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A Parashá
Nassô contém o trecho da sotá – uma esposa cujo
comportamento é impróprio.
Ao analisar o conceito com mais profundidade, descobrimos o simbolismo
por trás das palavras da Torá, em que o marido refere-se
a D’us, e a esposa representa o povo judeu.
Sobre o versículo: “Se a esposa de um homem se desvia”,
nossos Sábios comentam: “Um indivíduo só peca
se um ‘espírito de tolice’ o penetra”. No hebraico,
a palavra “tolice” está etimologicamente ligada à
palavra que significa “sair do caminho”.
Com essa afirmação nossos Sábios tentaram explicar
um fenômeno que escapa à nossa compreensão: como pode
um judeu pecar? Como pode um fato tão absurdo ocorrer? Todo e qualquer
judeu, devido a sua alma Divina, tem uma ligação profunda
com D’us. Como então pode ele se permitir cometer uma transgressão,
que é algo que o separa de sua Fonte Superior?
A resposta para isso é “o espírito de tolice”,
uma força externa que, temporariamente, assume o controle e oculta
a fé de um judeu. O “espírito de tolice” impede
que o judeu perceba a verdadeira consequência de suas ações
– o desligamento de D’us que o pecado provoca. Se um judeu
estivesse consciente disso o tempo todo, jamais conseguiria desobedecer
a uma ordem Divina.
O que é, exatamente, esse “espírito de tolice”?
Nada mais, nada menos que o desejo de gratificação física,
o que diminui a percepção espiritual.
Consequentemente, a pessoa imagina que nada vai acontecer se cometer um
pecado, e que continuará tão ligada a D’us quanto
estava antes. Seu desejo de gratificação a cega a ponto
de até mesmo a mais leve das infrações prejudicar
sua ligação com D‘us.
O lado reverso desse princípio é que mesmo quando um judeu
peca, isso não significa que ele seja uma pessoa ruim. Sua natureza
é boa, e seu desejo mais profundo é obedecer a vontade de
D’us. É o “espírito de tolice” que é
o culpado, um fator externo que é estranho à sua própria
natureza. No sentido figurativo, D’us é comparado a um marido
do povo judeu.
Um judeu que comete um pecado assemelha-se a uma esposa, cujo comportamento
impróprio despertou a suspeita do marido. Não há
certeza de que a sotá tenha cometido um pecado. Ela simplesmente
se comportou de um modo que levantou suspeitas e dúvidas. E do
mesmo modo que uma sotá é recompensada quando é considerada
inocente – “mas se estiver pura conceberá semente (terá
bons partos)” – D’us promete que todo judeu acabará
por se arrepender e retornar a Ele, pois a natureza íntima de um
judeu permanece sempre fora do alcance do pecado.
Em Likrat Shabat on line da Yeshivá Tomchei
Tmimim Lubavitch
Adaptado de “Likutê Sichot” do Rebe, Vol. 2.
(L’Chaim Weekly, www.lchaimweekly.org)
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