A alma mística da Torá índice
     
 

Rabi Shimon foi um dos maiores explicadores da Halachá, ou Lei da Torá; de fato, quase todos dos 523 capítulos do Talmud contêm pelo menos uma lei citada em seu nome. Porém Rabi Shimon é mais profundamente identificado com o elemento "oculto" ou místico da Torá. É o autor do Zôhar, a obra cabalística mais essencial, e aquele que iniciou uma nova era na história da transmissão da Torá através das gerações.

Até a época de Rabi Shimon, a alma mística da Torá era transmitida apenas na forma de máximas enigmáticas, e apenas em particular a uns poucos indivíduos em cada geração. Rabi Shimon foi o primeiro a expor estes segredos mais íntimos da sabedoria Divina, que mapeiam a sublime expansão da realidade Divina, os processos da criação, o relacionamento de D'us com nossa existência, e os mais profundos recessos da alma humana. Rabi Shimon colocou em movimento o processo pelo qual, nas gerações seguintes, estes segredos ganharam uma audiência crescente e uma elucidação mais detalhada e explícita. Este processo foi acelerado muitos séculos depois pelo grande cabalista Rabi Yitschac Luria, que proclamou: "Nestes tempos, podemos, e devemos, revelar esta sabedoria," e mais recentemente, pelo fundador do Chassidismo, Rabi Yisrael Báal Shem Tov e seus discípulos.

Os mestres chassídicos explicaram que a crescente acessibilidade das dimensões interiores da Torá reflete a progressão rumo à era messiânica, quando "A terra ficará repleta da sabedoria de D'us, como as águas encobrem o mar" (Yeshayáhu 11:9). O próprio Zôhar declara: "Com este livro Israel será misericordiosamente redimido."

Rabi Shimon bar Yochai faleceu em Lag Baômer. Antes morrer, instruiu os discípulos para observarem seu yahrzeit como um dia de alegria e festividades, explicando que esse dia assinala o ponto culminante no decorrer de sua vida física.

O Zôhar (que também inclui os escritos dos discípulos de Rabi Shimon) descreve o dia da morte de Rabi Shimon como repleto de grande luz e júbilo sem fim, e a sabedoria secreta que ele revelou naquele dia aos discípulos; tanto para o mestre como para os alunos, diz o Zôhar, foi como o dia em que o noivo e a noiva se rejubilam sob a canópia nupcial. Diz-se que o dia não chegou ao fim antes de Rabi Shimon revelar tudo que lhe fora permitido revelar. Apenas então o sol recebeu permissão de se pôr; e quando isso aconteceu, a alma de Rabi Shimon partiu de seu corpo, subindo ao céu.

     
   
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