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  A Vida através dos olhos de uma criança
  Por Leah Fine  
 

Eles jogaram talco sobre o tapete, puxaram o cabelo do bebê, perguntaram à convidada por que ela é tão gorda. O que eles estavam pensando?

Lembra-se de você caminhando para a casa da sua infância, contando os passos até finalmente chegar ao fim daquele longo, longo quarteirão? Lembra-se como as mãos do seu pai pareciam grandes e fortes nas suas? Lembra-se quando sua mãe lhe disse para arrumar o quarto e você olhou em volta com desespero, sem saber por onde começar?

Poderíamos conseguir muito mais como pais se pudéssemos ver as coisas através dos olhos de uma criança! Vamos entrar numa jornada ao passado, para ver a vida novamente dessa maneira.

“Ele me bateu!”
“Ele me bateu primeiro!”:
“Não bati! Ele começou!”
“Eu não fiz nada! Foi ele que começou!”

A verdade é que ambos estão absolutamente certos, sob os próprios pontos de vista, explica a Sra. Tzipora Koslowitz, psicóloga escolar em Lakewood e candidata ao doutorado em Psicologia na Universidade de New York. Uma das características da infância é o egocentrismo, uma completa e total concentração em si mesmo.

Nosso primeiro veículo para aprender somos nós mesmos. Quando bebês, tentamos todos esses experimentos: “Que gosto tem o barro?” “Como posso andar sem cair?”

Através da experimentação, tentativa e erro, a criança aprende, mas sempre através das lentes de sua própria experiência e percepção. Para a mãe, um pedaço de barro pode ser nojento, mas para o bebê, é algo fascinante pela cor, textura e gosto.

Podemos ver egocentrismo em nossas crianças pequenas, também. Um garoto de três anos coloca óculos verde-escuro e diz, rindo: “Fiz o mundo ficar verde!”

Uma criança de cinco anos gira até ficar tonta e diz: “O mundo está girando.”

Para crianças muito pequenas, o primeiro caminho para o aprendizado é a experiência pessoal. Esta opinião egocêntrica significa que as crianças podem ser bastante, ousadas, insensíveis, sem tato. Pode estar tão concentrada na sua própria percepção da situação que quando você lhe diz: “Não vê como Chaim se sente quando você diz que ele não pode fazer parte do jogo?” A resposta sincera poderia ser: “Não, não vejo. E não posso ver mesmo quando você me mostra isso, porque estou numa idade em que estou totalmente absorvido em mim mesmo, ainda não preparado para pensar sobre os outros.”

Sra. Koslowitz: “À medida que as crianças crescem, interagem com outras crianças, começam a perceber que há outras maneiras de entender uma situação. A princípio, irão apenas ouvir a percepção de outra criança sobre a situação. Por exemplo, se girar e disser “Eu fiz o mundo girar,” um colega poderia dizer: “Não, o mundo não está girando, é você que está.”

Este processo é conhecido como descentralização, quando a criança nota que há uma realidade externa, e que podem existir outras perspectivas que não a dela.

“Habilidades interpessoais também passam por um processo de descentralização. Inicialmente, as crianças veem as outras como instrumentos para conseguirem o que desejam. Um bebê a princípio vê a mãe como aquela que lhe alimenta, que lhe abraça quando chora. O fato de que a mãe é uma entidade separada pode ser uma percepção dolorosa para a criança. Porém à medida que os filhos entendem que mãe é uma pessoa com necessidades e sentimentos, podem também perceber que outras crianças têm necessidades e sentimentos. Sua capacidade de formar um relacionamento com a mãe as levará a sentir empatia e compaixão por outras crianças. Se Yanki apanha algumas flores para a mãe porque sabe que isso a deixará contente, ele também aprenderá a deixar Chaim fazer parte de uma brincadeira, porque vê que isso o deixa feliz.

Algumas crianças parecem adquirir sensibilidade naturalmente à medida que crescem. Para outras, a única maneira de inculcar sensibilidadde é ensinando a capacidade de “ficar no lugar do outro”. Nas palavras da Sra. Koslowitz, estamos ensinando a criança a “ler a mente”. Como demonstramos ao ensinar, os sentimentos do próximo se tornarão mais tangíveis à criança. “Oh! Sarah parece tão triste, sentada ali sozinha! Vamos lá convidá-la para brincar.”

Vivendo no Momento
“Crianças pequenas não têm a capacidade cognitiva de ver as futuras consequências de suas ações,” declara a Sra. Koslowitz. “Vão fazer aquilo que quiserem, sem pensar nas consequências.” Isso poderia explicar por que o pequeno David acaba de derramar um copo inteiro de suco de laranja no chão, embora eu tenha dito a ele uma centena de vezes: ‘Peça ajuda se o copo estiver cheio!’

Uma criança não tem ideia da destruição que está causando. Está tão absorvida na sensação de jogar baldes de água para fora da banheira que não pensa na imensa quantidade de água vazando pelo teto do vizinho do apartamento de baixo.

Lembra-se de ter ficado parado na porta esperando impaciente enquanto sua mãe lhe dizia: “Vamos sair em um minuto,” após o que ela continuava a conversar com a amiga por um tempo que para você pareciam horas? Lembra-se de ter ficado completamente absorto na beleza de uma borboleta enquanto sua mãe o chamava freneticamente para entrar no ônibus escolar?

“As crianças não têm um bom senso de tempo,” diz a Sra. Koslowitz. “O senso de tempo é uma capacidade cognitiva que envolve a habilidade de fazer duas coisas ao mesmo tempo: concentrar-se na tarefa que está fazendo, enquanto também está consciente da passagem do tempo. As crianças tendem a ficar completamente absorvidas naquilo que estão fazendo.

“A maioria dos adultos tem um ‘relógio’ na cabeça. Porém uma criança que está brincando lá fora não sentirá que ‘está ficando tarde, preciso ir para casa.’”

Monstros debaixo da cama

Para as crianças, os temores são reais. Não importa que não existam monstros, ou que Haman esteja morto há séculos. O mundo imaginário de uma criança está muito vivo, tão real como se ela pudesse vê-lo e tocá-lo.

“Não ajuda dizer às crianças que estão sendo irracionais,” afirma a Sra. Koslowitz. “Mesmo que o medo soe ridículo para você, não ria. Para elas, é real e assustador. Os pais tendem a cometer o erro de argumentar com as crianças sobre os medos delas. Porém o importante numa forte reação emocional é que as emoções não são lógicas. Se fossem, o medo, para começar, jamais existiria!

“Quando os adultos têm um temor, podem decidir cognitivamente: ‘Se isso acontecer, farei isso ou aquilo.’ As crianças precisam ser ensinadas a criar estratégias para se visualizarem dentro daquela experiência. Reconhecer o medo da criança, dar-lhe um nome, e então ajudar a criança a superar aquilo são táticas úteis. ‘O medo está tentando prender você, mas você vai conseguir vencê-lo!’

“Também ajuda levar o medo a sério. Por exemplo, eu vi um menino pequeno com grande pavor do fogo. O medo o impedia de dormir à noite; ele esperava até que todos fossem dormir, para ele poder checar o fogão e assegurar que não havia nenhum fogo aceso.

“Durante a terapia, levamos o medo dele muito a sério. Investigamos todas as coisas certas a fazer se de fato houvesse um fogo. Escrevemos ao Corpo de Bombeiros e recebemos um pacote de segurança contra incêndio para a casa dele, e seguimos a lista inteira, até mesmo comprar uma escada para a janela dele. Isso o acalmou, porque sempre que o medo voltasse, ele poderia dizer a si mesmo: ‘Eu sei a coisa certa a fazer em caso de fogo; não tenho mais medo.’ Bem, alguns meses depois, realmente aconteceu um pequeno incêndio na casa dele. O menino permaneceu completamente calmo durante o incêndio. Ele tinha enfrentado seu maior medo e vencido.”

Alternativamente, os pais podem entrar na fantasia, e ajudar a criança a chegar à melhor conclusão: “Se algum monstro chegar para pegar você, nós bateremos nele com este espanador e então faremos cócegas nele até rir tanto que não conseguirá mais ficar de pé!”

Na verdade, a imaginação da criança pode transformar sua realidade. Como afirma a famosa citação de Rab Yisroel Salanter, afundar o barco de brinquedo de uma criança é tão trágico para ela quanto o naufrágio do navio de um adulto para este adulto. Para a criança, o brinquedo é real, e tremendamente importante.

Intensidade
“As crianças não podem tolerar a ambiguidade de sentimentos agridoces,” continua a Sra. Koslowitz. Elas não têm as ferramentas para negociar com emoções sutis.” Uma ilustração típica é quando uma criança parece descartar qualquer conexão com a professora que antes amava. A mistura agridoce de terminar um ano escolar maravilhoso pode levar uma criança a dizer: “Eu não gostava mesmo da Morá Ruth!”

As crianças são intensas. Sua intensidade as leva a fazer declarações fortes. Às vezes, os pais ficam nervosos com as palavras que os filhos usam. Por exemplo “Eu odeio meu irmão! Queria matá-lo!” não é motivo para os pais entrarem em pânico.

“Ouça a intenção, não as palavras,” sugere a Sra. Koslowitz. ‘Você me odeia’ na verdade significa ‘Eu me sinto odiado’. Somente em raros casos palavras como ‘Eu quero matá-lo’ realmente querem dizer isso. Geralmente, é uma expressão de forte raiva, e não uma verdadeira intenção. Dizer: ‘Não, você não deseja matá-lo’ nega completamente a mensagem da criança, que é ‘Estou realmente furioso com ele!’

“Aceite a mensagem. Diga: ‘Você está tão, tão furioso com Yossi por ter derrubado seu castelo de Lego que você estava guardando para mostrar ao Tati [pai].’ Esta não é a hora para um discurso todo sobre a escolha de palavras dele.”

O trabalho do pai ou da mãe
Após enxergar a vida sob o ponto de vista de nossos filhos, como podemos ajudá-los?

“O trabalho dos pais,” explica a Sra. Kos;owitz, “é construir pontes para eles. Ajudá-los a dar aquele salto cognitivo e conectar os pontos. Explique as coisas aos seus filhos. As crianças concordarão freqüentemente com a sua lógica, e você estará lhes ensinando como os adultos pensam.

“E principalmente, ouça seus filhos. Há uma lógica subjacente naquilo que eles estão dizendo. Muitas vezes, eles estão dizendo a você exatamente qual é o problema, se você se der ao trabalho de ouvir. Tente lembrar-se do ponto de vista da criança, e comunique aquilo que você entende. Então eles estarão prontos a escutar a perspectiva do adulto.”

Adolescentes
Os adolescentes também têm suas próprias percepções. Em algumas maneiras, são ainda mais difíceis que os menores. Quando se espera que os adolescentes pensem e se comportem como adultos, mas os tratamos como crianças, ninguém deveria ficar surpreso se a visão deles sobre a vida e os pais é diferente daquela dos adultos.

Os jovens são vulneráveis. O medo insuportável de fracassar, a sensação de estar sendo constantemente vigiado e julgado por uma plateia imaginária, e as inevitáveis perguntas sobre a própria identidade são intrínsecas aos anos da adolescência. Eles são idealistas, não realistas, prontos a atacar o mundo e seus desafios com nada além da força de vontade.

Lembra-se como era ser adolescente? Os altos e baixos, quando ganhar a aceitação de um grupo era a meta suprema e imperativa?

“O maior paradoxo para um adolescente,” explica Rabino Ezra Max, um conselheiro especializado em trabalhar com pais e adolescentes, “é ser considerado um adulto e uma criança ao mesmo tempo. Os adolescentes estão tentando entender a própria vida e assumir o controle. Quando seus esforços são bloqueados por adultos bem intencionados, isso pode levar a muita frustração e baixa auto-estima.”

A níveis extremos de frustração são responsáveis pelas famosas descrições que muitas vezes se atribui aos adolescentes: desafiadores, teimosos, mal-humorados, egoístas.

Para os adolescentes mais velhos, o tempo da educação convencional já passou. Durante estes anos, os pais devem aprender a fazer a transição do papel de “pai como gerente” para “pai como consultor”.

Anacronismos

A tecnologia atual é diferente do que era. Por mais bem informados que os pais possam ser, estão ultrapassados. Jamais ficarão tão à vontade com todo esse equipamento como seus filhos estão.

“Eu vi um garoto enviando uma mensagem de texto com três sentenças, enquanto estava dirigindo por uma rua movimentada, sem olhar uma vez sequer para o telefone!” diz Rabino Max. “Não há como fugir desse fato: a tecnologia continua a acontecer à velocidade da luz. Em vez de viver tentando negar isto, é importante que os pais ensinem aos filhos as habilidades exigidas para lidar com a tecnologia. Seria uma boa ideia os pais criarem um diálogo com seus adolescentes sobre os perigos de enviar uma mensagem de texto enquanto se está ao volante.”

Os testes de trinta anos atrás empalidecem em comparação àqueles aos quais os jovens estão expostos atualmente. Como pais, é nossa responsabilidade aprender o máximo possível sobre o mundo de nossos jovens, e ensiná-los a viver neste mundo.

A antecipação da batalha
Você se lembra de ter passado da sua hora de chegar em casa quando adolescente? “Como pôde fazer isto?!” dizia o adulto encarregado. “Não sabe que tem de estar em casa às dez da noite?”

“Os pais cometem o erro de pensar que a batalha não era planejada,” explica Rabino Max. “Porém seu adolescente sabia o que estava para acontecer, e já tinha decidido não ceder. Você apenas acabava caindo naquele truque.”

Quando um filho chega à adolescência, sabe quais são as regras e expectativas da família. Se as quebrar, não foi por falta de as conhecer. Estava consciente das consequências, e decidiu ir adiante com seus planos mesmo assim, qualquer que sejam os motivos. Já sente uma certa quantidade de culpa por sair da linha e quebrar as regras.

Em vez de apelar para o mesmo padrão negativo de gritar com o jovem todas as vezes, faça uma mudança. Espere até o dia seguinte, quando você estará mais calmo. Leve seu filho para fora de casa e pergunte com sinceridade: “Você conhece as regras. O que está acontecendo?”

Não faça sermões. Sua reação à resposta dele deve ser algo do tipo “Eu escuto você. Vou ter de pensar a respeito e lhe dar uma resposta.” Aquele “Eu escuto você” transmite seu respeito pela perspectiva dele. Mais tarde, quando todos já se acalmaram, o assunto pode ser discutido de uma maneira mais carinhosa, e acordos podem ser refeitos, sem prejudicar o relacionamento entre pais e filhos.

Muitas batalhas começam porque uma das regras não negociáveis foi quebrada. No entanto, os adolescentes também têm seu próprio conjunto de regras não negociáveis. Quando surgem conflitos entre essas regras e suas necessidades, os pais devem encontrar soluções satisfatórias para atender às necessidades de todos, e tomar a iniciativa de fazê-lo.

“Se pelo menos você não fosse amigo de…”

Você já esteve numa situação na qual quis cortar seus laços com um amigo chegado? A maioria de nós se sentiria abalado, se não impotente. Como eu pude fazer isso com ele? estaríamos pensando.

Porém muitos pais esperam que seus adolescentes abandonem de repente e por completo amigos que os pais consideram ser influências negativas: “Apenas fique longe dele.” Além do enorme sacrifício que este passo exige de um jovem, a noção está baseada numa falácia: ‘Se pelo menos meu filho ficasse longe de Fulano, tudo seria perfeito.’

“A verdade,” diz Rabinoo Max, “é que amigos errados mais provavelmente são o sintoma de um problema, e não a causa.”

Além disso, ao tentar manipular amizades, os adultos podem estar manobrando os jovens para uma situação impossível. Nas palavras de uma moça da escola Beit Yaacov, que tinha sido rotulada como “um problema”: “As escolas são loucas. Não deixam as alunas más ficarem juntas, porque temem que elas influenciem umas às outras. Porém não deixam as alunas más ser amigas das boas, porque temem que as boas serão influenciadas. Então diga-me, com quem as más podem fazer amizade?”

A Clássica Síndrome do Desentendimento
Um dos cenários clássicos de Rabino Max: Pai e filha vão ao Kosher Coaching, o centro de aconselhamento que Rabino Max fundou e dirige.

“Como está seu relacionamento com a sua filha?” pergunta Rabino Max ao pai. “Fenomenal!” responde entusiasmado o pai. “Levo-a constantemente a todos os lugares. Às duas da manhã, preciso trazê-la da prática do coro para casa, e estou lá. Todos os dias, lhe dou dinheiro’ um dia ela precisa de vinte dólares para os livros, no outro quer cem dólares para fazer compras… Ora, é minha filha, e eu a amo.”

“Ela sabe que você a ama?” pergunta Rabino Max.
O pai lhe dirige um olhar incrédulo. “Claro que sabe!”
“Quando foi a última vez que você disse que a ama?”
Olhar confuso, o pai diz: “Tenho de dizer? Ela sabe!”
O pai vai embora, e a filha toma seu lugar. Mais uma vez, Rabino Max começa:
“Como está o relacionamento com seu pai?”
“Que pai?” responde amargamente a garota.
“Mas ele não leva você a todos os lugares?” pergunta Rabino Max.
“E daí?” responde ela. “Isso não quer dizer nada.”
“Ele lhe dá bastante dinheiro.”
“Ele pode guardar seu dinheiro!”
“Você sabe que seu pai ama você?”
Ela fica em silêncio, e seus olhos se enchem de lágrimas. “Não.”

As palavras “Eu te amo” não são opcionais apenas porque uma criança se torna adolescente; elas se tornam ainda mais importantes agora. Não existe essa coisa de “comprar” um jovem com objetos materiais. Pelo contrário: quando compramos coisas para eles numa troca para conquistar sua afeição, na verdade, eles nos possuem. Isso não os faz nos amar. Um refrão comum aos pais é “mas eu faço tudo para ele!” obviamente não basta.

Da mesma maneira que os adultos esperam reconhecimento e apreciação por parte do seu chefe, e não ficam satisfeitos apenas com o salário, os adolescentes precisam de confirmação de amor e aceitação verdadeiros. Mesmo que possamos odiar seu comportamento, ainda amamos nosso filho.

O dinheiro não é suficiente. Os favores não bastam. Os três aspectos mais vitais da paternidade, como Rabino Max gosta de reiterar, são: Relacionamento, Relacionamento e Relacionamento.



Filhos: Uma Definição
Talvez possamos concluir nossa pequena viagem à alameda da lembrança com um último pensamento. Após olharmos a vida através dos olhos de uma criança, uma coisa fica clara: As crianças são… pessoas. Pessoas como nós fomos, pessoas como somos agora. Pessoas que precisam de carinho e compreensão, daqueles que mais as amam: os pais.

 
 
       
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