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Este é um triste fato:
quando a economia está sofrendo, as mais atingidas são as
organizações de caridade, e as pessoas necessitadas que
confiam desesperadamente nos serviços que essas instituições
fornecem. Isso numa época em que essas causas de caridade precisam
expandir seus serviços para acomodar uma clientela que infelizmente
está crescendo.
O Rei Shelomô diz em Mishlê (Provérbios)
(19:17): “Aquele que é gracioso com um pobre está
[na verdade meramente] estendendo um empréstimo a D'us, e Ele retribuirá
com Sua recompensa.”Nos Estados Unidos, cerca de 94% das
instituições sem fins lucrativos recentemente pesquisadas
disseram que atualmente a economia está passando por um efeito
negativo na angariação de fundos. Na Grã-Bretanha,
uma em cada três organizações espera demitir parte
da equipe dentro de meses, e doações de empresas caíram
cerca de 20%.
Embora triste, isso levanta a pergunta: é de fato inadequado diminuir
doações para caridade quando estamos cortando nossos gastos
em tantas outras áreas do nosso estilo de vida?
Isso depende de como enxergamos nossas contribuições.
O Rebe explicou certa vez que “caridade” é na verdade
uma tradução imprecisa da palavra hebraica “tsedacá”,
o antigo termo usado para descrever ajuda financeira aos necessitados.
O sentido literal de tsedacá é “justiça”.
É simplesmente a coisa certa e justa a fazer; ao passo que a palavra
caridade denota um ato que vai além do chamado do dever, um ato
eletivo, embora louvável.
O Dinheiro de Quem?
Segundo a tradição judaica, um mínimo de 10% de nosso
ganho líquido deve ser destinado a tsedacá. É nossa
crença que, em última análise, somos os banqueiros
de D'us; além do dinheiro destinado para nosso uso pessoal, Ele
nos confia uma soma adicional – que devemos dispensar a causas de
caridade.
D'us criou um mundo de doadores e receptores. E embora Ele provenha
para todas as Suas criaturas, Ele desejou que Sua beneficência chegue
aos “receptores” através da carteira dos doadores.
Ao fazê-lo, não estamos indo além do chamado do dever;
estamos meramente cumprindo fielmente a nossa responsabilidade.
A “caridade” é um luxo; durante tempos difíceis
cortamos nessa área. Por outro lado, tsedacá – i.e.,
os 10% que doamos – nunca foi nosso, para começar; e entregá-lo
aos seus receptores certamente não é um luxo que possa ser
deixado de lado. (Deve-se notar, no entanto, que uma pessoa que tem apenas
o suficiente para cobrir suas necessidades mais básicas está
isenta desse dízimo).
O Teste de D'us
O texto a seguir é adaptado de uma carta que o Rebe escreveu a
um empresário veterano que estava passando por dificuldades:
Sem dúvida devemos ver isto como um teste enviado por D'us. Embora
Ele saiba que o coração judaico está sempre aberto,
e o tempo todo pronto a atender o chamado da Torá e mitsvot, mesmo
assim Ele nos testa para satisfazer os anjos da Corte Celestial, relutantes
em acreditar.
D'us portanto diz a eles: “Vejam, apesar da tendência natural
em diminuir em tsedacá quando os negócios não são
o que costumavam ser, aqui está um judeu sábio, que entende
que essa é somente uma tentativa de testá-lo. Ele também
entende que quando ele passar pelo teste – e então entenderá
a real intenção por trás de tudo isso – não
apenas seus negócios serão tão prósperos como
antes, como serão ainda melhor que antes…”
Nosso Teste
O Rei Shelomô diz em Mishlê (Provérbios) (19:17): “Aquele
que é gracioso com um pobre está [na verdade meramente]
estendendo um empréstimo a D'us, e Ele retribuirá com Sua
recompensa.”
Ninguém jamais perde ao doar para tsedacá. Embora a recompensa
por praticamente todas as mitsvot seja concedida no Mundo Vindouro, toda
a tsedacá que alguém faz é “retribuída
totalmente” – e com “juros” também –
durante seu tempo de vida.
Normalmente é proibido testar D'us (como em Devarim 6:16). Praticamente
isso significa que não se pode cumprir uma mitsvá na expectativa
de que D'us vai recompensar o ato preenchendo uma necessidade particular.
Tsedacá não é exceção. Como proclamou
o profeta Malachi (Malachi 3:10): “Levem todos os dízimos
ao tesouro para que possa haver alimento em Minha Casa. Teste-Me, se quiser,
com isso, diz o Senhor das Hostes, [veja] se Eu não abrirei para
você as janelas dos céus e derramarei para você bênçãos
até que não haja mais espaço para elas.”
Segundo dizem nossos Sábios (Talmud Rosh Hashaná 4 a): “Aquele
que diz: ‘Estou dando dinheiro para caridade sob a condição
de que meu filho se recupere da doença,’ é uma pessoa
justa!”
Verdadeira Riqueza
Conta-se uma história sobre Rabi Shimshon Wertheimer, um erudito
do Século 17, que foi ordenado pelo Kaiser alemão-romano
a apresentar um relatório de tudo que possuía. Quando Rabi
Wertheimer apresentou sua situação financeira, o Kaiser
o acusou de mentira e traição, pois ele tinha pessoalmente
presenteado Rabi Wertheimer com um castelo que sozinho valia mais que
a soma total do seu relatório de bens.
Rabi Wertheimer explicou que o Kaiser tinha pedido um balanço de
tudo que ele possuía, ao passo que o castelo tinha sido um presente
que podia ser revogado.
“Então o que está registrado aqui?” exigiu o
Kaiser.
“Esta é minha tsedacá,” explicou Reb Shimshon.
“Isto é realmente meu, nem o Kaiser pode levar isso embora.”
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