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O que é
tão sagrado quanto Yom Kipur, mais espiritual que a meditação
e a melhor coisa que você pode fazer pela sua vida amorosa?
Você pode não acreditar, mas a resposta é o micvê
– o antigo método judaico de orientar o relacionamento íntimo
entre marido e mulher."
Existe amor depois do casamento? É realisticamente possível
conservar a paixão e o entusiasmo num relacionamento com um parceiro
por mais que alguns poucos anos? Como os judeus adquiriram uma reputação
para famílias amorosas, seguras, calorosas, que durante gerações
desfrutaram uma longevidade invejável?
Um dos maiores desafios do casamento moderno é o tédio da
rotina. Não é fácil – o que explica por que
tantos homens não conseguem se comprometer – ("Você
quer dizer somente uma parceira pelo resto da minha vida!")
Não importa o quanto sua lua-de-mel tenha sido fantástica,
cedo ou tarde o tédio tende a se instalar. Por fim, inevitavelmente,
muitos casais passam a não dar valor a seu cônjuge. Procura
então por algo novo ou diferente e não demora muito acabam
por se afastar cada vez mais até a relação acabar
em divórcio.
Para os outros que ficam juntos suportando-se mutuamente, todos terminam
por viver, nas palavras de Thoreau, "vidas de desespero silencioso".
Não deixa de ser uma surpresa saber que muito antes de experts
nesta área, nossos sábios instruiam nosso povo a adotar
o plano Divino promovendo a qualidade no casamento, impedindo o tédio
de destruir um bom casamento.
Uma das mitsvot da Tora é a Pureza Familiar, Taharat Hamishpachá.
Na época do mês em que a mulher espera seu período
menstrual, ela não tem qualquer forma de intimidade física
com o marido. Na conclusão do seu período, ela conta sete
dias e então mergulha em um micvê para santificação
espiritual. O micvê é uma piscina limpa, com água
aquecida, num ambiente agradável e privado, construído segundo
rigorosos padrões haláchicos. Após esta imersão
total, ela e o marido podem voltar ao relacionamento íntimo.
Os Sábios
do Talmud declaram a esse respeito: Por que a Torá desejou que
uma esposa ficasse separada de seu marido por um período mínimo
de 12 ou mais dias? Para torná-la tão desejável a
ele como no dia de seu casamento. (Talmud Niddah, 31b).
Os terapeutas atuais estão aconselhando casais a "estabelecerem
um tempo para o romance". Porém a nossa geração
vive uma vida frenética. Com freqüência os dois parceiros
têm carreiras exigentes, profissões e compromissos de negócios.
Com o sistema do micvê, há uma semana inteira de aviso antecipado
sobre quando a intimidade será retomada. A noite do micvê,
assim, torna-se aquela hora pré-estabelecida pra o romance, quando
todos os outros compromissos são remarcados. Marido e mulher estão
contando os dias, esperando pelo outro, antecipando ansiosos o momento
do reencontro. Ambos estão sintonizados e ansiosos pelo encontro
onde as paixões são reacendidas.
O amor é um ingrediente vital no desejo. Para os seres humanos,
a intimidade não é questão de quantidade como no
reino animal, mas sim de qualidade. Se há pouca qualidade no relacionamento,
se a intimidade não é o clímax de um vínculo
emocional, pode haver pouca satisfação, ou apenas momentânea.
Não há esplendor, expectativas, preparação,
nenhuma sensação de ser amado, e ficamos emocionalmente
vazios, ainda desejando o calor e a segurança que ansiamos.
Taharat Hamishpachá é o segredo da sobrevivência da
família judaica porque traz paz, harmonia e tranqüilidade
ao casal, além de bênçãos para os filhos e
para as futuras gerações.
Muitas mulheres mesmo não sendo observantes fazem questão
de cuidar desta específica mitsvá. Há muitas razões
e aqui citamos apenas uma delas:
Depoimento:
"Não sou totalmente observante, mas espero ansiosa minha
ida mensal ao micvê para ter uma experiência profundamente
tocante. Isso restaura minha espiritualidade. Me conecta com mulheres
judias de todas as partes e todos os tempos. Creio que o micvê é
um dos maiores presentes que D'us deu ao povo judeu. Formo elos que me
ligam com Sara, Rivca, Rachel, Leah, Miriam, Esther – e tantas mulheres
maravilhosas que construíram a história de nosso povo e
fizeram exatamente o que eu acabara de fazer… um mergulho.
“Através deste simples ato, que requer uma decisão
conjunta – de minha parte, uma preparação física
e espiritual até o momento de me tornar apta a realizá-lo,
somos capazes de projetar uma nova luz e perspectiva ao nosso casamento.
Estes momentos de afastamento são fortificados e recompensados
pelos momentos de união (e vice-versa). Aprendemos a nos respeitar,
a esperar um pelo outro, a nos reeducar criando outras formas de comunicação.
Nos tornamos mais criativos e atraentes. E tudo isto poderia somente ter
sido projetado por uma mente brilhante, por Aquele que domina toda a geografia
humana...” |