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  Dois Inimigos, Uma Batalha  
 
Adaptado das obras do Lubavitcher Rebe
 

O primeiro versículo da porção desta semana da Torá, Ki Tetsê, parece conter um erro gramatical.

"Quando fores para a guerra contra teus inimigos" – começa o versículo – "e o Eterno teu D-us o entregará em tuas mãos." Por que a Torá começa o versículo com o plural e continua no singular?

Cada palavra na Torá é exata, cada letra transmite uma imensidade de nuanças e significados, que ensinam incontáveis lições. Este versículo, que aparentemente toca no assunto da guerra convencional, alude a um tipo diferente de guerra, uma guerra espiritual que é empreendida por todo indivíduo.

Um judeu pode enfrentar dois tipos de inimigos: um que ameaça sua existência física e outro que ameaça sua santidade especial como membro do povo judeu – sua alma judaica.

A Torá usa a palavra "inimigos" para referir-se às duas ameaças, pois o corpo e a alma do judeu trabalham em conjunto, unidos em seu serviço a D-us. Tudo que coloca em risco o bem estar físico da pessoa ameaça também seu equilíbrio espiritual, e vice versa.

A Torá nos diz como emergir vitorioso sobre ambos os tipos de inimigo: "Quando fores." Um pessoa deve revestir-se com a força que vem da fé total em D-us, mesmo antes de encontrar o inimigo. Em seguida, a atitude deve ser de ascendência – "contra (literalmente, 'sobre') teus inimigos." Saiba que o próprio D-us está a seu lado e o ajuda em sua luta.

Assim armado, a vitória está assegurada, não apenas contra os inimigos convencionais, mas contra a raiz de todo o mal – a má inclinação, igualada no Guemara com "o Satã (inimigo da alma) e o Anjo da Morte (inimigo do corpo físico)."

Quando um judeu sai para a "guerra" fortalecido com o conhecimento de que não há ofrça no mundo capaz ds enfrentar a face da bondade e santidade, não somente as manifestações externas do mal são sobrepujadas, como sua fonte espiritual também é derrotada. A Torá usa portanto o inimigo singular – para aludir à má inclinação, a origem e protótipo de todo o infortúnio.

O versículo conclui com as palavras "e tu os fará cativos". Se um judeu não for cuidadoso e cair presa da má inclinação, todas as suas faculdades mais elevadas, concedidas a ele por D-us para serem utilizadas para o bem, também caem em sua armadilha. A Torá ensina que o arrependimento sincero tem o poder de redimir estes prisioneiros cativos, elevando-os até que "transgressões voluntárias sejam consideradas como méritos".

Este tipo de conflito armado aproxima Mashiach e a Redenção Final, quando a má inclinação será totalmente derrotada e a vitória sobre o pecado será permanente.

 

 

 
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