|
Quem
de nós já não passou por algum acontecimento, do
tipo "escapou de um acidente", "espantou a morte",
ou "ressurgiu das cinzas" e saiu ileso?
Se você vasculhar bem sua memória deve lá no fundo
lembrar de algum episódio incrível que tenha provocado medo,
espanto, choque seguido de surpresa e alegria geral. É como um
salvamento, uma "sobrevida".
Em uma estrada, em casa, no escritório, todos estão sujeitos
a acidentes, a colapsos, e igualmente, a uma verdadeira ressurreição
não apenas do corpo, mas com ele, da alma: um milagre, fruto da
infinita bondade Divina.
Se a gente parar para pensar um minuto, todo dia ao acordarmos, na verdade
ressuscitamos. Nossa alma e corpo voltam às suas funções
normais, vitais.
Há um bom costume judaico de que ao passarmos por amargas experiências
que quase nos levam ao desespero, devemos tirar lições e
reunir nossos amigos para um encontro festivo em agradecimento ao salvamento,
à reversão do quadro que havíamos visualizado perdido
e agora o vemos recuperado.
Toda vez que enxergarmos o cenário da tela da vida como se fossem
peças de um quebra-cabeça desmantelado, devemos lembrar
e ter emuná, fé verdadeira, que os pedaços ainda
se encaixam, que há esperança e que para D’us nada
é impossível.
Talvez nossas preces, nossas lágrimas, nossas ações
aumentadas e expandidas, levadas a outros, revertam a quebra e colem todos
os pedaços em seus devidos lugares, como se nunca tivessem sido
destruídos ou temporariamente desunidos. Como um vaso quebrado,
reconstituído, ou a obra de arte massacrada pelo tempo, restaurada
pelo perito. Devemos acima de tudo reconhecer a grandeza de D’us
e agradecer sempre, acima de qualquer episódio. E quando isto nos
é exigido nos momentos felizes, mas principalmente nos momentos
mais difíceis de nossa vida, este passa a ser nosso grande teste,
e balançamos nele, como se estivéssemos cegos pisando vertiginosamente
na corda bamba, tentando nos manter (aparentemente) equilibrados.
É preciso agradecer por estarmos aqui hoje. Por que estou aqui
e posso escrever, porque do outro lado nasce mais um bebê, um futuro,
uma geração inteira. Pelo ar que respiramos, pela atitude
que podemos escolher, pelo legado que podemos transmitir, e pela ressurreição
espiritual de nosso povo, pela renovação que ocorre na natureza,
milagrosamente, a todo instante.
A gente pode escolher entre agir ou ignorar, viver ou passar pela vida,
apagar ou revitalizar nossas almas adormecidas. A faísca Eterna
foi colocada em nossos corpos desde o sopro de nossa concepção:
você pode optar por reconhecer o Criador e reacender a faísca,
ou deixar a vela ir queimando seu pavio lentamente, acabando com a energia
e com o sopro da vida.
Antes de escolher, lembre-se que uma chama, por menor e mais fraca que
se torne, é capaz de gerar novas chamas e reacender um fogo quase
extinto na lenha. Um pavio apagado, só D’us será capaz
de ressuscitar.
|