A primeira lição de Lag Baômer: o paradoxo do amor índice
     
 

Rabi Akiva ensinou que "Amar p próximo como a si mesmo" é um princípio cardinal na Torá"; de fato, este é o mais famoso de seus ensinamentos. Poder-se-ia então esperar que os discípulos de Rabi Akiva fossem os maiores exemplares deste princípio. Como pôde ocorrer que eles, dentre todas as pessoas, fossem deficientes nesta área?

O Lubavitcher Rebe explica que a própria diligência deles em cumprir o preceito "Amar o próximo como a si mesmo" foi sua ruína. Nossos Sábios disseram que "Assim como a face de cada pessoa difere das faces das outras, assim também a mente de cada pessoa é diferente da mente de seu próximo." Quando os 24.000 discípulos de Rabi Akiva estudaram os ensinamentos de seu mestre, o resultado foi 24.000 diferentes nuances de entendimento, pois os conceitos foram assimilados por 24.000 mentes - cada uma sendo única e distinta das outras. Se os discípulos de Rabi Akiva tivessem amado menos uns aos outros, isso teria sido motivo para uma menor preocupação; mas devido ao fato de que cada discípulo esforçou-se para amar o condiscípulo como "a si mesmo" sentiu-se compelido a corrigir seu raciocínio e comportamento "errôneos", e a esclarecê-los quanto ao verdadeiro significado das palavras de seu mestre. Pela mesma razão, acharam-se incapazes de expressar um "respeito" hipócrita pelas opiniões dos outros quando acreditaram sinceramente que a compreensão dos outros era falha, mesmo em seu menor grau.

A lição de Lag Baômer, diz o Rebe, é dupla, pois devemos aprender com as virtudes dos discípulos de Rabi Akiva, e também com seus erros. Devemos aprender a preocuparmo-nos o suficiente com nosso próximo para não sermos indulgentes com seus erros e acomodar suas falhas. Esta poderia ser a maneira mais fácil e mais socialmente confortável de comportamento, mas, ao invés de tolerância, isso demonstra uma indiferença para com o bem estar do outro. Por outro lado, jamais devemos permitir que nosso compromisso com o aperfeiçoamento do próximo diminua mesmo um pouquinho o nosso respeito e nossa estima por ele, não importa quão mal orientado ou indiferente ele possa ser.

Se isso parece paradoxal, de fato é. Mas a capacidade de abraçar este paradoxo está no próprio coração do mandamento da Torá, "Ama teu próximo como a ti mesmo." Pois a respeito de nós mesmos, esse é um paradoxo com o qual nos sentimos bem à vontade - amamos a nós mesmos, incondicionalmente, e ao mesmo tempo lutamos para aperfeiçoar-nos. Devemos cultivar este paradoxo de amor também em nossos relacionamentos com os outros, a fim de realmente "amar o próximo como a nós mesmos": por um lado, jamais devemos comprometer nossos esforços para refinar nosso próximo por respeito a suas opiniões e sentimentos; por outro lado, jamais devemos permitir que estes esforços comprometam nosso amor e respeito por ele.

     
   
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