Treze Anos Numa Gruta, e Daí?
  Por Levi Avtzon  
 

Qual é a primeira coisa que você faz depois que sai da gruta onde se escondeu durante os últimos treze anos?

Passa algum tempo com sua família (que, esperamos, não tenha desertado).

Organiza uma nova conferência.

Assina contrato para escrever um livro.

Negocia um contrato para um filme de sucesso.

Aparece na primeira página de todos os tablóides.

Vai para uma clínica de reabilitação...

Se você é do tipo mais humilde, tenta voltar à sua vida humilde, e conta suas bênçãos para os anos vindouros.

Sentenciado à morte após falar contra o governo romano, Rabi Shimon bar Yochai se escondeu numa caverna durante treze anos, junto com seu filho Elazar. Por treze anos eles se cobriram na areia – ao sair estavam repletos de dolorosas feridas – subsistindo apenas com alfarrobas duma árvore próxima e água de um regato que apareceu miraculosamente na entrada da gruta.

Eles saíram após treze anos. Qual é a primeira coisa na agenda de Rabi Shimon?

Os moradores da aldeia falam a ele a respeito de uma estrada sob a qual existe um túmulo perdido. Como os cohanim (sacerdotes) não têm permissão de entrar em contato nem chegar perto de um cadáver, eles tiveram de tomar um desvio ao viajar por aquela estrada. Rabi Shimon discerne a localização do corpo, o túmulo é assinalado, e o problema corrigido.

Pense sobre isto.

Uma pessoa que passou pelo “inconveniente” de morar numa gruta durante treze anos presumivelmente acha que tem o monopólio da dor e do desconforto, e zomba da geração mais jovem que chama qualquer trivialidade de trauma.

Tentar minorar o sofrimento deles? Esqueça.

Porém aqui vemos Rabi Shimon fazendo exatamente isto, passando seus primeiros momentos de liberdade ajudando alguns cohanim a se livrar de uma inconveniência aparentemente pequena!

Não há nada maior e mais importante que ajudar uma pessoa com algum pequeno aborrecimento após estar trancado numa caverna por quase uma década e meia?

Não, não há.

     
   
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