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Do
livro “Os Últimos Momentos”
De Rabino Shamai Ende
Acendimento da vela
1. Costuma-se acender uma vela que dure sete dias para elevar a alma do
falecido, no quarto em que ele faleceu. Caso o falecimento ocorreu no
hospital ou em outro local onde não dá para acender lá
a vela, esta deve ser acesa na casa onde morou, ou no local onde os enlutados
estão sentando Shivá.
2. Ao acender a vela deve se dizer que esta é para elevar a alma
(leilui nishmat) de fulano filho de fulano (deve-se pronunciar os nomes
judaicos).
3. Mesmo quando a Shivá não dura sete dias (como por exemplo,
se o falecimento ocorreu poucos dias antes de Yom Tov, já que Yom
Tov quebra o luto), a vela deve permanecer sete dias acesa, inclusive
durante o Shabat e Yom Tov. Como também, mesmo que a shivá
só terá início após algum tempo (no caso que
o enterro foi em Chol Hamoed, ou na semana após o casamento do
enlutado por exemplo), a vela deve ser acesa de imediato e durar até
o final da Shivá.
4. Muitos costumam acender uma lamparina de azeite de oliva, já
que esta tem preferência conforme a halachá. Outros costumam
acender uma vela de cera de abelha. No entanto serve também uma
vela de parafina, ou, em último caso, também uma lâmpada
elétrica.
5. Conforme alguns costumes, deixam-se cinco velas acesas durante os sete
dias de Shivá, e uma vela acesa até o final dos trinta dias,
ou até o final dos onze meses, ou ainda até o primeiro Yohrtzait.
Procedimentos da casa
6. De preferência, os enlutados devem sentar shivá na casa
em que ocorreu o falecimento, ou pelo menos na casa onde morava o falecido.
7. Costuma-se cobrir todos os espelhos da casa do enlutado(Há alguns
motivos para isto: 1) Olhar no espelho traz alegria, e o enlutado não
deve se alegrar para não desviar a atenção do luto;
2)Já que se reza na casa, e é proibido rezar na frente do
espelho; 3) Conforme o Zohar, um mau espírito se reveste na face
humana na casa dos enlutados, devendo por este motivo cobrir também
as fotos). Muito costumam também cobrir fotos de pessoas. Mesmo
a casa que só é usada pelo enlutado para dormir, deve ter
os espelhos cobertos.
8. Pode-se lavar e limpar a casa do enlutado e a louça, porém
não se deve perfumá-las. Mas no caso que tem um mau cheiro,
pode – se borrifar um purificador de ambiente.
9. Tem idéias na halachá que não se deve tirar nada
da casa do enlutado durante a shivá, se o falecimento ocorreu na
mesma. Porém não é este o costume geral.
10. Deve-se evitar de cumprimentar um companheiro na casa de um enlutado,
como também, conversas vãs devem ser evitadas no local.
11. A cama do falecido deve estar arrumada durante a shivá, porém
ninguém deve dormir nesta cama durante este período, salvo
em caso de muita necessidade.
Procedimentos dos enlutados
12. Após o enterro, os enlutados podem comer carne e beber um pouco
de vinho às refeições. Ao cortar o pão deve-se
dar na mão do enlutado. Pode-se participar de um zimun (Bênção
especial que se recita antes do Bircat Hamazon (Bênção
após comer uma refeição com pão), quando é
feito em grupo de mais de três pessoas.) porém tem aqueles
que sustentam que deve evitar participar de uma refeição
com três pessoas para não ter de fazer o zimun.
13. O enlutado não deve falar demais, pois pode parecer que este
se esqueceu de seu luto.
14. O enlutado não precisa levantar-se para ninguém, nem
mesmo em honra de um sábio ou rabino. Caso ele levantou, não
se deve mandá-lo sentar. Porém ele deve levantar-se em honra
ao Sefer Torá.
15. O enlutado não pode ficar sozinho durante os sete dias.
As orações na casa do enlutado
16. É uma Mitsvá rezar as três orações
diárias com Minian na casa onde ocorreu o falecimento, ou onde
ele morava, mesmo se não têm enlutados. Isto traz um prazer
para a alma. O enlutado completa minian, e de preferência ele deve
ser o chazan no caso que o luto é pelo pai ou mãe. Caso
ele não tem condições ou conhecimentos para tal,
deve pelo menos recitar o cadish dos enlutados e o cadish derabanan. Porém
em Rosh Chodesh, o enlutado não deve ser o Chazan, mas deve recitar
o cadish.
17. Não se recita o tachanun (súplicas) na casa do enlutado,
mesmo quando este não está presente, durante os sete dias.
18. Tem costumes que não se recita o trecho referente a bircat
cohanim na casas do enlutado (elo-hênu ve-lohê avotênu
barechenu) e o trecho Titcabel do cadish, porém tem costumes de
recitá-los.
19. Não se recita o halel em Rosh chodesh na casa do enlutado.
Porém muitos costumam recitá-lo, sendo que o enlutado sai
da sala naquele momento.
20. Pode-se trazer um sêfer Torá para a casa do enlutado,
porém costuma-se trazê-lo somente se for lido pelo menos
três vezes. O enlutado não deve ter uma aliya na Torá
durante os sete dias.
21. Após a oração de shacharit e minchá costuma-se
recitar o salmo 49, e posteriormente o cadish. Num dia que não
se recita o tachanun, este é substituído pelo salmo 16.
22. Costuma-se estudar Mishnaiot na casa do enlutado, principalmente aqueles
capítulos que iniciam com as letras do nome do falecido. Como também
após cada oração costuma-se estudar o cap. 24 do
tratado de Kelim, e o cap. 7 de Micvaot, principalmente as últimas
4 mishnaiot que iniciam com as 4 letras da palavra neshamá (alma)
– (Conforme o costume chabad, o enlutado recita umas linhas do livro
sagrado Tanya, após as mishnaiot antes do cadish, em cada uma das
três orações diárias). Após as mishnaiot
o enlutado recita o cadish derabanan.
23. O enlutado não deve recitar Kidush Levaná, se até
o fim da shivá não irá passar o prazo. No entanto,
ele pode sair para recitar o Bircat Hachamá.
Preces na
Casa de Shivá
Por Maurice Lamm
É uma obrigação sagrada promover serviços
diários durante a shivá na casa do falecido, não
importa se a morte ocorreu ali ou em outro local. Isso é feito
para honrar o falecido e para demonstrar respeito pelos enlutados.
É importante fazer os serviços públicos na presença
de um minyan, para que os enlutados observando shivá recitem o
cadish, que exige a presença de dez homens adultos. Nós,
dessa maneira, demonstramos respeito pelos enlutados e honra pelo falecido.
Significativamente, no entanto, é considerado por muitos mais importante
fazer os serviços na casa do falecido se ele não deixou
pessoas enlutadas, e quando o cadish não precisa ser recitado e
a shivá não é observada. O Talmud (Shabat 152b) registra
que Rabi Yehuda, o Príncipe, reunia um minyan para acompanhá-lo
numa visita de condolências à casa de alguém que morrera
na vizinhança e não deixara enlutados. Após a shivá,
Rabi Yehuda via o falecido num sonho e ouvia dele que ficara confortado
e sentindo-se melhor por causa da presença do minyan. Portanto,
se ocorrerem duas mortes numa comunidade que pode formar apenas um minyan,
e um dos falecidos deixou enlutados e o outro não, o serviço
deve ser feito na casa do falecido que não é pranteado.
O Enlutado e o Minyan
1 – Se os enlutados podem conseguir emprestado um Sêfer Torá,
devem fazê-lo, mas devem providenciar para ele um local limpo e
de honra na casa. Será lido a cada serviço às segundas-feiras,
quintas e sábados (manhã ou tarde, quando os enlutados preferirem
rezar em casa).
2 – Os serviços não precisam ser feitos na casa se
o falecido era uma criança com menos de um ano. Nos locais onde
esses serviços são realizados, no entanto, são feitos
somente em homenagem ao falecido, para que possam permanecer em casa durante
a shivá.
3 – O enlutado adulto é contado como parte do minyan.
4 – O enlutado pode liderar o serviço. Embora alguns costumes
locais desencorajem isso, o peso de opiniões eruditas insiste em
que o enlutado o faça.
5 – Se não há como reunir um minyan, o enlutado deve
sair da casa da shivá para comparecer aos serviços com a
congregação, ou deve rezar em casa? Embora exista controvérsia
rabínica sobre esse ponto, muito depende do comprometimento do
enlutado em observar a shivá. Se o fato de sair de casa o tentará
a engajar-se em outras atividades enquanto está fora, é
melhor que não compareça a serviços públicos.
Se, no entanto, ele não abusa dessa concessão, o enlutado
não deveria ser privado do privilégio de recitar o cadish
e rezar com um minyan.
No entanto, ele deveria primeiro fazer todos os esforços para assegurar
um minyan em casa, tanto para o serviço matinal como para o noturno.
Se isso não for possível, o minyan deve ser assegurado pelo
menos para um dos serviços, manhã ou noite, e ele pode então
ir à sinagoga para o outro serviço. Isso não ocorrendo,
ele deve ter em mente as exigências de shivá, e ir à
sinagoga mais próxima para ambos os serviços, de manhã
e à noite. Na sinagoga, ele não deve sentar-se em seu lugar
costumeiro, como que indicando alguma mudança em seu status pessoal
durante o luto.
6 – [O enlutado não deverá colocar tefilin no primeiro
dia de luto.]
Mudanças na Ordem do Serviço
Listamos a seguir diversas mudanças na ordem do serviço
pertinentes ao minyan inteiro quando é feito na casa do enlutado.
Serviços diários
Tachanun não é recitado; ”el erech apayim”,
“lamenatzeiach”, e “va'ani zot briti” não
são recitados. “Titcabel”, na recitação
completa do cadish, não é recitado, segundo alguns usos.
Muitos costumes locais exigem sua recitação.
“Hodu” antes dos serviços de minchá não
devem ser recitados pelo enlutado. O serviço da véspera
do Shabat deve começar com “mizmor shir le'yom ha-shabat”,
omitindo “lechu neranená” e os Salmos introdutórios.
“Birchat me'en sheva” não é recitado. “Shalom
Aleichem” não deve ser recitado à mesa, mas zemirot,
canções de Shabat, podem ser entoadas.
Serviços de Shacharit no Shabat
O enlutado não pode recitar uma aliyá (o chamado para recitar
a bênção sobre a Torá). Nos dias de semana,
ele deve recusar a honra mesmo após ter sido chamado publicamente.
No Shabat ele deve evitar receber a homenagem, embora seja um Cohen ou
Levi, mas se não houver outra pessoa disponível, ou se for
chamado por engano, deve aceitar a honra. Sua recusa de uma aliyá
no Shabat seria considerada luto em público, o que é proibido.
O enlutado deve ser chamado, no entanto, para levantar ou atar a Torá,
ou para removê-la e colocá-la novamente na Arca Sagrada,
mesmo em dias de semana.
Se o enlutado esteve gravemente enfermo e se recuperou, pode recitar a
bênção de gratidão, o “birchat ha'gomel”,
antes de todo o minyan, mas sem receber uma aliyá. “Av harachamim”
é recitado neste serviço domiciliar.
Serviços de Minchá no Shabat
“Tzidkat'cha” é recitado, embora seja o equivalente
a “Tachanun” que é omitido nos dias de semana, e”
va'ani tefilati” é omitido.
Conclusão do Shabat
“Vi'yehi noam” não é recitado, segundo alguns
costumes; “ve'yiten” deve ser recitado; a havdalá deve
começar a partir das próprias bênçãos,
omitindo a introdução, “hinê”, se o próprio
enlutado a recita.
Nas festas judaicas, se o enlutado é um Cohen, ele não deve
participar na Bênção Sacerdotal, mas deixar o minyan
antes de sua recitação.
Hallel
O “Hallel” não é entoado na casa do enlutado
porque fala de júbilo, que não combina com luto, e porque
inclui a frase: "Os mortos não devem Te louvar", considerada
uma zombaria ao falecido quando é recitada durante a shivá
na casa enlutada. Um consenso de opinião rabínica observa
as seguintes orientações com referência à recitação
de “Hallel” na casa enlutada.
1 – Em Rosh Chôdesh: Se o serviço é feito na
casa do falecido, o “Hallel” não deve ser recitado
no serviço em si, mas os indivíduos podem recitá-lo
em suas próprias casas. Se é feito na casa do enlutado que
não é a casa do falecido, o enlutado deveria se ausentar
enquanto o restante do minyan recita o “Hallel” .
2 – Em Chanucá e outros dias festivos: Todos os membros do
minyan devem recitar o “Hallel” individualmente após
o serviço, se ainda não o fizeram. Da mesma forma, se o
“Hallel” deve ser dito num feriado que coincide com o último
dia de shivá (quando a shivá termina com a conclusão
dos serviços), não deveria ser recitado no serviço
propriamente dito, mas todos devem recitá-lo mais tarde, individualmente.
“Avinu malkenu”, durante os Dez Dias de Arrependimento, deve
ser recitado.
O Salmo 49 é recitado em todo serviço matinal e noturno
na casa do enlutado. Algumas tradições insistem que essa
recitação seja feita também após o serviço
de minchá. Nos dias em que “Tachanun” não é
recitado, o Salmo 17 é substituído às vezes. No Shabat,
chol hamoed e Purim este Salmo, também, é omitido. |