por Rabino Manis Friedman
 
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  O que há de errado com a religião?
   
 

A religião oferece a salvação, o esclarecimento, um local no céu. A religião ensina o auto-aperfeiçoamento: humildade, devoção, paciência, fé. A religião exige um padrão de comportamento que beneficia nossa alma, nosso corpo e nossa sociedade. Estou contente que o judaísmo não é uma religião. Porque todo o exposto acima pode ser egocêntrico e narcisista. A religião pode ser seu próprio pior inimigo.

A religião enfatiza a importância de ser bom, e de ser correto. Condena aqueles que são maus e que são errados. Aqueles que praticam a religião esforçam-se para serem perfeitos. Se falham, podem ser condenados, e se o conseguem, podem tornar-se intolerantes para com os outros. Estou contente que o judaísmo não é uma religião.

A religião, invariavelmente, cria um sistema de castas - mais religioso é melhor, mais elevado, mais santo. Menos religioso é secundário, inferior, mais profano. Os piedosos podem ser avaliados em porcentagens: 100%, 50%, 2%.

A religião insiste em dizer que nossa natureza é má. Para ser bom, aprendemos, devemos resistir a nossos impulsos naturais e substituí-los por outras virtudes terrenas. Você não pode ser "você", e bom ao mesmo tempo. Deve, portanto, sacrificar o "você" e escolher o "bem." Estou contente que o judaísmo não é uma religião.

O que é judaísmo? D'us nos deu mandamentos que são caros a Ele, e essenciais a seu vasto plano eterno. Ao cumprirmos uma mitsvá, estamos fazendo algo para Ele. Alguma coisa que Ele deseja infinitamente, que O afeta eternamente.

Nós O servimos, em vez de procurarmos ser servidos por Ele. A oportunidade de servir nos proporciona um escape do narcisismo, levando-nos para além de nós mesmos. O objetivo agora concentra-se na ação, e não na pessoa.

Isso é bom? Isso é correto? Aí está a questão. Não se trata de minha própria bondade e integridade. Mesmo quando não sou assim tão bom posso fazer o que é realmente bom. E quando você cumpre uma mitsvá, isso é bom, independentemente de quem ou o quê você é. A gratidão por esta oportunidade traz verdadeira alegria à vida. Então, "serve a D'us com júbilo," porque servir é a único meio para se rejubilar.

Quando você é devotado a servir a D'us, naturalmente deseja que os outros façam o mesmo, pois somente juntos podemos realizar Seu plano perfeitamente. Cooperação, não competição religiosa.

Igualmente significativo é o fato de que nascemos para cumprir estas mitsvot (preceitos). D'us nos criou para esta missão. É portanto nosso verdadeiro 'eu' que cumpre esta mitsvá, não uma negativa do 'eu'.

As 613 mitsvot não nos fazem religiosos ou devotos. Elas simplesmente unem o mais judaico no judeu com o mais Divino em D'us. Tête-à-tête.

As mitsvot são as diversas intimidades que podemos compartilhar com D'us. Elas expressam o judeu que há em você. Cada mitsvá conta - cada judeu é precioso. Isso sim é judaísmo.

 
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