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No começo
da Parashá desta semana D’us diz a Avraham para sair de casa
e no final lhe ordena a fazer a própria circuncisão.
Para entender um pouco da grandeza de Avraham, relacionado a esses dois
assuntos, aqui estão algumas histórias.
O Rabino Shalom Yaacov Chazan embarcou em um voo de Nova York para Israel,
onde reside. Como sempre, o avião da El Al para Israel estava super
lotado e estavam sendo solicitados voluntários para desistirem
de suas reservas e receberem mais uma passagem gratuita.
O Rabino Chazan embarcou no avião e sua poltrona ficava entre um
judeu chassídico vestido com uma capota, longo casaco preto com
o rosto virado para a janela, e uma senhora idosa no assento do corredor,
que lia um jornal. O Rabino dirigiu-se a ambos com um cordial “olá”
enquanto sentava-se e apertava o cinto de segurança. Após
a decolagem, abriu uma revista Chabad e começou a ler.
Não demorou muito para a senhora do lado perceber a foto do Rebe
na capa e dirigir-se ao rabino em hebraico: “Esse é o Rebe
de Lubavitch. Meu marido vivenciou um grande milagre. O senhor é
Lubavitcher?”
O Rabino Chazan respondeu que sim e então ela relatou-lhe a seguinte
história. Ela e seu marido, que havia falecido há alguns
meses, eram médicos e atendiam pacientes em sua clínica
particular. Seu marido mantinha-se o mais distante do judaísmo
quanto possível; recebera uma educação ateísta
e jamais havia entrado em uma sinagoga. No entanto, amigos próximos
o haviam convencido a visitar o Rebe de Lubavitch.
Ele acabou escutando, e ao voltar da viagem havia se tornado um homem
diferente; transbordava felicidade. Revelou que o Rebe tinha o olhado
profundamente, no fundo de sua alma, lhe entregado três notas de
um dólar junto com três bênçãos; uma
para ele, uma para sua família e uma para a clínica.
Passado alguns anos esses dólares se perderam. Ambos procuravam
pela casa inteira até que sua filha de nove anos indagou curiosa
o que eles estavam buscando. Ao tomar conhecimento, receosa, acabou revelando
que tinha encontrado as três notas sem dar a menor importância
e usando-as para comprar alguns doces.
O pai se quebrou com essa noticia. Apesar de não ser um homem religioso,
de certa forma sentia que esses dólares o conectavam ao Rebe e
a suas bênçãos, a quem considerava a pessoa mais positiva
que jamais havia conhecido. Depois desse incidente, ele não conseguia
ficar feliz e sentia-se constrangido de retornar ao Rebe para pedir outra
nota e bênçãos, pois como fora capaz de negligenciar
seu presente e não lhe dado a devida importância.
Finalmente, transcorridos cinco anos e muita pressão de sua esposa,
resolveu voltar. Permaneceu na fila do dólar em um domingo ao lado
de milhares de pessoas que aguardavam o momento tão especial. Quando
chegou sua vez, o Rebe olhou-o de um modo que obviamente demonstrava se
recordar dele, e sorrindo disse ‘Benção e Sucesso’
e lhe deu, ao invés de uma nota de um dólar como sempre
dava para todos... três notas novas! Isso impressionou muito seu
marido até o dia de seu falecimento e fez com que ela também
escrevesse para o Rebe e recebesse várias respostas.
O chassid sentado do outro lado também quis contar um fato ocorrido
com ele.
“Leciono para crianças e, embora seja um Chassid Skverer,
acabei de relatar aos meus alunos a seguinte história. Um bom amigo
meu foi ao Rebe de Lubavitch há cerca de vinte anos e ficou na
fila para receber um dólar e uma bênção. Guardou
o dólar em sua carteira e o levava para todos os lugares. De algum
modo ele acabou o perdendo e sentiu-se muito mal. Anos se passaram, mas
ele não conseguia esquecer essa perda. Pensou em retornar para
receber outra nota, mas as notícias chegaram a seus ouvidos: o
Rebe havia sofrido um derrame. Dois anos depois, em 1994 a terrível
notícia de seu falecimento.
“Mas não desistiu e mesmo após dez anos, resolveu
retornar a Crown Heights e simplesmente pedir outro dólar. Poderia
parecer tolice... mas funcionou! Mas de uma maneira incrível. Ele
entrou em um mercadinho para comprar um refrigerante, mas só tinha
uma nota de dez dólares. Ao receber o troco, percebeu que uma das
notas de um dólar tinha algo escrito no canto. Olhou com atenção
e leu o seguinte: ‘Dólar recebido do Rebe’ e a data
em hebraico. O Rebe estava lhe dando novamente um dólar!
“Relatei a história aos meus alunos para que soubessem que
pessoas sagradas como o Rebe vivem para sempre!”
O avião aterrissou em Israel, e o Rabino Chazan despediu-se de
seus vizinhos. No táxi de volta para casa, o motorista resolveu
desabafar seus problemas com ele. Comentou como tudo estava ruim nos últimos
tempos e que embora colocasse Tefilin todos os dias, estava pensando em
parar pois afinal ele trabalhava no Shabat para poder fechar as contas
do mês e era hipocrisia cumprir um mandamento e não outro.
Rabino Chazan explicou que cada mitsvá contém seu próprio
valor. Além disso, ele não precisava continuar trabalhando
no Shabat. Podia empenhar-se ao longo de seis dias e como o sustento depende
de D’us e Ele fornece a bilhões de pessoas todos os dias
então não seria um problema prover para mais um.
“Uau!” Falou o motorista, ”está certíssimo.
Parece algo que o Rebe de Lubavitch falaria.” E tirou um pôster
enorme que estava enrolado embaixo do banco. “Acabei de ver alguns
rapazes colocando esses cartazes e pedi um para mim. Sabe o quê?
Você tem razão! Colocarei esse pôster na minha sala
e talvez ele me inspire a parar de trabalhar no Shabat!”
Essas histórias ajudam a explicar que a verdadeira identidade judaica
pode ser revelada do mesmo modo que Avraham fez; nos aperfeiçoando
e ‘saindo’ das nossas cascas para compartilhar com os outros
o que sabemos e possuímos. Isso foi ensinado pelo Rebe de Lubavitch
e transmitido a todos, em particular aos seus emissários.
Avraham abandonou segurança, fama e fortuna para espalhar a convicção
e fé de que existe um Criador que se importa com cada detalhe de
Sua criação.
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