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Daqui
a algumas semanas, estaremos celebrando o casamento de nossa filha. É
difícil transmitir a profundidade da emoção num casamento
judaico. É mais que uma cerimônia santificando o compromisso
dos noivos, porque indivíduos são mais que indivíduos.
Somos quem somos por causa de nossos pais e avós, e do drama ao
qual eles e nós pertencemos. Um casamento no Judaísmo é
um novo capítulo na história do povo judeu.
As sheva berachot, ou "sete bênçãos", pronunciadas
sobre os noivos, remonta há dois mil anos. Nelas nos referimos
ao primeiro casal, Adão e Eva, casados pelo próprio D'us
tendo o céu como canópia nupcial. Relembramos uma frase,
extraída de Yeshayáhu e do Livro de Tehilim, sobre "uma
mulher estéril" que, contrariando as expectativas, teve a
alegria de ter filhos. Isto, para nós, é o povo judeu como
um todo, que tanto sofreu e teve dúvidas sobre a própria
sobrevivência, mas agora vê neste casal uma esperança
para o futuro.
Citamos a gloriosa profecia de Yirmiyáhu que, ao ver Jerusalém
desolada e destruída, profetizou que na cidade "Serão
ouvidos mais uma vez os sons de júbilo e alegria, e as vozes dos
noivos". É como se todas as prévias gerações
de judeus, dispersas pelo espaço e tempo, estivessem presentes
para dar suas bênçãos ao casal e para testemunhar
o milagre da fé mais antiga do Ocidente, tornando-se jovem outra
vez através do amor mútuo de duas pessoas.
Os casamentos judaicos geralmente são exuberantes, ruidosos, cheios
de energia e entusiasmo. Os costumes antigos, que há uma ou duas
gerações tinham praticamente desaparecido, agora estão
voltando. Muitas noivas atualmente adotam a mística cerimônia
de circular o noivo sete vezes. Os contratos de casamento se tornaram
altamente decorativos, como costumavam ser na Idade Média (a ketubá,
ou contrato de casamento, remonta à era pré-cristã
e se constitui numa das primeiras declarações dos direitos
femininos de que se tem notícia). Num casamento judaico, pode-se
ver a verdadeira natureza da espiritualidade judaica – séria
demais para ser totalmente séria, consciente demais das bênçãos
Divinas para fazer outra coisa que não seja rejubilar-se. O Judaísmo
é o convite de D'us para celebrarmos a vida.
Como é desolador que o casamento pareça ter perdido seu
poder na sociedade como um todo. Uma cerimônia de casamento é
mais que uma formalidade e um pedaço de papel. Os profetas viam
o casamento como a metáfora mais forte para o relacionamento entre
D'us e nós – porque envolve comprometimento, um voto mútuo
de franqueza e confiança, uma promessa que não se abandonará
o outro em tempos difíceis. Deste pacto de lealdade e amor, novas
vidas vêm ao mundo.
O casamento não é somente viver juntos, uma parceria temporária
com fins mutuamente benéficos. Que uma luz nos ajude e desperte
se isso é tudo que conseguimos ver nele. É o ponto no qual
o Eu do ser encontra o Tu do outro ser, transformando-nos em algo maior,
mais espaçoso, mais generoso e carinhoso do que jamais poderíamos
ser sozinhos. No casamento, na melhor das hipóteses, você
vê a humanidade naquilo que tem de melhor, e num lar amoroso você
quase consegue tocar a presença Divina.
Yirmiyáhu disse certa vez: "Lembro-me da devoção
de tua juventude, como uma noiva tu me amavas e me seguias pelo deserto,
através de uma terra inculta."
Tomar a mão de alguém e começarem juntos uma jornada
rumo a um país desconhecido chamado futuro: isso é casamento,
o amor santificado pela mútua confiança do momento presente…para
sempre!
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