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É
sua primeira vez no Brasil? Qual a impressão sobre nossa comunidade?
É a segunda vez que venho ao Brasil. Estive aqui há 10 anos,
em homenagem ao centenário de nascimento do Rebe. Viajo muito proferindo
palestras e sinto-me muito inspirado ao ver as diferentes comunidades
e o trabalho especificamente do Chabad e seu crescimento ao redor do mundo.
É um prazer ver o sucesso do trabalho do Chabad no Brasil.
Dos lugares por onde viajou, algum lhe causou maior impacto?
Definitivamente. Há certos países onde se nota o tremendo
impacto causado pelos shluchim do Rebe. Fico impressionado ao ver o que
aconteceu com a semente original que ele plantou. Há locais onde
Chabad faz toda a diferença e segura tudo o que está ligado
ao judaísmo. A gente questiona o que seria de determinado local
e comunidade se o Rebe não tivesse enviado seus emissários.
Ninguém poderia imaginar o alcance que o sonho, a visão
e a liderança do Rebe traria ao mundo. Para mim esta é a
maior inspiração que levo comigo o tempo todo, onde quer
que eu vá.
Como o senhor escolheu exercer o rabinato?
Fui enviado a Israel pelo Rebe há 34 anos. Em 1976 ele declarou:
“Quero enviar pessoas que irão me representar e ajudar a
construir o país em termos materiais e espirituais.” Os dois
focos originalmente foram Tsfat e Jerusalém. Os emissários
eram jovens casais ou jovens rabinos em idade de casar. A instrução
a estes rapazes era ‘casem e construam a sua vida lá’.
Em 1981 fui trabalhar em Rechovot. Nossa comunidade – que começou
com 18 famílias e hoje contabiliza 450 – conta com sinagoga,
escolas para meninos e meninas, yeshivá, micvê e todo o apoio
necessário.
Quais são suas atribuições atuais em Israel?
Faço parte do Conselho Rabínico Chabad de Israel. Todos
os assuntos nacionais são tratados por mim e mais um rabino. Levamos
ajuda a famílias que enfrentam dificuldades financeiras proporcionando
mais conforto e decência. Na época das Grandes Festas levamos
apoio material e espiritual a todos que necessitam. Como parte do Conselho,
tratamos de todos os tipos de questões envolvendo indivíduos
e entidades principalmente os relacionados a educação e
vida familiar. Hoje estamos cientes dos problemas que todos estão
tendo com os jovens, em todas as correntes e grupos. Educação
é o meu forte e é onde mais dedico minha atenção.
Na sua opinião, quais são hoje os maiores problemas
enfrentados pelos judeus em Israel e na diáspora?
As maiores questões são educação e identidade
judaica. Antigamente dizíamos que as muralhas do gueto caíram,
hoje vemos que caíram as paredes de nossas sinagogas, de nossas
casas e a rua invadiu nossos lares como um tsunami. Diria que educar jovens
é um dos maiores desafios da atualidade, tanto para pais quanto
para educadores. O Rebe declarou inúmeras vezes que estamos próximos
da Era Messiânica e portanto devemos preparar os judeus e a humanidade
para este momento histórico. A vida de todos pode tornar-se melhor
fazendo atos de bondade.
Será que nossas escolas estão preparadas para enfrentar
este”tsunami”?
Nossas instituições devem promover um contato
cada vez mais pessoal com os alunos, um a um, e isto criará uma
proteção, um abrigo e uma atmosfera mais agradável.
Nesta tarefa, a casa exerce papel fundamental. Deve ser um lar de união,
alegria, calor e carinho. Entendo que os pais estejam estressados no final
do dia, mas devem reservar tempo precioso para os filhos criando mais
laços afetivos, sendo bons ouvintes e passando momentos juntos,
como no Shabat com horas de qualidade. Esta conexão íntima
com nossos filhos é a chave que faz toda a diferença.
Que recomendação o senhor daria aos jovens para
seu futuro?
Vivenciem muitas cenas judaicas, participem de aulas, de colônias
de férias, procurem ambientes e círculos de amizades corretas.
O mundo de hoje é muito forte em marketing e muitas vezes trás
um pacote que não é para nós. Devemos divulgar nossos
‘produtos’, nossos valores que trazem a verdadeira felicidade
e realização. Busquem sempre um ambiente saudável.
O Rebe certa vez comparou nossas instituições de ensino
com as Nuvens de Glória que cercavam e protegiam o povo judeu no
deserto, na saída do Egito. E esta é a chave do sucesso
e segurança em nossos dias. |