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Além da Crença
Emuná geralmente é traduzida como fé.
Estamos acostumados a pensar na fé como uma estratégia para
pessoas que não podem pensar por si mesmas. “O tolo acredita
em tudo”, escreve Shelomô, “o sábio entende.”
Emuná, no entanto, é uma convicção inata,
uma percepção da verdade que transcende, e não escapa
à razão. Bem ao contrário; sabedoria, entendimento
e conhecimento podem ampliar ainda mais a emuná.
Apesar disso, emuná não é baseada na razão.
A razão jamais pode atingir a certeza da emuná, pois, razoavelmente
falando, um raciocínio ainda maior poderia sempre vir junto e provar
que seus motivos estão errados. Dessa maneira, emuná é
semelhante a ver em primeira mão: a razão pode ajudar você
a entender aquilo que vê, mas será difícil convencer
você de que nunca viu aquilo. Assim também, a emuná
resiste mesmo quando a razão não consegue captar.
Como testá-la
Falando na praticamente, alguém pode ter fé porque não
está interessado ou é incapaz de raciocinar por si mesmo.
Portanto, sua fé não pertence a ele; está simplesmente
confiando em outros. Quando alguém tem uma profunda emuná
em alguma verdade, sente que essa verdade é como parte de sua própria
essência e do seu ser.
O teste de tornassol seria um caso de martírio. Um indivíduo
com fé sub-raciocal pode ou não decidir dar a vida pela
sua fé. Um indivíduo com emuná supra-racional não
vê escolha; negar sua emuná é negar a quintessência
de seu ser.
Como chegar lá
A emuná é inata, porém pode ser aumentada através
do estudo, experiência e razão. Sem essa nutrição,
a emuná da pessoa pode permanecer divorciada de sua atitude e ações.
O Talmud descreve a cena de um ladrão, que também acredita
em D'us. Na hora de forçar uma entrada para roubar, quando eles
está a ponto de arriscar a vida – e a vida de sua vítima
– eles grita com sinceridade: “D'us, me ajuda!”
O ladrão tem fé de que há um D'us que ouve seus gritos,
porém não entende que este D'us pode provê-lo sem
que ele precise negar a vontade de D'us roubando de outros. Para que a
emuná o afete dessa maneira ele precisa de estudo e contemplação.
Considera-se que os estudos que mais enriquecem a emuná são
o Midrash e a Cabalá. Os cabalistas do período após
o exílio espanhol (Século Dezesseis) apresentaram essas
ideias numa forma mais racional. A Chassidut Chabad, uma abordagem fundada
por Rabi Shneur Zalman de Liadi ao final do Século Dezoito, é
uma extensão dessa tendência, levando o âmbito da emuná
em maior proximidade do raciocínio humano – e permitindo
que a razão humana vislumbre o transcendente âmbito da emuná.
Porém a maior vitamina que você pode proporcionar à
emuná é o simples exercício. Na verdade, um artesão
é chamado em hebraico de um “uman” – porque ele
praticou seu ofício repetidamente até se tornar natural
para ele. Assim também, a emuná cresce e se aprofunda à
medida que você se acostuma a ver todos os fenômenos da vida
como manifestações da presença e glória do
Criador. Além disso a emuná é enriquecida ao ser
testada e passar naqueles testes onde você faz sacrifícios
na vida em prol da sua emuná.
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