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Quando
morre um ente querido, desejamos fazer todo o possível para honrar
sua memória, de levar mérito adicional à sua alma.
Na tradição judaica, uma maneira de homenagear o falecido
é dizer o Cadish, a afirmação pública da crença
em D’us.
Porém os Sábios falam sobre um método ainda mais
poderoso para elevar a alma que se foi: o estudo da Mishná, o código
legal judaico que forma a base do Talmud. Na verdade, o Chidah, o lendário
mestre da Cabalá, declara que o mérito do estudo da Mishná
vale sete vezes o da recitação do Cadish.
De que maneira? A palavra Mishná é composta das mesmas letras
que Neshamá – alma. É através da Torá
que D’us firmou Seu pacto eterno com a nação judaica.
Assim, é o estudo de Torá, especialmente da Mishná,
que simboliza a conexão da alma com os alicerces da história
judaica e seu vínculo espiritual eterno com D’us.
Beneficiando o Falecido
O Talmud diz que em Rosh Hashaná, D’us daz um Din v’Cheshbon
– um julgamento e um balanço. O Vilna Gaon explica que estes
são dois elementos separados; 1) a pessoa é responsável
por suas ações no ano anterior, e 2) D’us também
contabiliza as ações que a pessoa influenciou outros a fazerem.
Uma pessoa falecida não pode mais desempenhar ações
neste mundo, e portanto é incapaz de adquirir novos méritos
de maneira direta. Porém pode continuar as influenciar as ações
dos outros.
Assim, ao adotar o estudo da Mishná, o mérito pode ser designado
em benefício de seu ente querido que se foi – pai, avô,
ou amigo.
Organizando o estudo da Mishná
Para muitas pessoas, no entanto, o estudo da Mishná é muito
difícil de ser organizado corretamente. Os 63 tratados da Mishná,
divididos em 6 Ordens que cobrem 525 capítulos e 4200 leis detalhadas,
abrangem assuntos tão diversos quanto delitos, ética comercial,
leis agrícolas, problemas conjugais, festas e praticamente tudo
que existe sob o sol. A amplitude da Mishná é tanta que
raramente chega a ser dominada, mesmo por eruditos que passam muitos anos
mergulhados em estudo intensivo.
Além disso em complexidade está o Talmud, o compêndio
maciço que explica a Mishná. O Talmud consiste em 5.442
páginas; algumas pessoas não conseguem completar a leitura
do Talmud sequer uma vez durante toda a vida.
O estudo de Mishná/Talmud é feito geralmente nos primeiros
12 meses que se seguem a um falecimento, com uma ênfase especial
a estudar toda a Mishná dentro no período inicial de 30
dias. Porém isso pode ser feito também no yahrtzeit anual,
ou a qualquer outro tempo. Não há um estatuto de limitações
para a capacidade da pessoas de elevar a alma do falecido.
Representaria uma fonte significativa de mérito ter a Mishná
ou o Talmud estudado em memória de seu ente querido – aumentando
a santidade e a paz de sua alma eterna.
Morte e Luto
A tradição judaica valoriza a vida. A Torá foi dada
a Israel para que “vocês vivessem” pelos ensinamentos
e “não morram por eles”. A morte não encerra
virtude, pois “Os mortos não podem louvar ao Senhor…”
(Tehilim 115:17).
Apesar disso, a tradição judaica tem sido realista sobre
a morte. “Pois és pó e ao pó retornarás”
(Bereshit 3:19), “mas o espírito retorna a D’us, que
o concedeu” (Cohêlet 12:7). Disse Rabi Johanan “O fim
do homem é a morte” (Berachot 17a). Em resumo, todos morreremos.
Em si, a morte não é uma tragédia. Aquilo que chamamos
de “morte trágica” é determinado pela natureza
antecipada da morte ou das infortunadas circunstâncias que a provocaram.
Quando uma morte pacífica encerra uma longa vida que foi abençoada
com saúde e vitalidade da mente e do corpo, uma vida rica em boas
ações, então a morte não pode ser considerada
trágica – por maiores que sejam a perda e a tristeza. “Abençoado
aquele que foi criado na Torá e cuja labuta foi na Torá,
e age de modo a agradar ao seu Criador, e cresceu com um bom nome e partiu
com um bom nome. Sobre ele, Salomão disse: ‘Um bom nome é
melhor que o óleo precioso; e o dia da morte melhor que o dia do
nascimento’ (Cohêlet 7:1)” (Berachot 17a).
O mundo em que vivemos é visto como um corredor que leva a um outro
mundo. A crença numa outra vida, no Mundo Vindouro (Olam Habá),
onde o homem é julgado e onde sua alma continua a florescer está
imbuída no pensamento judaico. “Todo Israel tem uma porção
no Mundo Vindouro” (Mishná Sanhedrin 11:1).
Porém quanto mais merecedor é o indivíduo, maior
é a perda para os vivos. Quanto mais importante ele era para aqueles
ao seu redor – família, amigos, comunidade – maior
a dor e mais profunda a angústia. As tradicionais observâncias
judaicas cercando a morte e o luto têm a finalidade de manter a
dignidade do falecido e confortar a dor daquele momento.
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