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Ao descrever os talos saudáveis
no "sonho do trigo" do faraó, diz a Torá: "E
vejam, havia sete sadias e boas espigas de grão crescendo num único
talo" (Bereshit 41:5)
É interessante notar que a respeito das magras espigas, a Torá
não menciona que cresciam num único talo. Não parece
provável que esta diferença fosse inconsequente, pois sabemos
que cada detalhe mencionado na Torá é importante e não
deve ser deixado de lado. Assim, permanece a dúvida: por que a
Torá descreve as boas espigas como crescendo em um só talo
e omite este detalhe a respeito das espigas doentes?
Podemos aprender uma importante lição desta diferença:
aquilo que é bom e significativo tende a se fundir e unir-se. Entretanto,
aquilo que é mau e sem propósito não pode tolerar
a harmonia e a concordância. Por esta razão, as espigas boas
e saudáveis cresciam em um único talo. Devido à boa
e pura disposição das espigas, era natural que se unissem
para crescer juntos em um só talo. Por outro lado, as espigas mirradas
e doentes, naturalmente mostrando desarmonia, "escolheram" crescer
em talos diferentes, porque na verdade, qualquer união do mal é
apenas para o avanço das necessidades e desejos individuais.
É interessante notar que, quando alguém pesquisa o passado
dentro de alguns milhares de anos da história judaica, percebe
que esta mensagem é especialmente verdadeira. O povo judeu jamais
representou mais que uma ínfima fração da população
mundial. Apesar disso, o povo judeu permaneceu, tem sobrevivido, e continua
a fazer a diferença neste mundo.
A lógica diria que o povo judeu, com todas as provações
e sofrimentos destes anos, deveria ter desaparecido há muito. Mais
especificamente, encontramos na história judaica casos de pequenos
grupos de judeus enfrentando inimigos maiores e mais fortes. Mesmo assim,
o povo sempre emerge vitorioso.
Como isto é possível?
Poucos judeus derrotando um numeroso inimigo pode ser encontrado na história
de Chanucá. Um pequeno número de soldados judeus levantou-se
em rebelião contra o poderoso exército grego e conseguiu
expulsá-los. Este feito milagroso, provavelmente mais que qualquer
outro evento, serve como um microcosmo da história judaica. Onde,
então, está o segredo de nosso sucesso?
Poderia parecer que a resposta se encontra nos conceitos acima mencionados.
Quando um número de indivíduos se reúne para fazer
o bem, naturalmente formarão um grupo coeso. Na história
de Chanucá, a missão de restaurar a ordem e a paz no Templo
Sagrado e na Terra de Israel levou à formação de
um grupo unido. E como diz um velho adágio, "cinco palitos
unidos são mais fortes que dez palitos separados".
Os Macabeus, reunidos com o propósito do bem, puderam derrotar
o exército grego que era composto simplesmente por indivíduos,
cada um procurando realizar seus próprios desejos. Ocorre o mesmo
com a nação judaica como um todo. Quando empreendemos uma
missão sagrada, instintivamente formamos uma força invencível,
que nos possibilita sobrepujar nossos adversários. Este é
o segredo de nosso sucesso.
A intenção aqui não é a de diminuir a natureza
miraculosa da vitória dos Macabeus. Não há dúvida
de que a derrota dos gregos não teria acontecido sem a intervenção
Divina. Mas é preciso ressaltar o meio pelo qual ocorreu o milagre.
Ao acendermos a Menorá, embora cada vela individual irradie um
pequeno brilho, todas juntas formam uma espetacular exibição
de fogo e luz. Podemos então lembrar a mensagem de Chanucá:
a sobrevivência do povo judeu.
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