
"O Eterno, bendito seja, pegou o que se parecia com uma moeda de
fogo de sob o trono da Glória e mostrou a Moshê, dizendo:
"’Esta deverás dar’, ou seja, eles deverão
dar uma moeda que se pareça com esta. (Midrash Rabá, Bamidbar
12:3)"
O comentário Tosafot sobre o Tratado Chulim, 42a, parafraseia a
dúvida de Moshê: "Moshê ponderou sobre este problema:
"O que uma pessoa poderia dar que seja um resgate para sua alma [vida]?"
Por que Moshê ficou perplexo?
Quando o indivíduo comum escuta a dúvida de Moshê
fica perplexo. Por que era tão estranho a Moshê que alguém
pudesse alcançar a salvação para sua alma com o meio-shekel?
Afinal, até uma simples pessoa da comunidade, desprovida de uma
capacidade excepcional de intelecto, e certamente sem comparação
a Moshê, com freqüência explica em termos muito simples,
que quando um judeu cumpre uma mitsvá ele merece, e recebe, uma
grande recompensa. A Torá afirma claramente: "Se seguires
Meus estatutos … Eu te concederei chuva no tempo certo…"
(Vayicrá 43:3), o que inclui também as bênçãos
adicionais relacionadas naquele capítulo. Certamente Moshê,
que tinha atingido o auge do intelecto humano, podia entender que a recompensa
para a mitsvá do meio-shekel poderia ser "resgate para sua
alma!"
Esta questão está baseada em raciocínio bastante
sólido e, com razão, é perturbador aos olhos do judeu
simples. Talvez se alguém com mente mais elevada pudesse pensar
que devemos cumprir mitsvot altruisticamente – não pela recompensa
– bom para ele; mas o entendimento básico e fundamental da
Torá é que quando alguém cumpre uma mitsvá,
existe uma recompensa devida a ele por D’us. Portanto, qual é
o mistério? A recompensa para o meio-shekel é o resgate
da alma.
Além disso, quando estamos falando da mitsvá da tsedacá,
sobre a qual o Midrash declara: "Você deu vida ao pobre",
D’us sempre paga na mesma moeda, não deveria Ele agora dar
sua vida como recompensa!?
A reflexão de Moshê esbarra numa séria questão.
Ora, e quanto à "moeda de fogo"? Por um lado, se todas
as aparições espirituais são em forma de fogo, como
vemos em muitos casos, então por que enfatizar "de fogo".
Se por outro lado Moshê poderia ter visto uma moeda de prata, como
ele viu modelos reais do Mishcan, então por que a moeda mostrada
a Moshê era de fogo?
O entusiasmo traz o resgate
As duas perguntas sobre a moeda de fogo podem ser respondidas em série.
D’us mostrou a Moshê a moeda de fogo e lhe disse que quando
um judeu cumpre uma mitsvá com uma moeda física e acrescenta
o elemento do fogo, i.e., seu entusiasmo, calor e energia, isso forma
um "fogo" espiritual e então isso pode ser um resgate,
até para sua alma.
Esta explicação, no entanto, combina nossa incompreensão
sobre a dúvida original de Moshê. Todo expositor da Torá
conhece esta "derush" (exegese homilética), que quando
alguém acrescenta calor e entusiasmo ao cumprimento de qualquer
mitsvá, conecta um "fogo" espiritual à mitsvá.
Moshê certamente sabia disso; por que sua dúvida, e por que
ele fez esta pergunta somente a respeito do meio-shekel? Outro ponto difícil
surge agora. Se esta foi a resposta de D’us a Moshê, por que
foi necessário para D’us tirar realmente uma moeda de fogo
de sob o Trono da Glória? Ele poderia ter simplesmente indicado
a Moshê que Ele desejava fervor, engajamento e calor.
Claramente, se D’us estava inclinado a responder a Moshê aqui
mostrando-lhe uma moeda de fogo e dizendo: "É isto que eles
devem dar", deve haver alguma conexão especial e lição
no meio-shekel que não se aplica no caso das outras mitsvot.
Recompensa para as mitsvot
Em geral, a recompensa pelas mitsvot, e especificamente a recompensa do
resgate da alma, pode tomar duas formas: a) O tema central da mitsvá
é tal que engendra uma recompensa na mesma moeda, quid pro quo.
b) Não há uma conexão aparente entre a mitsvá
e a recompensa, exceto que esta era a vontade de D’us.
Estas duas formas de recompensa correspondem aos temas diferentes de mitsvot.
Há aquelas mitsvot que aparentemente não fazem sentido,
são estatutos e decretos da vontade de D’us, ao passo que
outras são Mishpatim – leis lógicas.
Aplicando-se estas regras à mitsvá do meio-shekel, seria
razoável afirmar que a recompensa para esta mitsvá se encaixa
na categoria de recompensas que são concedidas não em relação
ao ato da mitsvá, mas sim como decreto de D’us, que prescreveu
uma recompensa incomparavelmente maior para uma mitsvá aparentemente
pequena – um decreto da vontade do Eterno! Afinal, o meio-shekel
era apenas uma moeda e embora estivesse imbuída com calor, entusiasmo
e fervor, que criaram um "fogo na alma" espiritual, este efeito
subordinado não era um resultado direto da moeda. Assim, não
é realmente relativo à recompensa de resgate da alma.
Tendo isso em vista, podemos entender as reflexões de Moshê:
A recompensa do resgate da alma para o meio-shekel estava na forma de
um decreto Divino, ou presente, completamente além do relativismo
lógico e concedido somente porque o Eterno, bendito seja, assim
desejava e decretou?
Se esta interpretação é correta, isso nos deixa intelectualmente
humilhados; não sendo capazes de descobrir o relacionamento, devemos
aceitá-lo pela fé. Ou, a recompensa foi quid pro quo pela
mitsvá do meio-shekel? Este foi o mistério de Moshê.
D’us respondeu mostrando a Moshê uma moeda de fogo e declarando:
"Isso é o que eles devem dar." Quando um judeu doa o
meio-shekel a moeda em si se torna uma medalha flamejante – não
apenas pelo fervor que a acompanha – mas se torna realmente
uma moeda de fogo. Agora tente entender pela razão
o relacionamento da mitsvá com sua recompensa.
Esta abordagem proporciona mais discussão e elaboração.
Dinheiro versus resgate da alma
A pergunta de Moshê se revolvia ao redor do conceito que logicamente,
não há relação entre o meio-shekel e o resgate
da alma, porque o dinheiro é o mais baixo dos objetos materiais,
e o resgate da alma é o conceito espiritual mais elevado, diametralmente
oposto! Como pode um resultar do outro?
Sim, na época da Outorga da Torá, foi feita uma conexão
entre o físico e o espiritual, para que um influenciasse o outro.
[Segundo o Midrash,"– quando D’us criou o mundo Ele decretou:
‘Os céus são os céus do Eterno; mas a terra
Ele deu aos filhos do homem’! Porém, quando Ele estava para
outorgar a Torá, Ele rescindiu o primeiro decreto e disse: ‘Aqueles
que estão abaixo ascenderão para aqueles no alto, ao passo
que aqueles que estão no alto descerão àqueles que
estão abaixo e Eu começarei como está escrito: ‘E
o Eterno desceu ao Monte Sinai." (Shemot Rabá 12:3)
Porém ainda parece ilógico que objetos como alma e dinheiro
tenham qualquer relação.
Por que eles são opostos?
Prata e ouro representam a base de toda a existência física
e materialista. Como vimos, a abundância de ouro e prata trouxe
o bezerro de ouro. A ganância pelo dinheiro é o mais baixo
e mais vil das fraquezas humanas, e por isto o Talmud declara: "E
toda a substância que estava aos pés deles (Devarim 11:6)…
Isso refere-se à riqueza do homem…" tão baixa
quanto seus pés!
Esta inferioridade simbólica também é expressa na
forma e lugar, onde e como, prata e ouro existem na natureza. Não
somente são minerais e inanimados, como também são
extraídos não em montanhas, ou planícies, mas nas
entranhas da terra – certamente o reino de toda existência
inanimada, mundana, materialista.
O Dinheiro cega as pessoas
Além disso, o dinheiro tem o poder de cegar completamente uma pessoa
e confundi-la – a tal ponto que algumas pessoas arriscam a vida
por causa da riqueza – por isso o Talmud declara que as palavras
"com todo teu poder" significa tua "riqueza". Há
pessoas que dariam a vida para salvar sua riqueza – [por mais absurdo
que pareça, é verdade!].
Ora, por força da razão, você pode realmente dizer
que a inferior prata física, aquele meio-shekel, pode na verdade
efetuar um resgate para a alma elevada? Resgate para a alma é o
mais elevado dos conceitos. Até a pessoa média sabe que
a alma está no nível mais elevado, e especialmente a alma
judaica, que é" … verdadeiramente uma parte do D’us
acima" (Tanya, cap. 2). Isso é o que preocupava Moshê!
O mistério de Moshê foi solucionado quando D’us lhe
mostrou a moeda de fogo e disse: "Isso eles deverão dar…
eles darão uma moeda que se assemelhe a esta." Com efeito,
ao mostrar a Moshê a moeda de fogo, D’us nos concedia a capacidade
de dar realmente uma moeda de fogo. Não apenas simbolicamente,
mas de verdade; semelhante à moeda celestial. Isso significa que
não apenas eles podiam juntar o "fogo" do fervor e calor
a esta mitsvá, mas que o meio-shekel em si seria também
de fogo verdadeiro. Não somente em sua fonte espiritual, mas também
em sua manifestação física.
Devemos parar por um instante para perceber e avaliar a inovação
singular forjada por D’us na mitsvá do meio-shekel, relativa
a todos os outros mandamentos. Quando "… o Eterno, bendito
seja, tomou aquela que parecia uma moeda de fogo sob o Trono da Glória…
e disse a ele: ‘Isso eles deverão dar’", Ele estava
criando o potencial para um novo fenômeno, que dois opostos deveriam
se fundir.
Quatro elementos – quatro mundos
A moeda é feita de metal básico, um mineral extraído
nas profundezas da terra e o mais baixo dos quatro elementos. De modo
contrário, o fogo é o mais elevado dos elementos. O tema
espiritual dos quatro elementos corresponde aos quatro mundos: fogo, ar,
água, terra, a Atzilut (Emanação), Beriá (Criação),
Yetzirá (Formação) e Asiyá (Ação).
Neste sistema, a moeda (elemento da terra) corresponderia ao mundo da
"ação" – o inferior, e o elementos do fogo
corresponderia ao mundo da "emanação", o mais
elevado. Um é a antítese do outro.
Em todo aspecto, fogo e moeda são opostos, diametralmente opostos.
Porém D’us causou uma fusão, simbiose, combinação
e união, para que o meio-shekel, doado ao Mishcan, se tornasse
uma moeda de fogo! Para elaborar mais este ponto, tal simbiose é
ilógica e contra o sistema e ordem do desenvolvimento espiritual
dos mundos que seguem o axioma de que o inferior evolui a partir do mais
elevado e não combina com o elevado!
Na Torá o exotérico vem do esotérico
Até mesmo no estudo de Torá, quando apresentamos o significado
esotérico ao significado simples, ou quando o significado simples
evolui a partir do esotérico, a combinação do aspecto
mais elevado e inferior da interpretação da Torá
não cria uma verdadeira fusão, ao contrário, o significado
exotérico permanece num nível inferior ao esotérico.
Esta fusão absoluta de moeda e fogo é conseguida somente
pela super-imposição dos poderes sobrenaturais de D’us
– não um anjo, nem mesmo a Torá, podem realizá-la.
União de opostos
Como D’us é onipotente e "ilimitado por quaisquer limitações",
Ele pode unir os dois opostos do físico e do espiritual –
para fazer a moeda de prata, uma moeda de fogo.
Ora, em todas as outras mitsvot, a ação do ato de bondade
atrai a vida espiritual – o "fogo", que eleva o ato físico,
mas o objeto físico mundano permanece num nível mais baixo
que o espiritual. No caso do meio-shekel – a moeda se torna fogo.
Isso pede uma maior elucidação. Já estabelecemos
que certamente está dentro do poder de D’us unificar dois
opostos. Com certeza, Moshê também estava ciente deste poder
e ele deveria ter presumido que a recompensa do resgate da alma estaria
baseada na fusão do relacionamento, super-imposto por D’us,
sobre a moeda e a alma, que nos leva de volta à questão:
Por que Moshê se pergunta: "O que um homem pode dar em resgate
de sua alma?"
São propostas as duas explicações a seguir:
Lógica do estatuto
1 – Moshê sabia que D’us podia combinar o físico
e o espiritual. Sua questão era: sob o ponto de vantagem da sabedoria
e do intelecto – o nível do próprio Moshê –
a fusão é problemática. Não pode ser mencionada
como Mishpat – neste caso Moshê mostrava-se intelectualmente
perturbado e expressava suas reservas.
2 – Como o meio-shekel não é chamado um "estatuto",
[como vemos, a Torá continua dizendo: "eles não serão
atingidos por uma peste"]. Neste caso, deve haver alguma explicação
lógica para esta dúvida. Aparentemente a mitsvá do
meio-shekel deveria de alguma forma se encaixar no sistema de desenvolvimento
de Torá – não como um "estatuto". Daí
esta pergunta a D’us.
Agora podemos entender melhor os detalhes da explicação
dada pelo Midrash. Voltemos por um momento para olhar novamente as palavras
do Midrash:
O Eterno, bendito seja, pegou o que parecia uma moeda de fogo de sob o
Trono da Glória e mostrou-a a Moshê, dizendo a ele: "Isso
eles darão" – ou seja, eles deverão dar um moeda
que se pareça com esta.
O momento explosivo da fusão!
Quando D’us mostrou a Moshê a moeda de fogo, aquele foi o
momento explosivo da fusão! Antes, era apenas uma teoria, poderia
haver uma moeda e ela poderia se unir com o fogo – uma boa idéia.
Então quando D’us tirou a moeda de fogo de sob o Trono da
Glória, aquilo transmitiu o poder de forma verdadeira, e então
as moedas de meio-shekel, dadas pelo povo judeu, se tornaram "moedas
de fogo".
Uma análise cuidadosa das palavras do Midrash irão enfatizar
diversos pontos que se destacam:
1 – O termo "Eterno, bendito seja" (Criador) é
especificamente usado!
2 – D’us mostrou-a a Moshê e Moshê
teve de vê-la!
3 – D’us disse: "Isso será rachado."
A explicação dada apenas nos ajudará a entender algumas
destas ênfases.
Criação ex-nihilo
O Midrash tinha estas idéias em mente.
1 – Somente o próprio D’us, não um anjo, nem
a Torá poderia efetuar a fusão da moeda com o fogo. Sendo
opostos, a nova substância a emergir é como a criação
ex-nihilo. Portanto, somente o próprio Criador poderia fazer isso
acontecer. Como vemos no Tanya, quarta parte, capítulo 20: "…
a natureza e essência do bendito Emanador, cujo Ser é de
Sua essência, e Ele não é, os céus não
permitam, provocado por qualquer outra causa precedente a Ele mesmo. Somente
Ele, portanto, tem em Seu poder e capacidade criar algo a partir do nada
absoluto…"
2 – Por que foi necessário para D’us falar com Moshê?
Tendo explicado que esta fusão de moeda e fogo é no âmbito
da criação ex-nihilo, é certo que assim como a criação
do mundo foi causada pela palavra de D’us, assim também isso
deveria ser feito pela palavra de D’us.
Quando D’us disse: "Isso eles devem dar", Ele imbuiu a
moeda, que os judeus doavam como meio-shekel, com a qualidade do fogo
na forma da criação a partir do nada, assim como no tempo
da criação do mundo.
3 – D’us teve de mostrar a moeda a Moshê para indicar
que o poder de trazer o fogo espiritual até a moeda física
seria tão evidente que todos o veriam, e cada judeu teria aquele
poder – doar uma moeda de fogo.
Mas por que o fogo?
Você poderia dizer que, como a moeda deve encerrar as características
celestiais do Trono de Glória, deve ser de fogo. Porém não
existe também o elemento sobrenatural da água? O arcanjo
Michael é chamado o "ministro da água" e Gavriel
o "ministro do fogo" (Midrash Tanchuma). A água também
representa o atributo da misericórdia e da bondade, que está
acima do fogo, que representa severidade. Portanto, por que a escolha
do fogo?
A resposta
Quando se compara os quatro elementos: fogo, ar, água e terra,
a diferença do fogo das outras é que a natureza do fogo
é se elevar, e devemos contê-lo por meio do pavio e do azeite.
Esta idéia está explicada no Tanya, capítulo 19:
… É necessário esclarecer o significado do versículo:
"A vela de D’us é a alma do homem" (Mishlê
20:27)… A título de ilustração, como a chama
da vela, cuja natureza é sempre cintilar para cima, pois a chama
do fogo intrinsecamente procura se afastar do pavio para se unir com sua
fonte acima… e embora assim ela poderia ser extinta e não
produzir qualquer luz abaixo, e mesmo acima, em sua fonte, sua luz seria
anulada, mesmo assim é isso que ela busca em sua natureza.
A natureza do fogo – elevar-se
Ao escolher uma moeda de fogo, D’us indicou a Moshê que o
ato tem a natureza do fogo; elevar-se cada vez mais no reino da santidade.
O judeu comum também sente um anseio interior de elevar-se, e percebe
que isso deve ser expresso intensificando suas atividades espirituais
e elevando-se acima do aspecto materialista de sua vida. Isso enfatiza
a idéia de resgate para a alma.
Como "a prática é essencial" (Avot 1:17), há
uma profunda lição prática aqui.
Embora a mitsvá do meio-shekel se aplicasse somente quando o Bet
Hamicdash estava de pé e os shekalim fossem usados para adquirir
os sacrifícios diários para o ano inteiro, mesmo assim na
época contemporânea ainda persiste o costume de doar meios-shekels.
Como declara o Shulchan Aruch:
"É costume antes de Purim (antes de Minchá na véspera
de Purim) doar meia moeda corrente (unidade monetária, ex. Dólar,
shekel, real) daquele local e época. Como uma lembrança
simbólica do meio-shekel que era doado no mês de Adar. Como
a palavra terumá (oferenda) é mencionada três vezes
no capítulo de Shekalim, a pessoa deve doar três meios-shekels.
Tsedacá – moedas de fogo
Isso nos ensina que quando um judeu dá uma moeda para tsedacá,
ele não está apenas doando uma moeda física, mas
sim uma moeda de fogo, como aquela que D’us mostrou a Moshê;
é um ato espiritual e sagrado que se esforça para subir,
e o eleva ainda mais alto. Por extensão aprendemos também
que, em todas as mitsvot, cada observância física como tsitsit,
tefilin, etc., não é apenas uma ação física,
mas pelo exemplo da moeda de fogo, pode ser espiritual e sagrado, e elevar-se
ainda mais alto.
Quando há entusiasmo e calor no cumprimento das mitsvot, haverá
o fogo do Trono da Glória em todas as suas ações."
E quanto à outra metade?
Outro ponto que nos vem à mente é que a moeda de fogo era
meio-shekel. Após doar o meio-shekel, a outra metade permanece
em sua posse, mas ainda está relacionada com a metade doada para
tsedacá, para que juntas venham a formar um "shekel sagrado".
O judeu não doa tudo que tem para caridade, ao contrário,
ele dá dez ou vinte por cento. Aquilo que permanece com ele também
é elevado pelo um décimo ou um quinto doado. E a parte doada
e elevada, juntamente com sua parte remanescente, são incluídas
no todo; sua metade é também uma moeda de fogo!
Portanto, não apenas o Santuário se torna uma morada para
a Divindade, mas a morada do judeu e todos os seus atos se tornam sagrados,
proporcionando uma morada para a Shechiná; duas metades da moeda
de fogo, que fazem um "shekel sagrado".Que seja a vontade do
céu que todo aquele que escuta estas palavras seja levado à
ação para cumprir a verdadeira intenção do
meio-shekel agora, e que mereça no futuro doar o verdadeiro meio-shekel
no Terceiro Bet Hamicdash na Cidade Sagrada Jerusalém, na Terra
Santa, através da verdadeira e completa Redenção
do nosso justo Mashiach.
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