No decorrer dos
anos minha vida profissional como Diretor de Recursos Humanos tem me
proporcionado a chance de visitar regularmente as culturalmente ricas
cidades de Nova York e Los Angeles. Em mais de uma ocasião pude
testemunhar jovens estudantes da Yeshivá Lubavitch de pé
nas esquinas, perguntando amavelmente aos passantes se eram judeus.
Se a pessoa respondia afirmativamente, os garotos perguntavam educadamente
se gostariam de colocar tefilin. Todas as vezes que assisti a isso fiquei
impressionado com sua óbvia paixão pela mitsvá
de tefilin. Fiquei admirado ao ver o quanto eles amam seus irmãos
judeus, para continuarem a abordar pessoas, que muitas vezes demonstram
claramente que não querem ser incomodadas. Por mais que eu tente,
não consigo imaginar-me possuindo um décimo da coragem
e entusiasmo que estes jovens admiráveis demonstram todas as
sextas-feiras antes do Shabat.
Recentemente, eu estava mediando uma sessão de treinamento sobre
diversidade na sede do meu jornal em Salem, Oregon. Sempre dou início
a estas sessões pedindo aos participantes que se apresentem e
nos digam algo interessante sobre o próprio nome. Comecei o exercício
apresentando-me e dizendo à platéia que meu nome hebraico
é Shlomo Yaacov ben Moishe Pincus. Como ocorre na maioria das
aulas, isso serviu como catalisador para uma enérgica troca de
informações entre eu e os participantes.
Ao final da sessão Jeff Gerson, um dos meus colegas, aproximou-se
e disse: “Eu não sabia que você era judeu.”
Contou-me que era judeu também, mas não sabia muito sobre
o Judaísmo. Disse-me que tinha crescido em Los Angeles mas por
diversos motivos nunca tivera um bar mitsvá, e sempre lamentava
este fato. Conversamos durante um bom tempo sobre a minha educação
judaica, minha experiência com Chabad, e como a minha associação
com esta organização maravilhosa tinha me colocado num
rumo de estudo e exploração que mudara minha vida para
sempre. Eu disse a ele que se sentisse vontade de explorar mais a fundo
o seu legado judaico, de boa vontade eu o apresentaria ao Rabino Wilhelm,
o Rabino de Chabad em Portland.
Antes de Jeff e eu nos despedirmos, entreguei a ele uma cópia
de vários ensaios que eu escrevera sobre minha própria
experiência com Chabad, e minha jornada pessoal de descoberta.
Na manhã seguinte, recebi um lindo e-mail de Jeff, agradecendo-me
pelas histórias e expressando desapontamento sobre o quanto ele
não sabia sobre seu povo e sua fé, e como ele gostaria
de ser mais jovem para conseguir respostas às suas numerosas
perguntas.
Assim que terminei de ler aquele e-mail comovente, cliquei no site Amazon.com
e encomendei para Jeff o extraordinário livro de Herman Wouk,
“Este é o meu D’us”. Wouk escreveu este livro
há cerca de quarenta anos, e para mim é um dos mais notáveis
e instrutivos guias ao Judaísmo jamais escritos.
Para minha surpresa, o livro chegou na manhã seguinte. Chamei
Jeff imediatamente ao meu escritório e lhe entreguei o livro.
Dois dias depois ele foi ver-me. Seus olhos estavam repletos de paixão
e entusiasmo. Ele disse: “Steve, não posso acreditar que
um homem instruído como o Sr. Wouk pudesse escrever um livro
que explica os fundamentos do Judaísmo de maneira tão
simples, clara e concisa. Como pode um homem com tamanho grau de erudição
entender o que uma pessoa como eu, sem nenhum conhecimento, precisava
encontrar num livro?” E acrescentou. “este é o livro
que venho procurando a vida toda.”
Eu lhe disse que esta foi exatamente a minha reação quando
Rabi Chuni Vogel, do Chabad de Delaware, presenteou-me com o livro cinco
anos atrás. É, e continua a ser, um manual extraordinário
para alguém que deseja aprender mas nunca teve a oportunidade
de fazê-lo e não sabe por onde começar. Era óbvio
que Jeff estava inspirado a aprender mais, portanto perguntei se ele
gostaria de ir comigo à sinagoga Chabad em Portland e ter sua
primeira aliyah, uma oportunidade de recitar uma bênção
sobre a Torá. Com uma expressão desconfortável
no rosto, ele me disse que adoraria, mas não achava isso possível,
pois não sabia ler em hebraico. Eu disse para não se preocupar,
que juntos aprenderíamos as palavras necessárias para
completar sua aliyah.
Jeff ficou tão empolgado que mal podia se conter. Ele queria
saber se sua esposa e filho poderiam acompanhá-lo. Com um grande
sorriso, eu disse que ele poderia levar quem quisesse, e que até
faríamos uma festa depois. Concordamos em começar a estudar,
e se D’us quisesse, iríamos à sinagoga para sua
primeira aliyah em janeiro.
Ao nos despedirmos, eu estava dominado pela necessidade de fazer-lhe
uma pergunta. Com o coração disparado como um tambor,
reuni toda minha coragem e disse: “Jeff, você gostaria de
colocar tefilin?”
“O que é isso?” perguntou ele. Expliquei a ele o
que era e sem perder tempo ele responder que gostaria, desde que eu
o ajudasse. Antes de ele sair, marcamos um “encontro para o tefilin”
na manhã seguinte em meu escritório.
Quando Jeff apareceu na manhã seguinte ele me disse que tinha
telefonado para seus pais na noite anterior e contado a eles o que estava
para fazer. Ambos ficaram contentes por ele. Na verdade, seu pai contou-lhe
que como Jeff estava para dar este importante passo, ficaria feliz em
recompensá-lo enviando-lhe o par de tefilin que o avô de
Jeff usava diariamente há mais de cinqüenta anos!
Em seguida ajudei Jeff a colocar os tefilin que eu trouxera de casa.
Primeiro ele colocou o talit e recitou a bênção
apropriada. Então ajudei-o a colocar o primeiro tefilin sobre
o braço, e ele recitou a primeira berachá. Colocamos então
o segundo tefilin sobre a cabeça, ele recitou a segunda berachá
e leu o Shemá. Quando eu lhe disse que estava pronto era impossível
dizer quem tinha um sorrido maior no rosto, eu ou Jeff. Tiramos uma
foto dele, deixamos de lado o talit e tefilin e depois passamos uma
meia hora falando sobre a experiência.
Depois que Jeff voltou à sua sala, não pude deixar de
pensar naquilo que acabara de acontecer. Aquele momento, breve mas maravilhoso,
produzira tanta energia positiva e júbilo. Nós dois estávamos
caminhando no ar. De repente ficou claro para mim porque aqueles jovens
alunos da yeshivá passavam a tarde anterior ao Shabat tentando
ajudar outros judeus. As palavras são inadequadas para expressar
a alegria dessa mitsvá. Sim, às vezes é desconfortável
abordar um estranho ou conhecido e perguntar se ele quer cumprir uma
mitsvá. Porém as recompensas para todos os envolvidos
superam muito a sensação inicial de desconforto. Esta
mitsvá simples, mas importante, tem energizado Jeff e toda a
sua família, esperamos que durante os anos e gerações
vindouras também.
Enquanto você lê este artigo, Jeff e eu temos estudado ativamente
as berachot para sua aliyah. Sempre que nos reunimos para estudar ele
está tão empolgado que mal pode se conter. Quando ele
finalmente subir à bimá, será um momento que nenhum
de nós jamais esquecerá.