A alma de Chanucá
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A palavra hebraica "chanucá" tem três significados: início, educação e dedicação.

Quando os macabeus libertaram o Templo do domínio dos gregos, descobriram que o local mais sagrado do Judaísmo tinha sido violado e profanado. O Templo necessitava muito mais que uma limpeza e consertos; precisava ser reconsagrado. Esta consagração marcou um novo início para o
Templo e para o povo judeu, e é a origem do nome do dia festivo.

Chanucá trata de duas forças sempre presentes: trevas e luz. Um conflito entre duas ideologias: o helenismo e o judaísmo. O poder de uma pequena chama capaz de banir as trevas, de ver uma batalha impossível, ser vencida pelos mais fracos em número, mas cuja centelha permitiu ir muito além das limitações.

Decreto anti-milá

Os gregos tinham uma antipatia especial pela prática judaica de Brit Milá, a circuncisão de um bebê do sexo masculino no oitavo dia após o nascimento. Na verdade, eles baniram a prática de Brit Milá.

Qual o motivo de uma oposição tão forte?

Primeiramente, a circuncisão ofendia o ideal grego da perfeição do corpo humano. A nudez pública era aceita na sociedade grega porque todo "corpo" era uma obra de arte. Os atletas olímpicos competiam nus. Para os gregos, a circuncisão representava a mutilação de uma obra de arte, como pichar um Renoir com spray.

Para os judeus, Brit Milá é uma das mais essenciais expressões da identidade judaica. Um ser humano apenas consegue atingir o máximo de beleza quando afetado por um relacionamento com D'us. O ser humano perfeitamente esculpido reconhece e abraça a realidade de sua alma transcendente. Durante o período da opressão grega, Brit Milá era intolerável; tornou-se um crime capital.

Princípios da educação

O segredo da paternidade é entender as nuances da natureza de seus filhos e educá-los segundo esta natureza. O Rei Salomão diz em Provérbios:

"Eduque (chanoch) um filho segundo sua natureza: quando ele crescer não a abandonará."

Embora não existam dois filhos iguais, todos os filhos devem aprender que roubar é errado. As personalidades e temperamentos podem variar, mas a necessidade de ser bom, compassivo e ético é universal. Uma criança pode ser tímida, a outra criativa, e outra ainda ser impaciente. Todas, porém, precisam aprender o que significa ser um mensch.

Os pais judeus são exortados a não apenas ensinar aos filhos as habilidades necessárias para a vida – como comer com garfo e faca ou usar o computador – mas também a ensinar-lhes valores e ideais que trarão um significado à vida de seus filhos.

A essência da paternidade judaica é ensinar aos filhos a que se dedicarem. Diz o Talmud: assim que a criança aprenda a falar, os pais devem ensiná-la Torá e o Shemá.

Assim como não os deixamos crescer para decidirem se desejam ou não ler ou escrever, também não devemos suspender o ensinamento de valores e caráter até que estejam com idade suficiente para decidir por si mesmos quais princípios exigem sacrifícios; quais princípios são moralmente negociáveis e quais não o são.

E este é o verdadeiro espírito de Chanucá: a alma de um judeu jamais pode ser extinta, mas depende de nós, da educação que transmitimos a nossos filhos o quanto ela irá brilhar ou permanecer apenas como uma faísca à espera de uma chama que aumente seu potencial de "combustão"… eterna!

     
   
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