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Você
quer que as pessoas notem você? Com que freqüência você
quer ser observada?
À primeira vista (por assim dizer), a maioria de nós provavelmente
admitiria que gostamos de ser observados. Não queremos um olhar
constante e embasbacado, mas uma ocasional olhada de incredulidade seria
ótima. Você sabe, do tipo em que alguém vira a cabeça,
o queixo cai, os olhos arregalam – o assombro é óbvio.
É você mesma?
Por que ansiamos tanto por isso? Em parte é o ego inflado, a glória;
é uma outra foto no álbum mental dos destaques nostálgicos
que reviveremos nos anos vindouros. Mas também queremos fama e
reconhecimento – pelo menos um momento desses dois – não
porque a adoração nos faz sentir bem, mas porque ela nos
valoriza. Tornamo-nos importantes por reflexo. Num certo grau, o fato
de sermos notados nos dá poder.
Porém há ocasiões em que não queremos ser
vistos; se nos sentiremos constrangidos, por exemplo, ou se estamos tentando
fazer algo novo. Quando aprendemos a andar de bicicleta ou patins, não
queremos uma platéia porque sabemos que cometeremos erros ou podemos
simplesmente "fazer papel de bobo". Portanto, não me
observe quando estou aprendendo. Daqui a uma semana ou um mês, quando
tivermos dominado aquela aptidão – então não
tire os olhos de mim.
Há uma outra ocasião na qual não queremos ser vistos
– quando fazemos algo de errado e sabemos que está errado.
Não precisa ser um crime. Certamente, em alguma época na
nossa juventude, ficamos acordados depois da hora de dormir, lendo algum
último capítulo ou nos esgueirando até a cozinha
para pegar o último biscoito de chocolate.
Porém é óbvio que aquela esgueirada no escuro, por
trás da privacidade de portas fechadas, não é realmente
secreta. Nossa consciência está ali, E D'us também
está. Quando Rabi Yochanan ben Zakkai estava em seu leito de morte,
seus alunos lhe pediram conselho e orientação, que eles
poderiam entesourar depois de sua partida do mundo físico. Ele
lhes disse: "Que vocês temam o céu da mesma forma que
temem os homens." Surpresos, eles indagaram: "Só isso?"
E Rabi Yochanan ben Zakkai replicou: "Isso seria o suficiente. Pois
quando uma pessoa quer transgredir, o que diz? 'Que ninguém me
veja.' Ele esquece que há um Olho que sempre vê."
Como judeus, enfrentamos este dilema de "não olhe para mim/me
olhe" – tão familiar para nós por observarmos
nossos filhos pequenos, que se alternam entre os dois com a freqüência
de uma corrente eletromagnética – o tempo todo.
Uma história engraçada: um judeu religioso do velho país
foi a uma cidade americana a negócios. Vestia um longo casaco negro,
tinha uma barba esvoaçante com longas costeletas, um grande yarmulka
– não escondia quem ele era. Seu anfitrião também
era judeu, porém mais moderno no modo de vestir. No Shabat, enquanto
os dois estavam saindo para irem à sinagoga, o visitante tirou
seu chapéu alto com debrum de pele – que o anfitrião
sabia ser um chapéu especial para o Shabat. "Por que está
deixando o chapéu?" perguntou ele. O visitante respondeu gravemente:
"Não quero que as pessoas fiquem me olhando."
Como somos orgulhosos de ser judeus, sejamos orgulhosos de parecermos
judeus e sermos olhados como judeus.
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