Uma rota para o equilíbrio | ||||
Por Rabi Yonason Goldson | ||||
O povo judeu é único no sentido de ser verdadeiramente um, não uma coleção de indivíduos juntando-se para formar uma nação, mas uma única alma coletiva dividida em entidades separadas. Cada um tem uma identidade definindo seu papel especial como parte integral do todo. Assim como o corpo humano não funciona adequadamente a menos que cada parte faça seu trabalho, assim também a neshamá judaica coletiva adoece quando os indivíduos que a compõem não cumprem suas responsabilidades. E quando o corpo não está bem, todas suas partes sofrem. O poder e responsabilidade a nós confiados por D'us são impressionantes, e as consequências de nossas falhas são potencialmente desastrosas. O Criador, em Sua infinita sabedoria, entendeu que a maioria de nós inevitavelmente tropeçaria de vez em quando durante nossa passagem pela vida neste mundo, portanto Ele construiu em Seu plano da criação um plano de emergência: quando uma pessoa tropeça, outra pode ajudá-la; quando algum judeu danifica o universo por agir de forma irrefletida ou descuidada, outro judeu pode reparar seu dano. Aqueles tsadikim, os justos que mergulham no estudo e prática da Torá de D'us, são a equipe da reparação. Ao atingirem níveis ainda mais elevados de entendimento e observância através de sua sensibilidade a cada nuance e entonação das palavras da Torá, retificam os enganos cometidos pelo restante de nós, e nos guiam em direção a um maior entendimento de nós mesmos, para que não erremos novamente. Nas palavras da porção desta semana da Torá há uma sutil alusão a estas ideias. Quando alguém reconta suas viagens, normalmente diz que viajou a um determinado lugar e lá permaneceu. A Torá, entretanto, ao recontar as jornadas dos filhos de Israel, emprega um fraseado estranho, sem mencionar chegada alguma. Além disso, a lista começa declarando: "E Moshê escreveu as suas saídas, conforme as suas jornadas… e essas são suas jornadas conforme as suas saídas." (Bamidbar 33:2); além da aparente inconsistência e redundância, o próprio significado do versículo é evasivo. As palavras deste versículo contêm o seguinte significado alegórico: em nossas jornadas pela vida, como as viagens dos filhos de Israel pelo deserto, às vezes "viajamos" para fora do caminho que D'us preparou para nós, e nos tornamos perdidos em um deserto espiritual. Nestes momentos, os justos dentre nós "saem" para retificar o que fizemos; pela sua persistência pessoal no estudo e prática da Torá, guiam-nos de volta ao caminho certo pelo exemplo que estabelecem. Dessa maneira, após "nos afastarmos" de um lugar, eles "acampam" no próximo, significando que eles restabelecem o balanço celestial do universo, e restauram a direção do povo judeu à sua correta orientação. Quem são estes tsadikim? Ninguém deveria
ficar satisfeito com suas conquistas, dizem nossos sábios, até
que tenha atingido o nível de nossos antepassados Avraham, Yitschac
e Yaacov. Dessa maneira, pedimos três vezes ao dia ao Criador
em nossas preces para "colocar nosso quinhão junto deles –
os justos – para sempre". |
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