A Torá Registra o Contrato de Compra da Gruta de Machpelá | ||||
D'us havia prometido a Avraham que ele herdaria toda a terra de Canaan. Contudo, quando quis enterrar sua esposa, Sara, precisou sair e adquirir uma gleba de terra. Como em todas as circunstâncias de testes, Avraham não reprovava D'us em seu coração e não expressava queixas. Preparou-se para comprar a Gruta de Machpelá e o campo ao seu redor. Por que Avraham escolheu este lugar em especial para enterrar Sara? Avraham descobrira o segredo daquela caverna quando perseguiu o animal que pretendia abater para as três visitas, os anjos (na Parashá anterior). O bezerro atraiu-o direto à Gruta de Machpelá. Naquela ocasião, Avraham viu uma luz brilhante na caverna e inalou o doce aroma do Gan Êden (Paraíso) que a preenchia. Ouviu vozes de anjos exclamando: "Adam está enterrado aqui! Avraham, Yitschac e Yaacov também descansarão aqui!" Avraham compreendeu então que esta gruta era a entrada do Gan Êden e desejou-a para servir de local de enterro. Efron, o enganador Benê Chet admiraram e reverenciaram Avraham, cuja grandeza e fortuna eram lendárias. "Ouça-nos," responderam. "És nosso rei, nosso príncipe! Pode escolher qualquer túmulo que quiser. Enterre lá quantos mortos quiser." Avraham curvou-se como se fosse para Benê Chet, quando na realidade curvou-se para agradecer a Hashem por estarem dispostos a aquiescer ao seu pedido. "Por favor, vão até o proprietário da Gruta de Machpelá, Efron, por mim," pediu Avraham, "e ajam como se fossem agentes de um negócio entre nós. Desejo adquirir a Gruta de Machpelá, que lhe pertence. Quero comprá-la na presença de todos, pelo preço total. Se ele se recusar, façam-me um favor e convençam-no a concordar." Benê Chet apressaram-se em enviar mensageiros a Efron a fim de informá-lo que fora elevado ao status de nobreza, de modo que o notável Avraham não precisasse lidar com um homem comum. Os mensageiros disseram a Efron que Avraham desejava comprar sua caverna. "Não quero vender-lhe a caverna," respondeu Efron. "Avraham é grande e famoso. Se você se recusar, retiraremos seu recém-recebido título de nobreza!" "Então, deixe que eu fale com Avraham!" Efron saiu para saudar Avraham, e dirigiu-se a ele na presença de todos os Benê Chet. "Ouça-me, meu senhor," disse Efron a Avraham. "Darei ambos, o campo e a gruta, de presente. Eu os dei na presença de meu povo. Agora, enterre seu morto!" Efron disse três vezes: "Eu os dou a você de presente." Contudo, não tinha intenção de manter a palavra. As palavras do perverso, e também seus atos, são enganosos, enquanto que as palavras e os atos dos justos são verdadeiros. Avraham estava familiarizado com o tipo de caráter de Efron, e pensou: "Só espero que pelo menos ele me deixe adquirir a caverna em troca de dinheiro!" "Por favor, ouçam-me," dirigiu as palavras a Efron. "Não enterrarei Sara num lugar que me foi dado de graça, para que mais tarde as pessoas não digam: 'Nunca deram um local decente para túmulo àquela mulher sem valor!' Deixem-me pagar pelo campo, então enterrarei Sara!" "Se quiser comprar a gruta," disse Efron, "pague-me apenas quatrocentos shecalim grandes, uma pechincha para duas pessoas tão ricas quanto nós". Efron exigiu um tipo de shekel aceito por todos os comerciantes, em todos os locais, a moeda corrente que era conhecida como centenária. Cada shekel que Avraham pagaria pelo terreno valia 2500 shekels comuns. Assim, a gruta sairia por um total de um milhão de shekels comuns. Avraham concordou em pagar a Efron o valor pedido, e não regateou, porque queria pagar pelo lugar sagrado o preço integral para que ninguém mais tarde afirmasse que a Gruta de Machpelá não lhe pertencia. Há três lugares-chave pelos quais nossos antepassados pagaram a não-judeus em dinheiro, para assegurar que seriam legítimos donos e não poderiam ser acusados de ter se apropriado destes ilegalmente: Enquanto Avraham pesava a prata, Efron ficou lá de pé, roubando secretamente da balança, embolsando algum dinheiro extra. Mal sabia Efron que Avraham não perderia dinheiro em decorrência desse roubo; pelo contrário, o próprio Efron viria a empobrecer por ter prejudicado Avraham. Avraham recebera uma bênção divina (12:3), "e aquele que o amaldiçoar, será amaldiçoado". Como Efron tentou diminuir a fortuna de Avraham, ele mesmo, consequentemente, será amaldiçoado. A Torá escreve o nome de Efron com a letra vav, mas onde o dinheiro trocou de mãos e a venda foi consumada, o vav é omitido. Dessa forma, a Torá sugere que a estatura de Efron foi diminuída – ele começou fazendo ofertas grandiosas de um presente, mas depois revelou-se um homem ganancioso que extorquia muito mais do que o valor real da propriedade. Avraham assinou um contrato com Efron, na presença de todo Benê Chet como testemunhas, definindo e delimitando a localização exata do campo e de seus limites. Leu para todos em voz alta. A venda foi concluída por escrito e seu proprietário de direito estabelecido para todas as gerações futuras. A propriedade tornou-se elevada, porque passou da posse de um plebeu, Efron, à de um rei, Avraham. Efron vendeu a gruta sem saber de sua santidade. Tudo o que via nela era escuridão. Quando Avraham entrou na gruta carregando o caixão de Sara, Adam e Chava levantaram-se do túmulo, querendo sair de lá e disseram: "Sentimos vergonha eterna por causa de nosso pecado. Agora, que você veio aqui, aumentou nossa vergonha mostrando seus bons atos perante nossos olhos!" "Tomo sobre mim a responsabilidade de rezar em seu favor para que não mais se exponham à vergonha," disse Avraham, apaziguando-os e tranquilizando-os. Sara foi enterrada com profunda reverência, numa cerimônia grandiosa. Entre os que carregaram o caixão estavam Shem e Yefet, os dois filhos de Nôach, Ever, seu neto, Avimêlech, rei dos pelishtim, e os príncipes emoritas Aner, Eshcol e Mamrê. Mais tarde, quando Avraham morreu, também foi enterrado na Gruta de Machpelá. |
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