A Menorá do Templo Sagrado
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O formato

O símbolo da Menorá de sete braços em semicírculo é um dos mais conhecidos no mundo judaico. A maioria das chanukiyot também foram elaboradas seguindo o modelo deste símbolo. Porém, pesquisas recentes em fontes e manuscritos antigos nos levam à conclusão de que o tradicional formato em arco não era o formato da Menorá do Templo Sagrado. A Menorá original possuía braços retos, em diagonal, não arqueados, que saíam da haste central que servia também como suporte.

A Torá traz um indício bem claro. No livro do Êxodo (XXV:32) estão detalhadas as instruções para a confecção da Menorá: "Seis hastes saem de seus lados: três hastes do candelabro do primeiro lado e três hastes do candelabro do segundo lado." No texto bíblico e também na língua hebraica de então e de hoje, "canê" (haste) significa um tubo reto, nem torto nem arqueado. (Interessante notar que a palavra "canê" - significando originalmente um bastão ou tubo reto - passou para outras línguas com esta mesma conotação: para o grego, latim, francês arcaico, inglês e até para o português sem mudança no significado.)

Outras fontes

A fonte mais clara e precisa para determinar o formato da Menorá é Maimônides. Em seu manuscrito das explicações da Mishná, Maimônides desenhou de próprio punho o formato da Menorá do Templo Sagrado - com braços retos e diagonais (imagem ao lado).

Há outra referência em transcrições antigas do livro de Maimônides que abrange todas as leis: o Mishnê Torá. Durante séculos, antes do advento da imprensa, os livros eram copiados manualmente. Nestes manuscritos antigos constam as palavras "Este era seu formato" e logo abaixo o desenho da Menorá - sempre com braços retos. Em alguns dos manuscritos, o desenho foi suprimido, provavelmente por incapacidade do escriba em copiar o desenho com precisão. Em seu lugar, foi mantido um espaço em branco abaixo dos dizeres "Este era seu formato".

Com o surgimento da impressão com caracteres hebraicos, o desenho foi definitivamente extinto dos livros de Maimônides. É de se supor que as primeiras gráficas não possuíam meios técnicos para reproduzir um desenho. Por isso, abriram mão do desenho e também omitiram do texto as palavras "Este era seu formato", que apareciam no original. Desde então, o livro Mishnê Torá, de Maimônides, tem sido impresso sem o desenho e sem alusão ao fato de que Maimônides havia desenhado esta figura em seu livro.

Além de Maimônides, também Rashi, em seu comentário sobre a Torá, assim descreve o formato da Menorá: "Seis braços da Menorá saem de seus lados - para cá e para lá em diagonal, vão subindo até atingir a altura da Menorá que é a haste central e, uma a uma, vão saindo da haste central acima da outra." Inferimos desta linguagem que os braços não eram arredondados e arqueados, mas retos, em diagonal.

Uma descrição semelhante aparece no livro "História da Guerra entre os Judeus e os Romanos", de autoria de Flavius Josephus. Lá (tradução de Dr. Simchoni, livro 7, cap. 5) está mencionado: "Deveras, era diferente o formato desta Menorá das demais que conhecemos, pois da base eleva-se um "tronco" (suporte, haste) central do qual saem as ramificações mais finas, que se assemelham a um forcado tridente."

Se é assim, como é possível que a Menorá difundida seja justamente a de formato arredondado e não a diagonal?

O Arco de Tito

Presume-se que o formato arqueado da Menorá foi extraído do relevo da menorá que aparece no Arco de Tito, em Roma. Os desenhos de lá perpetuam o saque dos objetos do Templo Sagrado e sua remoção para Roma, a mando de Tito, o general romano que destruiu o Templo Sagrado.

Mas ao que tudo indica, a menorá do Arco de Tito não é a Menorá sagrada original do Templo, pois no relevo do Arco a menorá está sem os pés. Porém, a Menorá original possuía pés, conforme descrito no Talmud (Tratado Menachot 28b).

Portanto, podemos concluir que a menorá do Arco de Tito não é a principal, mas uma das outras que havia no Templo, como por exemplo, uma das dez menorot que o rei Salomão fez quando construiu o Templo ("fez Salomão todos os utensílios... e as menorot, cinco à direita e cinco à esquerda em frente ao Santuário" - Reis I - VII: 48-49. "Fez as dez menorot de ouro de acordo e colocou cinco à direita e cinco à esquerda" - Crônicas II 4:7.

Uma opinião de nossos Sábios sustenta que, antes de Tito invadir o Templo Sagrado, os sacerdotes esconderam os objetos mais importantes num local secreto, de maneira que a Menorá levada para Roma era uma das outras.

     
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