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Na praça do
mercado de uma certa cidade em Israel, sentava-se um famoso astrólogo
que podia prever o futuro das pessoas. Naquele preciso instante passaram
dois alunos de Rabi Chanina, carregando machados. Estavam obviamente se
dirigindo aos bosques para cortar madeira para o Bet Hamicdash.
O astrólogo os viu à distância e disse ao povo que
o rodeava: "Estão vendo aqueles dois jovens caminhando ao
longe e conversando tão alegremente? Não sabem que a morte
os está espreitando na floresta. Olhem bem, e poderão ver
que eles não voltarão vivos."
Os dois estudantes continuaram seu caminho, alheios ao fato de que eram
objeto de conversas, principalmente de uma terrível previsão
como aquela.
Nos arredores da cidade, foram abordados por um mendigo que implorou por
comida.
"Tenham pena de mim, cavalheiros. Estou morrendo de fome; dê-me
algo para comer, por favor."
Embora os estudantes nada tivessem além de um pedaço de
pão cada um para enganar a fome pelo resto do dia, prontamente
repartiram seu lanche com o mendigo e seguiram seu caminho, continuando
a discutir os ensinamentos que tinham aprendido naquele dia com seu grande
mestre.
Logo após o sol se pôr, os estudantes estavam prontos a voltar
à cidade, tendo juntado toda a madeira que conseguiam carregar.
Caminhavam de volta alegremente como de costume, empreendendo animadas
discussões pelo caminho.
Ao se aproximarem da praça onde o astrólogo ainda entretinha
a multidão, houve uma certa comoção entre as pessoas
ao redor do astrólogo. Algumas delas começaram a zombar
do observador de estrelas: "Hei, seu profeta sabe-tudo! Há
dois cadáveres andando ali! Suas estrelas o enganaram. Os dois
estudantes parecem bem robustos e vigorosos, e perfeitamente vivos!"
O astrólogo, que não deixara de perceber os dois jovens,
estava genuinamente espantado, mas não ficou mudo.
"Mantenho ainda," disse ele, "que o fado de cada pessoa
está claramente escrito nas estrelas, se puder entender o que falam.
Estes dois jovens eruditos estavam definitivamente destinados a morrer
neste mesmo dia em um terrível acidente, mas de alguma forma conseguiram
enganar a morte. Logo descobriremos."
Ao dizer isso, o astrólogo elevou a voz, chamando os dois estudantes.
Quando chegaram até ele, disse-lhes: "Incomodam-se ser eu
verificar o que carregam nestes feixes?"
Os dois estudantes prontamente atiraram os dois feixes de gravetos no
chão. O astrólogo começou a esmiuçar a madeira,
e logo sua face se iluminou. Encontrou uma cobra morta, partida ao meio,
uma parte em cada feixe.
"Vejam," disse triunfante ao povo ao seu redor, "quão
próximos eles estiveram da morte. Estas serpentes são do
tipo mais letal; sua picada certamente significa a morte. Mas vejamos
o que aconteceu," continuou ele, voltando-se aos estudantes que lá
estavam, pálidos, por um lado assustados, por outro felizes de
terem escapado da morte. O astrólogo pediu-lhes para contar o que
havia acontecido naquele dia.
Os estudantes pouco tinham a dizer, exceto o incidente com o mendigo a
quem haviam alimentado a caminho do bosque.
"Entendem, meus amigos?" - exclamou o astrólogo. As estrelas
não erraram. Mas o D'us dos judeus pode ser apaziguado por uma
migalha de pão dada a um homem pobre! Aquele ato de caridade, pequeno
como possa parecer, salvou-lhes da morte certa e dolorosa!"
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