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Devo estar passando por
algum tipo de mudança interna, um retorno inconsciente a minhas
raízes judaicas, porque, pela primeira vez nos últimos 25
anos, decidi celebrar Chanucá, A Festa das Luzes.
Peguei a menorá antiga que herdei da mãe de minha mãe,
na prateleira alta perto de minha arca russa laqueada. Durante as oito
noites de Chanucá, acendi "religiosamente" as velas da
chanukiyá e recitei as bênçãos apropriadas
que, para minha sorte, estavam escritas na caixa de velas. Infelizmente,
a memória me falhou e descobri, depois que o feriado tinha terminado,
que não tinha acendido as velas na ordem correta. Comecei pelo
centro, seguindo primeiro para a direita e depois para a esquerda.
As brilhantes velas coloridas acesas, iluminando a escuridão de
minha cozinha, desencadeou uma inesperada profusão de memórias
e imagens de minha infância. A chanukiyá de minha avó
sobre o fogão, ao redor do qual três gerações
de nossa família se reuniram. O cheiro dos latkes fritando. Os
biscoitos de açúcar que eu ajudava minha mãe a fazer,
usando cortadores no formato de menorás, maguen David e dreidels.
A tradicional canção de Chanucá, "Eu tenho um
pequeno dreidel" e "Rocha das Idades," cantadas fora do
tom. Lembrei-me, com uma careta, do vestido de papel crepom com lantejoula
dourada em minha cabeça. Toquei a "Sexta Vela da Menorá"
para o programa de Chanucá de nossa escola.
Estas doces e pitorescas memórias honrando as alegrias da família,
a tradição religiosa e a infância tiveram vida curta,
empalidecendo com a dolorosa percepção de que a maioria
dos adultos "em meu quadro" – meu pai, avós, tias
e tios – já eram falecidos, e que os membros sobreviventes
da família estavam espalhados pelos quatro cantos do globo.
Um pensamento triste provocou uma sucessão de pensamentos tristes,
e logo me achei sofrendo pelos judeus mortos no Holocausto, especialmente
o milhão e meio de crianças que jamais tiveram a chance
de vivenciar e recordar Chanucá como eu fiz. E a dor que eu subitamente
senti e reclamei como minha, ressoou dentro de mim num nível profundamente
pessoal, cuja intensidade me pegou de surpresa. O fato de que minha experiência
pessoal de vida de certa forma estava conectada com esta grande tragédia
do povo judeu foi uma revelação para mim, um reconhecimento
de minha conexão ao Judaísmo, sua história, rituais
e dias festivos – como Chanucá.
Acenderei minhas velas de Chanucá novamente este ano, assegurando-me
de acender as chamas da esquerda para a direita.
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