Embalsamamento

 
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  Por Maurice Lamm
 

O enbalsamamento foi instituído nos tempos antigos para preservar os restos mortais dos falecidos. A preservação era desejada por muitos motivos:

1 – Para questões de higiene – presumia-se que os restos mortais frescos eram um risco à saúde.

2 – Por motivos sentimentais – a família desejava impedir a deterioração do corpo físico como uma ilusão reconfortante de que o falecido ainda vivia.

3 – Para apresentação – para evitar sinais visíveis de deterioração enquanto o falecido estava sendo visitado pelo público antes do funeral.

Vale a pena analisar os três motivos para determinar sua validade hoje em dia. Primeiro, no entanto, deve ficar claro que não há lei nos Estados Unidos (ou no Brasil) que exija que o corpo seja embalsamado, exceto quando vai ser transportado por conveniência pública a grandes distâncias.

Existe um motivo de higiene para embalsamar?

Sob toda a evidência disponível, o corpo não embalsamado não apresenta risco à saúde, embora o falecido possa ter morrido de doença transmissível. O Dr. Jesse Can, citado no livro The American Way of Death por Jessica Mitford, indica que não há uma razão sanitária legítima para embalsamar os mortos para um serviço funerário sob circunstâncias normais.

Razões de respeito e amor levam ao embalsamamento para preservar os restos durante o maior tempo possível?

Muitos parentes sentem, naturalmente, que desejam apegar-se ao ente querido na sua forma humana durante o maior tempo que puderem. Se for este o principal objetivo do embalsamamento, deve-se levar diversos pontos em consideração:

1 – O corpo se conservará, sob condições normais, durante 24 horas, a menos que tenha sido dissecado. Se foi mantido sob refrigeração, como é o procedimento padrão, sem dúvida ficará preservado até depois do serviço de funeral.

2 – O corpo terminará por se decompor no túmulo. Sob boas condições, mesmo com os fluidos embalsamadores retardando a deterioração da forma externa por grande período de tempo, relatos confiáveis indicam que os restos logo se tornam desagradáveis ao olhar e com aparência totalmente não natural, em conseqüência do embalsamamento.

3 – O sentimento deveria se apegar à pessoa como ela foi em vida, como aparentava ser durante os anos de boa saúde, não ao cadáver. O próprio falecido sem dúvida desejaria que seus entes queridos o recordassem como era durante o auge de sua vida.Existe atualmente uma grande confusão em todo o processo de embalsamamento. Não há conhecimento público geral sobre os métodos, e certamente muito pouco se conhece sobre "restauração" ou cosmetologia, um termo usado pela indústria funerária para enfeitar, apoiar e vestir o cadáver a ser colocado para visitação. Há pouca dúvida que se a família estivesse informada sobre os procedimentos, ficaria horrorizada demais para requisitá-los. Uma descrição detalhada está disponível no livro de Jessica Mitford, "The American Way of Death".

A orientação religiosa ideal no que diz respeito ao embalsamamento é que uma pessoa falecida deve ser colocada para repousar de maneira natural. Não deveria haver mutilação do corpo, nenhuma adulteração dos restos, e não mexer com o corpo a menos que seja para purificação religiosa. A manipulação dos órgãos internos, às vezes necessária para o embalsamamento, é estritamente proibido por ser uma profanação da imagem de D'us. O falecido não tem qualquer benefício com este procedimento. Tão importante é esse princípio, que a Lei Judaica proíbe embalsamar uma pessoa, mesmo quando esta o desejava especificamente.

Não é um sinal de respeito deixar com aparência de vivo alguém a quem D'us tirou a vida. O motivo para embalsamar pode ser o desejo de fazer do funeral um último presente ou um memorial duradouro, mas os enlutados devem entender que este presente e este memorial são apenas ilusórios. A arte do embalsamador é a arte da completa negação. Ele procura criar uma ilusão, e na medida em que for bem-sucedido, apenas impede o enlutado de recuperar-se da sua dor. Ao contrário, é uma extrema desonra perturbar a paz na qual a pessoa deveria ter a chance de repousar eternamente.

É na verdade paradoxal que o homem ocidental, alimentado pelo conceito cristão do pecado do corpo, que é considerado a prisão da alma, procure, na morte, adorná-lo e torná-lo bonito. Certamente, a ênfase no corpo no serviço de funeral serve para enfraquecer a primazia espiritual e a tradicional ênfase religiosa na alma.

Existem, no entanto, diversas exceções à proibição geral de embalsamamento. São elas:

1 – Quando uma longa demora no serviço funerário se torna obrigatória.
2 – Quando o enterro vai ser realizado em outro país.
3 – Quando a autoridade governamental a exige.

Nesses casos, todos exigidos por causa de regulamentos de saúde, deve-se consultar a autoridade rabínica para determinar a permissão e o método a ser usado.

 

 

 
   
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