Muitos nas mãos de poucos

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A Todos já ouviram falar da coragem dos macabeus. Um punhado deles enfrentou um exército superior em número e em armas. Porém com a ajuda de D’us eles venceram, e portanto agradecemos a bondade Divina por aquele milagre, na prece Al Hanissim. "Tu entregaste os poderosos nas mãos dos fracos, os muitos nas mãos de poucos, e os impuros nas mãos dos puros…"

Os hasmoneanos, ou macabeus, sabiam que estavam para vencer?

Eles sabiam que o inacreditável aconteceria?

Eles poderiam ter esperado, mas não poderiam ter sabido. Matatias, seus filhos, e seus poucos seguidores pegaram em armas contra o poderoso Antiocus, sabendo que estavam para enfrentar a morte certa. Estavam prontos a oferecer suas vidas Al Kidush Hashem, para santificar D’us.
A vida é algo muito precioso, a coisa mais preciosa criada por D’us. A Torá nos diz muitas vezes que a vida é sagrada, e o quanto devemos cuidar de nossa saúde. Onde existe um perigo real para a vida da pessoa, se houver uma pequena chance de salvá-la, a Torá nos permite (ou melhor nos obriga) a "quebrar" o Shabat (para ajudar um doente) para que ele possa ainda guardar muitos Shabatot" – dizem nossos Sábios.


Se a vida é tão preciosa e sagrada, devemos sempre preservar nossa vida a qualquer preço?

Se a vida é tão preciosa e sagrada, devemos sempre preservar nossa vida a qualquer preço? E não há ocasiões em que devemos deliberadamente colocar em risco, e até sacrificar, nossa vida?
A Torá nos deu leis definidas sobre quando um judeu deve oferecer sua vida pela Santificar o Nome de D’us. Em casos em que toda a fé e continuidade judaicas estiverem em perigo, ou seja, quando algum poder maligno pretende forçar os judeus a abandonarem sua fé, numa ocasião como essa todo judeu é conclamado a resistir àquele poder com toda suas forças, e se necessário sacrificar a vida para não cometer a menor transgressão contra as leis da Torá. Uma ocasião dessas ocorreu no reinado do cruel Antiocus.

Sim, nossa vida é sagrada. Porém nossa vida é digna de ser vivida somente se for uma vida judaica. Afinal, sabemos que nossa existência nesta terra é temporária, e será seguida pela vida eterna. Não temos o direito de comprar nossa vida temporária às custas de nossa vida eterna.
Sem nossa fé, nosso estilo de vida judaico, nossa Torá, nossa vida seria inútil e sem sentido.

D’us às vezes nos coloca em teste. Às vezes Ele testa um judeu individualmente, em outras uma comunidade inteira, ou até todo nosso povo. Então devemos lembrar nestas ocasiões de duas coisas: primeiro, D’us não nos testaria se não fôssemos capazes de passar pelo teste; segundo, após cada teste ficamos mais ortalecidos.

Nossos Sábios refletiram muito sobre a questão de por que, entre todos os povos, os judeus têm as maiores provações e tribulações, e por que mesmo dentro do próprio povo judeu, os justos, e não os perversos, são testados. E eles comparam isso à maneira de um ceramista testar seus vasos. Ele não usa um martelo pesado para testar um pote, a menos que esteja certo que o recipiente pode suportar o impacto. Mais uma vez, eles nos dizem que quando o linho está sendo processado com golpes fortes, o linho bom fica ainda melhor e mais fino, ao passo que o linho de má qualidade tem as fibras quebradas e danificadas.

Da mesma forma, D’us não deseja nos ver alquebrados sob os golpes de uma provação, e nos concede a força necessária para, não apenas suportar, mas sair da provação ainda melhores.

Não queremos ser testados. Rezamos a D’us toda manhã, para que Ele não nos coloque em tentação. Mas todas as manhãs, quando recitamos o Shemá, declaramos sincera e solenemente que se surgir uma ocasião na qual tivermos de escolher entre nossa vida e a Torá, escolhamos permanecer fiéis à Torá. Este é o significado das palavras "Amarás ao senhor teu D’us de todo o coração e de toda a tua alma e com toda tua força" – e se realmente sentirmos isso, D’us aceita o pensamento pela ação.

Quanto mais determinação mostrarmos para superar os obstáculos e falhas, mais D’us nos ajudará a fazê-lo, e sairemos mais fortes e vitoriosos, como os macabeus.

Em Chanucá declaramos nossa fé em D’us incondicionalmente. Que possamos celebrá-la a cada ano, revelando mais luz e brilho judaico em nossas vidas.

     
   
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