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A religião organizada
com freqüência é denunciada pelos cépticos como
tendo a intenção de suprimir a lógica e a expressão
singular. O mandamento bíblico de “temer a D’us”
é especialmente condenado e trivializado como enfatizando demais
a lei usada para manter o fiel na linha.
Há uma história bem conhecida sobre o famoso mestre chassídico
do Século Dezoito, Rabi Levi Yitschak de Berditchev, que era famoso
por sua empatia e caráter não condenatório.
Num Rosh Hashaná ele convidou o vizinho para ir com ele à
sinagoga. O vizinho declinou, dizendo:
“Rebe, sou ateu, não acredito em D’us. Seria hipócrita
da minha parte pisar numa sinagoga.”
Rabi Levi Yitschak sorriu e respondeu:
“O D’us em que você não acredita, eu também
não acredito.”
As palavras hebraicas comumente traduzidas como “temor a D’us”
são Yirat Shamayim, que na verdade significam “reverência
pelo Céu.” Medo tem muitas implicações negativas
de longo alcance. Como companheiro constante, o medo pode ser extremamente
doentio, como o terror de uma criança se encolhendo na presença
de um pai alcoolizado. Reverência, no entanto, implica mistério
e a percepção de algo maior. Quando nos colocamos perante
a natureza, ou quando nos deliciamos com a beleza de uma obra prima artística,
ficamos em estado de reverência, e na verdade somos elevados pelo
conhecimento de que a vida é um presente.
Reverência a D’us é o reconhecimento da distância
entre o homem e seu Criador, algo que somente eleva o homem a maiores
alturas. De maneira alguma minimiza o desejo humano de atingir a verdade.
Pelo contrário, “reverência pelo Céu”
evoca o sentimento de dignidade no homem à medida que ele se enxerga
como parte do grande esquema da Criação.
Segundo a história favorita do cínico, a sobrinha céptica
pergunta ao tio religioso, temente a D’us:
“Diga-me, se você tivesse de escolher entre a verdade e D’us,
qual escolheria?”
Sem parar para piscar, o tio responde:
“D’us, é claro.”
Isso serve para alimentar o estereótipo segundo o qual D’us,
religião e verdade não são necessariamente sinônimos.
O objetivo do homem é descobrir a majestade dentro do próprio
coração e alma. Ele apenas tem de cortar as ervas daninhas,
a resistência e as distorções que o impedem de subir
acima das suas limitações inerentes. A chave é não
se deixar distrair pela vida ou tornar-se vítima das cicatrizes
de atitudes subjetivas. As flores vão surgir se as ervas daninhas
não impedirem.
Um notável rabino declarou certa vez:
“A tradição judaica ensina o homem quão pequeno
ele é e quão grande pode se tornar.”
Não tenha medo de D’us; coloque-se em reverência perante
ele. O medo enfraquece o espírito; reverência o fortalece.
O medo é desmoralizador; a reverência é elevadora.
Entremeada ao amor, a reverência é a base do Judaísmo
com a qual a pessoa pode começar a comunicar-se com D’us
e rezar, concretizando um relacionamento com a alma.
Você tem medo da sua alma?
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