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A maioria dos versos
de Haazínu – seis das sete seções – está
associada com a canção de Moshê, conhecida como a
Canção de Haazínu. Os levitas costumavam cantar esta
canção no Shabat, no Templo Sagrado. Eles a dividiam em
seis partes, cada uma cantada em outro Shabat, da mesma maneira que a
canção é dividida para a leitura da Torá.
Maimônides explica porque a canção de Haazínu
foi dividida desta forma: "…Pois são elas [palavras
de] advertência, para que o povo se arrependesse." Agora "advertência"
e "canção" são antiéticas. Como
devemos entender esta canção que contém palavras
de "advertência"?
A Canção de Haazínu como um todo, mesmo aquelas partes
que contêm palavras de advertência, possui um tema central:
todos os eventos que sucederam ao povo judeu são, em última
instância, para seu próprio bem. Mesmo aqueles eventos que
parecem ser a própria antítese da bondade, obedecem ao propósito
de levar os judeus para mais próximo da redenção
suprema. Na verdade, todas as ocorrências na vida do povo judeu
são degraus e estágios que levam em direção
à redenção.
A Porção de Haazínu é lida na maioria dos
anos, e neste ano também será, no Shabat Teshuvá,
o "Shabat da Penitência", assim chamado porque coincide
com os "Dez Dias de Arrependimento".
Também deve ser entendido que a passagem de Haazínu, está
não apenas conectada a estes dias de penitência porque contém
"palavras de advertência, para que o povo se arrependa,"
mas por causa deste notável tipo de serviço Divino e nível
de arrependimento que caracteriza o Shabat Teshuvá.
A forma de arrependimento apropriado para os dias da semana é teshuvá
tataá, "arrependimento de baixo nível", enquanto
que a forma de arrependimento apropriada ao Shabat é teshuvá
ilaá, "arrependimento de alto nível". Em geral,
o anterior envolve arrependimento por se cometer pecados reais, ao passo
que o último é o retorno e apego do espírito do homem
a D'us.
Como durante a semana o homem está envolvido em elevar o mundano
até a santidade, seu arrependimento gira em torno da retificação
de pecados reais – teshuvá tataá. No Shabat, entretanto,
o trabalho mundano é proibido, e o serviço espiritual do
homem envolve elevar-se de nível para nível dentro do reino
da santidade. Esta é a tarefa de teshuvá ilaá –
esforçar-se para chegar ainda mais perto de D'us.
Estes níveis de arrependimento também diferem na maneira
pela qual são realizados: teshuvá tataá procede de
um coração sofrido e contrito, ao passo que teshuvá
ilaá é feito com "grande alegria".
Tudo isso é encontrado na Canção de Haazínu.
Por um lado inclui "[palavras de] advertência, para que o povo
se arrependa", e por outro é chamada "uma canção",
uma expressão de alegria, cantada pelos levitas no Templo Sagrado.
A conexão da Canção de Haazínu com teshuvá
ilaá também está de acordo com o conteúdo
simples da Porção da Torá. Moshê recebeu a
ordem de escrever a Canção de Haazínu "para
que esta canção sirva-Me de testemunha para os judeus"
– ela serviu como testemunha da Torá e dos mandamentos, possibilitando
aos judeus ficarem repletos de vitalidade e imutável lealdade.
O arrependimento, também, especialmente teshuvá ilaá,
vitaliza o judeu e lhe permite cumprir a Torá e seus mandamentos
nesta maneira, para que suas ações desse modo tornem-se
"atos bons e luminosos".
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