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  As épocas de nossa vida
   
 

Uma maneira comum de considerar o calendário é como uma expansão dos 300 dias comuns "pontuados" com festas e datas de importância especial. Para tornar este mar de dias mais viável – e os dias especiais mais fáceis de localizar – dividimos o ano em doze segmentos, chamando cada um de "mês".

Os mestres chassídicos oferecem uma perspectiva diferente. Segundo eles, os doze meses são doze faces do ano, e as datas especiais em cada mês são simplesmente intensificações da qualidade do mês. Vistos dessa maneira, os dias festivos do calendário judaico não são ilhas de significado num mar de tempo monótono, mas expressões do caráter espiritual de seus respectivos meses.

Purim é a erupção de um dia da alegria desenfreada que caracteriza Adar; os oito dias de Pêssach representam uma intensificação da qualidade de Nissan, o mês da Redenção; a reverência de Rosh Hashaná e Yom Kipur, e a alegria e unidade vividas em Sucot são expressões dos vários elementos na "coroação" de D'us como Rei do universo, que é o tema de Tishrei; e assim por diante.

Em outras palavras, os doze meses do calendário são doze épocas especiais que fluem umas nas outras, cada qual com sua personalidade e caráter únicos. As festas são os altos e baixos destes tempos especiais – pontos nos quais as propriedades de um mês específico atingem maior intensidade e ênfase.

Shabat Mevarechim: a conexão


O último Shabat de cada mês – que pode ser qualquer dia, do 23º ao 29º – é o Shabat Mevarechim HaChodesh – "O Shabat que abençoa o mês." Neste Shabat, uma prece especial é recitada dando nome ao novo mês, identifica o dia (ou dias) de seu Rosh Chodesh (cabeça do mês) e implora a D'us para "renová-lo… para a vida e paz, para alegria e júbilo, para liberdade e consolação." Segundo o ensinamento chassídico, a "bênção do mês" evoca o fluxo de sustento e energia espiritual para o mês vindouro.

Assim, os dias de encerramento de cada mês são um fenômeno único – uma junção no terreno do tempo no qual dois tempos especiais coincidem. Por exemplo, um determinado Shabat pode ser 25 de Av. Como tal, é parte integrante de Av, um segmento de tempo cuja qualidade é "luto e consolação"; pranto pela destruição do Templo Sagrado e a ruptura de nosso relacionamento com D'us que isso representa, e consolação o potencial de renovação que existe em cada regressão. Ao mesmo tempo, é também o Shabat que "abençoa" e introduz as qualidades do vindouro mês de Elul – um mês caracterizado pela compaixão Divina e pela intimidade com D'us.

O mesmo é verdadeiro sobre todo Shabat Mevarechim; enraizado em um mês e tempo especial, evoca o tempo especial do mês seguinte, estimulando o fluxo de energia espiritual que impregna o próximo dos doze segmentos de tempo que formam nosso calendário.

A Lição

Aqui há uma lição sobre como devemos vivenciar e utilizar os vários períodos de tempo de nossa vida.

Com freqüência, chegamos a um ponto na vida no qual somos inspirados a "virar uma nova página"; a reavaliar nosso passado, e reajustar, ou mesmo transformar totalmente, nossa opinião anterior e nossa atitude para com a vida.

Muitas vezes, isso é acompanhado por uma "ruptura" com o passado, uma rejeição de tudo que foi realizado anteriormente. É como se tudo que fizemos até este ponto devesse ser erradicado para dar lugar a nosso "novo" eu.

Porém como nos ensina o Shabat Mevarechim de todo mês, tempos especiais diferentes formam uma cadeia na qual cada elo é uma superação de seu predecessor. Sim, um novo ano, mês, semana, dia, hora ou momento devem sempre provocar-nos a uma nova compreensão, um novo sentimento, uma nova realização: o próprio fato de que passamos de um período de tempo para outro significa que devemos explorar o novo potencial implícito neste novo ambiente. Ao mesmo tempo, no entanto, devemos avaliar como cada momento novo é "abençoado" pelo momento anterior, que nutre e enriquece seu vizinho com suas próprias qualidades e conquistas.

       
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