Nome: Força Vital
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O Talmud afirma (Berachot 7b): "Como sabemos que o nome da pessoa causa [eventos em sua vida]? Diz a Escritura: 'Vai e vê as obras do Eterno, que pôs destruição (shamot) sobre a terra.' Não leia shamot (destruição), mas shemot [nomes]. Maharsha explica: “Não podemos atribuir ao Eterno atos maus tais como destruição, portanto, os Sábios interpretam a palavra shamot como shemot, significando que as obras de D’us são atraídas para baixo por meio do nome da pessoa e assim, o nome é a causa.”

Mais uma vez, no Talmud, encontramos que R. Meir faria deduções [sobre uma pessoa] a partir do nome, mas R. Yehudah e R. Yosse nada deduziriam. Em outro local, R. Yitschak declara: "Os espiões [enviados por Moshê à Terra de Israel] tinham nomes que refletiam suas ações."

A noção de que o nome de uma pessoa nos informa a respeito de suas ações e caráter aplica-se não apenas a indivíduos, mas sobre a geração como um todo. Assim, o nome do Profeta Yermiyáhu indica que em seu tempo o Bet Hamicdash tornou-se arimon [vago], ou que em seu tempo um severo julgamento foi nisromema (despertado; as duas palavras compartilham letras comuns com seu nome]. Isso é confirmado no Zohar, onde o nome de Yermiyáhu (que predisse punição) está contrastado com aquele de Yeshayáhu, cujo nome (significando 'resgate de D’us") causou nossa redenção, e a restauração da Divina Luz a seu lugar de direito.

Sefer Chassidim e Sefer HaBahir também nos advertem sobre nomes. Midrash Tanchuma comenta o versículo: "Lembra-te dos dias do mundo, entende os anos de cada geração" – a pessoa deveria sempre examinar nomes históricos, e escolher para seu filho um nome que o fará tornar-se um tsadic. Assim, vemos que o nome de uma pessoa indica os traços de caráter que ela provavelmente possuirá. A partir desse nome, podemos adivinhar que tipo de pessoa é, e como são suas ações.

R. Yosef Karo escreve em Maguid Meisharim que alguém chamado Avraham tende a realizar atos de bondade, uma pessoa chamada Yossef é forte para resistir a tentações sexuais ilícitas, ou então alimenta e apóia os outros, como fez Yossef, que alimentou e apoiou seu pai e irmãos. A Escritura diz: "Naval é seu nome, e abominação (nevala) combina com ele." É isso também que Essav queria dizer quando afirmou: "Seu nome é Yaacov por nada? De fato, ele se afastou (vayaakeveim) de mim duas vezes."

O Midrash Tanchuma declara que se nossa geração tivesse merecido, o próprio Eterno teria dado a cada indivíduo seu nome, e a partir de seu nome conheceríamos assim seu caráter e suas ações.

O Nome da Pessoa é Sua Força Vital


Está declarado nos sagrados livros que o nome pelo qual uma pessoa é chamada constitui sua alma e sua força vital. Isso significa que quando a alma habita o corpo, extrai vida para si por meio do nome, através de uma junção correta das letras. É explicado no Tanya, cap. 1 de Shaar HaYichud VehaEmunah, que para todas as coisas criadas no universo, o nome hebraico pelo qual são chamadas constitui – depois de progressivos estágios de descida evolutiva – o discurso literal dos Dez Pronunciamentos pelos quais o mundo foi criado. Esta descida ocorre por meio de sucessivos intercâmbios e ajuntamentos de letras nas 231 permutações, até que finalmente elas se incorporam à pessoa, para dar-lhe vida.

Um nome tem duas características opostas. Por um lado, o nome está associado com a alma. Assim, quando chamamos alguém por seu nome, despertamos sua força vital. Isso aplica-se não somente ao nome próprio, mas também a um nome descritivo – quando chamamos alguém de "sábio", despertamos suas faculdades intelectuais; quando o chamamos de "misericordioso", despertamos sua piedade. Portanto, os discípulos de R, Shimon bar Yochai pronunciavam louvores a ele, para que isso despertasse os grandes poderes de seu mestre, que ele partilharia com eles. Tudo isso aplica-se muito mais ainda ao nome próprio, pois este desperta não apenas os poderes individuais, como também toda a alma.

Por outro lado, sabe-se que todo o propósito de um nome é para o uso de outros, para que outra pessoa possa chamá-lo, e ele saberá que está sendo chamado. Mas para si mesma, a pessoa não precisa de nome; qual a utilidade do nome para alguém que mora sozinho? Assim, parece que o nome não está conectado com sua essência ou força vital, mas foi meramente estabelecido por convenção.

A solução desse paradoxo é que o nome da pessoa é como a sefirá de Malchut: apenas um raio (ziv) que nada possui em si mesmo, mas está radicado em sua fonte original. Por este motivo, tem estas características opostas.

     
 
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