Leis de Luto para os Cohanim

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  Por Rabino Shamai Ende – do Livro “Últimos Momentos”
 

1. É proibido a um Cohen se impurificar (o conceito impurificar não tem conotação pejorativa. Muito pelo contrário, o cemitério é chamado de um ´campo santo). Impureza significa um estado abstrato que pela lei judaica recaem certas proibições em relação ao contato com um morto. Ou seja, um Cohen não pode tocar num morto, nem mesmo por intermédio de um objeto, ou uma roupa, nem tocar num caixão onde se encontra um morto, nem carregar um morto sem tocar nele, nem mesmo pode estar em ambiente onde se encontra um morto como detalharemos adiante.

2. Esta proibição só diz respeito aos homens cohanim; uma mulher que é filha de um Cohen ou que esta casada com um Cohen não possui esta proibição.

3. É proibido a um Cohen ficar num espaço de 4 ´amot´ (aproximadamente 2m) de um morto ou de um túmulo, mesmo ao ar livre.

4. Um Cohen não pode ficar sob o mesmo teto de um morto, sendo-lhe proibido entrar em um prédio onde haja um morto, mesmo que este tenha vários andares e o morto esteja em um deles. Como também não pode passar sob uma árvore ou galho, que sob um de seus lados se encontra um morto ou um túmulo.

5. A proibição de tocar ou carregar recai até mesmo sobre um morto não judeu, porém a proibição de estar sob um mesmo teto recai apenas sobre um morto judeu. No entanto, deve-se proibir a um Cohen passar sobre um túmulo, mesmo de um não judeu.

6. O Cohen não pode entrar num prédio onde se encontra um judeu moribundo, e se já está no prédio, deve sair. Como também, se o Cohen foi noticiado que ocorreu um falecimento no prédio onde se encontra, deve sair de lá de imediato.

7. O Cohen não pode entrar num hospital no andar do velório quando lá se encontra um morto, porém, caso este andar tenha uma saída independente, ele pode ficar nos outros andares, se não há conexões abertas para este andar.

8. Todas as proibições recaem tanto para um morto como para qualquer órgão ou parte de seu corpo, inclusive a um órgão amputado ainda em vida, como também recaem sobre um feto abortado.

9. Existem idéias que permitem ao Cohen entrar no cemitério, se ele se

cuidar de não se aproximar de um túmulo ou do morto guardando uma distância de 4 amot, e cuidar-se de não ficar sob o mesmo teto, ou copa de árvores. Costuma-se basear nestas idéias em caso de necessidade como num enterro de parente ou amigo próximo, mas não desnecessariamente.

10. Mesmo um Cohen abaixo de bar-mitsvá não pode ser impurificado, e se ele transgredir uma das leis acima, seu pai deve admoestá-lo.

A mitsvá de se impurificar por um parente

11.A proibição acima recai sobre qualquer morto, exceto um dos sete parentes a seguir, e do ‘met mitsvá’ (significa um falecido judeu que foi encontrado no caminho, ou que faleceu entre goim e não tem nenhum judeu para enterrá-lo a não ser o Cohen. Porém caso o Cohen possa chamar outra pesoa para enterrá-lo deverá fazê-lo, recaindo então a proibição de “se impurificar por ele”.)Estes são os parentes que um Cohen deve se impurificar por eles: O pai; a mãe; o irmão por parte de pai (a Torá só permite se impurificar, quando se trata de irmão por parte de pai) (Apesar que nossos sábios instituíram que deve-se enlutar mesmo por irmão por parte de mãe).; a irmã por parte do pai (porém não quando ela for casada, divorciada ou viúva; Vide Vaicrá 21,3). Irmã solteira e virgem; o filho; a filha; e a esposa. 12. Caso tenha falecido um destes sete parentes, o Cohen tem a obrigação de se impurificar por eles, indo ao cemitério e participando do enterro, podendo tocar no morto e carregá-lo, fazendo tudo o que é necessário, mesmo que a Chevra Kadisha esteja cuidando de todo o processo.

13. Caso tenha falecido um destes sete parentes, ele pode ficar na casa onde se encontra o morto até o enterro, pois ele pode ser útil, principalmente para evitar qualquer desrespeito ao falecido como uma autópsia, ou algo parecido. No entanto, caso ele não possa ser útil de nenhuma forma, como por exemplo, no shabat que nada é feito pelo falecido, ele não pode estar presente. Como também, o Cohen parente não pode fazer a shmirá do morto, salvo se não tem outro para fazê-lo.

14. É permitido ficar no local na hora que são recitados os discursos fúnebres.

15. Um Cohen pode cerrar os olhos de seu pai falecido, se assim é o costume local.

16. Só é permitido ao Cohen se impurificar por seu parente se seu corpo estiver completo, isto é, não estiver faltando nenhum órgão, nenhum membro. Porém, caso estiver faltando uma parte do corpo, mesmo um órgão interno, ou se ele foi assassinado, é proibido ao parente Cohen se impurificar. Neste caso um rabino deve ser consultado para saber como agir.

17. Na hora que o Cohen participa do enterro de um parente, este não pode se impurificar por outros mortos. Portanto, se para chegar a seu túmulo o Cohen precisa passar por outros túmulos, é proibido fazê-lo, permanecendo distante. Por este motivo, em todas as comunidades judaicas costuma-se enterrar os pais de cohanim próximos da entrada do cemitério e no inicio das fileiras, para permitir os filhos se aproximarem na hora do enterro.

A permissão de se impurificar vigora somente até o enterro. Portanto, logo após o início da mitsvá de cobrir o corpo com terra, o Cohen deve se afastar do túmulo, permanecendo distante ao recitar o cadish. A partir deste momento, é proibido ao Cohen tocar no túmulo de seu parente, mantendo sempre a distância deles no mínimo de 4 amot (aproximadamente 2m) ao visitá-lo, se realmente for necessário fazê-lo, como por exemplo, no shloshim (30 dias), na inauguração da matzevá e no Yahrtzeit.

 

 

 
   
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