Contando os Judeus
Os primeiros versículos da porção dessa semana
da Torá, Ki Tissá, transmitem a instrução
de D'us a Moshê sobre como contar o povo judeu.
Quando é necessário fazer um censo, eles são contados
não de maneira comum, pessoa por pessoa. Em vez disso, todo membro
da comunidade deveria contribuir com uma moeda para caridade, e então
as moedas eram contadas.
Qual o raciocínio por trás dessa instrução?
Por que a necessidade de contar a comunidade através de um objeto,
em vez de simplesmente contabilizar as pessoas de forma direta?
Duas mensagens, aparentemente, estão sendo transmitidas aqui:
Primeira Revolta judaica
68/69 da Era Comum
Quando os judeus se revoltaram contra Roma, no ano 65 da Era Comum,
eles cunharam suas próprias moedas como um símbolo
de sua ruptura com o imperador romano. Esta moeda foi cunhada
durante o terceiro ano da revolta. A do lado esquerdo mostra um
utensílio do Templo Sagrado com a inscrição
"Shekel de Israel" em paleo-hebraico, o alfabeto arcaico
hebraico. O reverso mostra romãs, e a inscrição
"Jerusalém a Sagrada". |
Qual é o seu valor?
Primeiro, a Torá está sugerindo que você seja contado
não com base naquilo que é, mas naquilo que você
dá. Seu valor genuíno vem da sua contribuição
para outra alma, do amor e bondade que você entrega a outro coração.
Sir Moses Montefiore, um diplomata e filantropo judeu do Século
19, certa vez foi indagado sobre quanto valia. O homem milionário
pensou por um instante e disse um número. O outro respondeu:
“Isso não pode estar certo. Pelos meus cálculos
você deve valer muito mais.”
A resposta de Moses Montefiore foi: “Você não me
perguntou quanto eu possuo. Portanto calculei a quantia que doei para
caridade este ano e foi este número que lhe forneci. Veja,”
disse ele, “você vale aquilo que está disposto a
dividir com os outros.”
Avaliando um povo
Porém, parece haver uma mensagem mais vital apresentada aqui,
que parece reverberar através da história.
Para avaliar o valor e grandeza de um povo, a Torá está
sugerindo, você deve estudar não o número de corpos,
mas a profundidade de suas contribuições. O que mais importa
não é a quantidade de seus adeptos, mas sim seu comprometimento
em fazer uma diferença e sua inspiração e ânimo
para fazer sacrifícios por seus valores e ideais. Números
podem ser desapontadores. Grandes grupos de pessoas com frequência
mal deixam um vestígio. Por outro lado, há vezes em que
pequenos grupos, quando empenharam alma e coração em seu
sistema de valores, causaram um enorme impacto, totalmente desproporcional
aos seus números.
Para avaliar a importância da existência judaica, a Torá
está nos dizendo, você deve estudar não os seus
números: os judeus jamais constituíram mais de um por
cento da sociedade. Em vez disso, você deve examinar o impacto
que este pequeno grupo monoteísta tem causado no mundo. Outras
nações, culturas e civilizações tiveram
números muito maiores, territórios mais vastos e exércitos
mais poderosos. Mas ninguém deixou uma impressão no próprio
tecido da civilização como os relativamente poucos e perseguidos
descendentes de Avraham Yitschac e Yaacov.
Como escreveu o escritor católico Thomas Cahill em seu bestseller
“Os Presentes dos Judeus: Como uma Tribo de Nômades do Deserto
Mudou a Maneira de Todos Pensarem e Sentirem”:
“A maioria de nossas melhores palavras na verdade – novo,
aventura, surpresa; indivíduo singular, pessoa, vocação;
tempo, história, futuro; liberdade, progresso, espírito;
fé, esperança e justiça – são presentes
dos judeus… Mal conseguimos levantar pela manhã ou atravessar
uma rua sem sermos judeus. Sonhamos sonhos judeus e esperamos esperanças
judaicas.”
Aqui está uma passagem do historiador contemporâneo Paul
Johson em seu bestseller “História dos Judeus”:
“Todas as grandes descobertas conceituais do intelecto parecem
óbvias e inescapáveis depois que foram reveladas, mas
é preciso um gênio especial para formulá-las pela
primeira vez. O judeu tem este dom. A eles devemos a ideia de igualdade
perante a lei, tanto divina quanto humana; da santidade da vida e da
dignidade da pessoa humana; da consciência individual e da redenção
pessoal; da consciência coletiva e da responsabilidade social;
da paz como uma ideia abstrata e amor como o alicerce da justiça,
e muitos outros itens que constituem a mobília básica
moral da mente humana. Sem os judeus, isso poderia ter sido um lugar
muito mais vazio.”
O Poder do Amor
Assim como isso é verdadeiro a respeito da nossa identidade nacional,
é verdadeiro no que concerne a cada pessoa individualmente. Às
vezes você poderia pensar consigo mesmo: “Não tenho
valor; não valho nada.”
Vem a Torá e diz que você por si mesmo, enclausurado em
sua vaidade e egoísmo, pode de fato representar uma criatura
pequena, fútil, indigna de ser contada (“Se eu for somente
para mim mesmo, o que sou eu.” Hilel é citado como dizendo
isto em Ética dos Pais).
No entanto, cada um de nós tem o poder de contribuir com algo
para o mundo, de buscar uma pessoa em necessidade. Cada um de nós
tem a capacidade de tocar um coração, elevar um espírito,
acender uma alma, olhar um ser humano nos olhos e dizer “Eu te
amo.” Você pode na verdade ser pequeno, mas o amor e luz
que você pode levar a outra vida através de um simples
gesto, um “bom dia” sincero, ou um ato de bondade e gentileza,
não pode ser contado o suficiente.