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1.
O ideal seria colocar o corpo diretamente na terra sem nenhuma interrupção,
deitado de costas, e nas laterais, deveria se colocar madeiras e sobre
elas uma tábua para impedir que a terra caia sobre sua face. Porém
atualmente, o costume em muitas cidades fora de Israel é enterrá-lo
em caixão. No entanto, para que ele seja colocado diretamente na
terra, costuma-se fazer vários orifícios na parte inferior
do mesmo. Geralmente, os membros da Chevra Kadisha fazem estes orifícios
na hora da lavagem do corpo.
2.O costume judaico é de adquirir o local do cemitério aonde
a pessoa será enterrada com dinheiro próprio (Nossos sábios
explicam que após o enterro em local próprio, o corpo fica
protegido de forças negativa, que não tem direito de entrar
em propriedade particular. A Torá deixa claro, para que ninguém
tenha dúvidas no futuro ou venha a questionar, a compra que nosso
patriarca Avraham realizou ao fazer questão de comprar o local
para enterrar sua esposa Sara, Marat Hamachpela. Este local foi destinado
para seu próprio enterro, bem como de seu filho, neto e respectivas
esposas. Muitos costumam comprar seu local no cemitério ainda em
vida por ser uma segulá – receita – para uma longa
vida) mesmo se a pessoa for pobre. De preferência deve adquirir
o local ainda em vida, ou pelo menos antes do enterro. Caso os filhos
não se encontram no local, pode-se tirar de seus bens para o enterro
(contanto que seja uma taxa fixa igual para todos). Deve-se tomar o máximo
cuidado para não atrasar o enterro de forma alguma por questões
monetárias, para não chegar a transgredir uma proibição
da Torá.
3.Os responsáveis pelo pagamento e por todos os detalhes do enterro,
em primeiro lugar são os filhos. Caso não teve filhos homens,
as filhas, e em seguida todos que o herdam. Como também, a eles
cabe a responsabilidade de garantir que o enterro seja feito em local
e de forma respeitável, a altura do falecido. O marido é
o responsável pelo enterro da esposa.
4.A profundidade da cova deve ter pelo menos pouco mais de 80cm, porém,
costuma-se por motivos cabalísticos cavar uma cova onde caiba uma
pessoa mediana de pé. Entre um túmulo e outro, se for possível,
deve-se ter pouco mais de meio metro, porém muitos cemitérios
judaicos atuais fazem paredes bem mais finas, e tem em que se basear.
5.Deve-se enterrar os filhos o mais perto possível de seus pais
(dando preferência ao pai antes da mãe) e familiares, sendo
que em túmulos da mesma família não há necessidade
de afastá-los conforme a medida acima. Como também tem os
que costumam colocar a esposa ao lado do marido, sendo que se esta foi
casada duas vezes, sabe-se quais dos dois ela mais gostava, ou com qual
dos dois ela teve filhos, coloca-se ao lado do mesmo. Se não existe
diferença, deve ser enterrada ao lado do segundo. Muitos costumam
sempre dar preferência ao segundo marido. No entanto, em muitos
cemitérios os homens são enterrados em locais separados
das mulheres.
6.As cinzas de corpos que foram cremados por acidente, (em acidentes de
carro ou avião por ex.) devem ser enterradas também no cemitério
judaico recaindo sobre os parentes todas as leis de luto, o que não
ocorre com os que foram cremados propositadamente.
7.Deve se tomar o cuidado de apenas judeus cobrirem o túmulo com
terra, sendo que cada um joga um pouco de terra para participar da mitsvá,
até preencher o túmulo. Deve-se tomar o cuidado de não
passar a pá de mão em mão, (Pois é como que
estivesse passando uma desgraça de um para outro) sendo que cada
um deixa a no chão após o uso e o próximo pegará
a mesma do local deixado pelo primeiro.
8.Ao jogar a terra sobre o túmulo, cada um deve recitar três
vezes o versículo “Vehu Rachum...” e vários
outros versos evocando a presença Divina junto ao falecido.
Tsiduc hadin e Cadish
1.Ao cobrir o caixão de terra recita-se o “Tsiduc Hadin”
(afirmamos neste trecho, nossa fé na Justiça Divina, recitando
vários versículos com este tema. O correto seria recitá-lo
logo após o falecimento. Porém se espera para recitá-lo
na hora do enterro, onde se encontra um público maior. Muitos costumam
recitá-lo duas vezes, uma vez antes do corpo abandonar o local
do falecimento, quando só os enlutados o recitam, e na hora do
enterro, onde recitam também todos o que se ocupam do enterro.)
Nos dias que não se recita “Tachanun”, não se
recita o “Tsiduc Hadin”. O mesmo é válido para
as vésperas de shabat, Yom Tov e Rosh Chodesh após o meio
dia, e na véspera de Rosh Hashaná e Yom Kipur, mesmo antes
do meio dia. Porém na véspera de outras datas festivas após
o meio dia, mesmo que não se recita o “Tachanun”, deve-se
recitar “Tsiduc Hadin”. No entanto, este não é
recitado a noite.
2. O “Tsiduc Hadin” é recitado sobre falecidos homens,
mulheres e crianças a partir de 30 dias. Sobre fetos, ou crianças
menores de um mês, ou sobre cinzas, não é recitado.
3. Após recitá-lo costuma-se falar o Salmo 49. Em seguida,
após terminar de preencher totalmente a cova de terra, os enlutados
tiram os sapatos e recitam um cadish especial: “Dehu atid leitchadata..”.
Nos dias em que o “Tsiduc Hadin” não é recitado,
este cadish também não o é. Neste caso recita-se
apenas o Salmo 49, e em seguida o enlutado recita o Cadish Yatom.
Shurá – a fila de consolo
4. Após o Cadish, faz-se uma fila entre os presentes, de pelo menos
dez pessoas, e os enlutados (somente os homens maiores de bar-mitsvá)
passam entre as filas, já sem os sapatos, e os presentes consolam
o falecido com as palavras: “Hamacom Yenachem etchem betoch shaar
avelei tsion viyerushalaim” – “D’us os consolará,
junto com os demais enlutados de Tsyion e Jerusalém”. Em
seguida o enlutado volta para casa já sem o sapato. Se isto não
for possível, deve colocar dentro do sapato um pouco de terra,
e ao chegar em casa deve retirá-lo. Muitos costumam trocar os sapatos
somente ao chegarem em casa.
[Existe o costume de formar uma fila de mulheres para que
as mulheres e moças enlutadas passem entre elas e os homens formem
uma fila separada para que apenas os homens e rapazes enlutados passem
entre eles. Em ambos casos é pronunciado “Hamacom ...”]
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