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  O Amor Quebra Barreiras
 
Por Tali Loewenthal, traduzido por Moishe (Maurício) Klajnberg
 

Existem muitas limitações e barreiras na vida. Algumas são muito importantes para uma existência sadia e são estabelecidas e promovidas pela Torá. Outras limitações são mais ambíguas e a própria Torá dirá que elas devem ser vencidas pelo bem de ideais mais elevados.

Nossa Parashá também nos conta sobre a travessia de barreiras. Pinchas, o neto de Aharon, provê o paradigma de uma pessoa zelosa. A palavra “zeloso” vem de “zelo”, entusiasmo excessivo. No final da Parashá da semana passada, Moshê e Aharon foram confrontados com uma situação em que eles se sentiram impotentes. De uma forma muito pública, um líder judeu, o príncipe de uma das doze tribos, estava expondo todo o conceito de identidade judaica ao se relacionar publicamente com uma mulher midianita. Moshê chorava. Seria este o fim do Povo Judeu?

Pinchas avançou com uma lança e aparentemente tomou a lei em suas próprias mãos. Nós o vemos aparentemente quebrando as regras judaicas da busca por evidências e do julgamento cuidadoso. Mesmo assim no início de nossa Parashá, ele é elogiado por D'us por seu ato.

Os Sábios discutem este evento e apresentam um quadro ligeiramente diferente. É verdade que Pinchas cruzou limites. Entretanto, ele permaneceu dentro da lei da Torá. No pensamento judaico, existem certos cursos de ação que são descritos como dentro dos limites da lei, mas os quais, mesmo assim, não podem ser sugeridos pela corte legal (“É de fato a lei, mas nós não a damos como uma instrução”)1. O ato de Pinchas estava nesta categoria. Era uma situação desesperadora que requeria um remédio desesperado, e Pinchas fez a coisa certa e é recompensado por D'us de uma forma extraordinária.

O que isto nos ensina sobre nossas próprias vidas? O Lubavitcher Rebe, de abençoada memoria, sugere a transferência deste tema de atravessar barreiras para o mundo do positivo, como expressão do ideal de Ahavat Yisrael, amar a outro judeu como a ti mesmo.

Existe a estrutura normal, ideal, da vida judaica: uma comunidade próxima e calorosa; um círculo familiar íntimo; uma vida imersa em atividades tipicamente judaicas. Este é o objetivo do marido e da esposa comprometidos, observantes e instruídos na comunidade judaica.

O Rebe sugere seguir o exemplo de Pinchas: manter-se dentro da lei da Torá, mas romper alguns aspectos desta estrutura, porque um judeu, de alguma forma, tem necessidades. Convide uma pessoa para a sua mesa de Shabat, talvez alguém que nunca tenha vivenciado isto antes. Passe algum tempo com esta pessoa, ajudando-o ou a ela a sentir- se aceito(a), em vez de executar seus deveres judaicos convencionais de uma forma automatizada. Desta forma você quebra barreiras, por causa do seu amor.


NOTAS

1. Ver Talmud Eruvin 7a e Betza 28b; comentário de Rashi sobre Bamidbar 25:6-7.

     
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