|
Ele
sabe que ela é especial. E ela sabe que ele é único.
De todas as pessoas no mundo, eles percebem que foram feitos um para o
outro. É como se isto tivesse sido estabelecido desde o tempo da
criação. E de certa forma, foi mesmo.
Por trás de cada casal que se conhece, há uma cadeia de
eventos que volta ao início dos tempos. Se reconstituirmos a cadeia
até seu início, descobriremos que na verdade ele remonta
à criação.
Veja o seguinte caso:
Ele é apresentado a ela por um amigo. Mas como ele conheceu o amigo?
Todos os eventos que o levaram ao encontro desse amigo também devem
ser levados em consideração. Digamos que ele conheceu o
amigo na escola. Por que ele foi àquela determinada escola? Por
que foi atraído àquele amigo em particular? Como ela fez
contato com aquele amigo? A resposta pode nos levar a anos, e até
gerações, em retrocesso.
Tomemos outro caso:
Ela e ele foram vizinhos durante toda a vida. Então, certo dia,
ela percebe que entre todos os homens no mundo, havia nele algo de especial.
Mas por que eles viveram um ao lado do outro, para começar? Por
que os pais de ambos decidiram comprar casas ali. Mas o que levou os pais
a tomar aquela decisão? Talvez idéias que receberam de seus
pais. E essas idéias podem ter vindo dos pais de seus pais. Mais
uma vez, a cadeia de eventos vai de uma geração a outra.
Vejamos um terceiro caso:
Ela foi do Brasil a Israel para estudar. Ele veio da Austrália
numa viagem turística. Um encontro ao acaso e houve um estalo.
Eles podem ter vindo de cantos opostos do mundo, mas de alguma forma agora
estão juntos.
Não
importa o que a pessoa faz, D'us pode arranjar as coisas para
que ele ou ela encontre o par que lhe estiver destinado.
|
Sempre que uma pessoa
encontra "alguém" especial, é como se ocorresse
um milagre. De alguma maneira, por meio de uma sucessão de coincidências
e cadeias de eventos, D'us os aproximou. É um milagre que trará
felicidade ao casal, e de certa forma, começa a criação
de um novo mundo.
Além dos eventos que aproximaram o casal, há também
os fatores que fizeram com que eles existissem. Estes também remontam
aos primórdios da criação. Isto considerado, vemos
todo casamento como tendo sido iniciado ao princípio dos tempos
e arremessado para perdurar por gerações por toda a eternidade.
Considere por um momento a ancestralidade do rapaz e da moça. Obviamente,
cada qual tem dois pais. Volte mais uma geração, e aparecem
quatro avós. Mais uma geração, e são oito
bisavós. Continue assim, e encontrará dezesseis tetravós,
e trinta e dois pais desses dezesseis.
O cálculo torna-se então um pouco mais difícil, especialmente
para alguém não especialmente
dotado em matemática. Porém os resultados são fascinantes.
Alguns minutos com uma calculadora, e torna-se óbvio que voltando-se
dez gerações, uma pessoa tem 1024 ancestrais. Vinte gerações,
e tem 1.048.576 – mais de um milhão!
Depois disso, os números tornam-se quase absurdos. Depois de trinta
gerações, o número de antepassados de uma pessoa
seriam mais de um bilhão. Após quarenta gerações,
acima de um trilhão! Este último número obviamente
é um absurdo. É maior que o número total de pessoas
que jamais existiram. Ninguém pode ter mais ancestrais que o número
de pessoas. Este número simplesmente significa que as linhas ancestrais
se cruzam, e uma pessoa descende do mesmo indivíduo em mais de
uma maneira. Voltando a algo em torno de quarenta gerações,
a pessoa encontrará os mesmos ancestrais aparecendo uma e outra
vez em locais diferentes da árvore genealógica.
Em qualquer caso,
leva menos de quarenta gerações para uma pessoa encontrar
um número de antepassados maior que a população total
do mundo. Porém quarenta gerações não é
um tempo impossivelmente longo. Se considerarmos a geração
média como sendo 25 anos, quarenta gerações totalizam
somente mil anos.
No
dia em que uma pessoa é concebida, todas as forças
da Providência colocam em ação as cadeias
de eventos que levarão a seu eventual casamento.
|
Este é um ponto
fascinante. Se voltarmos mil anos ao ancestral de uma única pessoa,
descobrimos que esta pessoa poderia descender de todo ser humano vivo
naquela época. Colocando isso de outra maneira, seria preciso toda
a população do mundo há mil anos para fornecer os
ingredientes singulares de hereditariedade e ambiente que produziram aquele
único indivíduo do jeito que ele é hoje.
Se alguém contemplar o mundo de mil anos atrás, toda pessoa
que vir provavelmente será um ancestral do rapaz ou da moça
que estão aqui hoje. Todo casamento que ocorreu há mil anos
teria levado a esta pessoa específica como ela é hoje. Se
um homem no passado tivesse desposado uma mulher em vez de outra, seus
filhos teriam sido diferentes. Isso, por sua vez, teria afetado todas
as gerações subseqüentes – até os dias
de hoje.
Isto tem implicações impressionantes. Um único casamento
mil anos atrás poderia ter mudado cada pessoa viva hoje. Um casamento
é, portanto, um evento de tremendas conseqüências. É
um acontecimento miraculoso em mais de uma maneira.
Vamos presumir que nosso rapaz e nossa moça se casem, e que tenham
uma "pequena" família, apenas dois filhos. Imaginemos
que cada um de seus descendentes também tem uma família
similar, em média dois filhos.
Vemos novamente que o número de descendentes dobra a cada geração.
(Na matemática, isso é conhecido como progressão
geométrica). O casal tem dois filhos, quatro netos, oito bisnetos
e dezesseis tetranetos. A cada geração, o número
dobra. Mais uma vez, depois de dez gerações, este casal
terá 1024 descendentes. Após vinte gerações,
serão 1.048.576 descendentes. E após somente 24 gerações
– uns meros 600 anos – haverá 16.777.216 descendentes.
Este é um número muito aproximado da atual população
judaica mundial. Assim, quando um casal decide se casar, esta é
muito mais que uma decisão pessoal. É uma decisão
que terminará por afetar todo o povo judeu. Isso explica porque
um rapaz encontrando uma moça é um milagre tão grande,
e tão cuidadosamente planejado por D'us.
Se um casal se encontra
e decide se casar, então, no decorrer do tempo, todo judeu neste
mundo terá em sua hereditariedade as características únicas
que resultam daquela união. Se eles decidirem não se casar,
então cada judeu no mundo será, em última análise,
um pouquinho diferente. O mesmo se aplica à raça humana
como um todo. De certa forma, o Talmud faz uma alusão a isso. Declara:
"Por que Adam foi criado sozinho? Para ensinar que aquele que destrói
uma única vida judaica é considerado como se tivesse destruído
um mundo inteiro. E quem salva uma única vida é considerado
como se tivesse salvado o mundo inteiro."
A Torá nos diz que Adam foi um único indivíduo. Mesmo
assim, todos os bilhões de pessoas vivas atualmente são
descendentes de Adam e Eva. Todo casal que se casa é exatamente
como Adam e Eva. No transcorrer do tempo, seus descendentes serão
milhões, formando uma enorme população.
Independentemente
daquilo que a pessoa faz, a formação de um casamento
está nas mãos de D'us. Para que um casamento seja
bem sucedido, deve ser arranjado no céu.
|
É óbvio
que se D'us está preocupado com o destino até do indivíduo
mais insignificante, então Ele está ainda mais preocupado
com a população do mundo inteiro. Porém cada casamento
pode, a seu tempo, produzir toda uma população mundial.
Criar um casamento é, portanto, como criar um mundo inteiro.
No dia em que uma pessoa é concebida, todas as forças da
Providência colocam em ação as cadeias de eventos
que levarão a seu eventual casamento. O Talmud ensina que nesta
ocasião, é feito um anúncio lá no alto: "A
filha deste homem será para aquele homem."
Evidentemente, toda pessoa tem livre arbítrio. Portanto, mesmo
quando alguém está destinado, o livre arbítrio desempenha
seu papel. Porém a interação de D'us com o livre
arbítrio de uma pessoa permite que Ele arranje as coisas da maneira
que deseja.
Imagine que você está jogando xadrez com um Grande Mestre
Internacional. Embora você tenha livre arbítrio, e possa
fazer qualquer movimento que deseje, ele pode manipular você à
vontade por todo o tabuleiro. Não importa a jogada que você
faça, ele sabe como responder para fazer o jogo sair da maneira
que desejar. Ele pode determinar o resultado do jogo, praticamente à
vontade.
Evidentemente, D'us é muito mais que um Grande Mestre. Porém
Ele também antecipa nossos movimentos no jogo da vida, e Ele reage
a eles. Não importa como nos movemos, Ele reage e nos manobra aonde
Ele deseja que vamos. Assim, não importa o que a pessoa faz, D'us
pode arranjar as coisas para que ele ou ela encontre o par que lhe estiver
destinado.
É ensinado que há vezes nas quais, embora uma pessoa esteja
destinada a desposar um determinado indivíduo, suas próprias
ações a levam a casar-se com outra pessoa. Nestes casos,
não se casa com "aquele que lhe estava destinado", mas
com outra pessoa. Sua escolha de uma esposa foi alterado por suas próprias
ações e por seu próprio sistema de valores morais,
que envolve uma área onde D'us permite que cada pessoa tenha completo
livre arbítrio. Neste caso, diz-se que a pessoa não era
merecedora de encontrar o par que lhe estava destinado. Isso é
freqüentemente verdadeiro nos casos em que um casamento termina em
divórcio.
Existem também fatores que podem mudar para melhor o destino de
uma pessoa. Assim, a pessoa pode ter méritos que a ajudam a conseguir
um par melhor e ter um casamento mais feliz do que aquele que lhe estava
originalmente destinado. Como em todos os aspectos do destino de alguém,
a prece pode ter um efeito poderoso. Mas independentemente daquilo que
a pessoa faz, a formação de um casamento está nas
mãos de D'us. Para que um casamento seja bem sucedido, deve ser
arranjado no céu.
O Midrash relata que uma mulher certa vez perguntou a Rabi Yossi ben Chalafta:
"Agora que D'us terminou de criar o universo, o que Ele faz?"
O Rabi respondeu que D'us agora faz casamentos, aproximando os pares para
que possam casar-se.
A resposta de Rabi Yossi nos faz vislumbrar uma percepção
singular sobre o matrimônio. Todo casamento tem conseqüências
para toda a humanidade. Portanto, toda vez que um casal se junta, é
como se um mundo inteiro tivesse sido criado.
|