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  O Caminho para a Verdadeira Transformação  
 
Por Yosef Y. Jacobson
 

Na porção dessa semana da Torá, Côrach, lemos sobre Côrach questionando e por fim se rebelando contra Moshê e D'us. A primeira pergunta de Côrach a Moshê foi: "Uma veste feita inteiramente de lã turquesa ainda exige um fio turquesa em suas franjas de tsitsit?"

A resposta de Moshê foi "Sim".

Côrach achou que a resposta de Moshê era absurda. Por que o mandamento de um fio de lã turquesa no tsitsit? O Talmud explica porque turquesa é uma cor espiritual. Assemelha-se ao oceano e aos céus, lembrando ao ser humano a majestade de D'us.

Na verdade, Côrach e Moshê debateram a natureza da liderança espiritual, a questão de como inspirar os seres humanos ao idealismo e santidade.

Côrach acreditava que é preciso dominar as pessoas com a magia e majestade de sua mensagem. Deixar sua "veste" inteira, sua identidade completa, tornar-se toda turquesa, fundindo-se completamente no "azul" do céu.

Moshê discordava: deixar o espírito das pessoas pairar é esplêndido, mas nunca suficiente. Para a inspiração causar um impacto duradouro, deve se expressar em atos, palavras e pensamentos individuais específicos. Para fazer uma verdadeira transformação na vida das pessoas, você deve dar-lhes um único ato por meio do qual elas possam conectar-se com D'us e trazer Sua moralidade ao mundo numa base diária. Você precisa inspirar as pessoas a tornar azul um fio de suas vidas.

Este foi um debate sobre o que se tornaria a grande ênfase do Judaísmo. Segundo Côrach, o Judaísmo era sobre despertar uma paixão para revolucionar o universo. Porém Moshê entendeu que para atingir esta meta, o enfoque fundamental do Judaísmo precisava ser no comportamento diário do indivíduo, mudando o mundo com uma mitsvá por vez.

A mensagem de Côrach parecia lógica. Se podemos eletrizar uma alma com uma paixão para tornar o mundo um local Divino, a mitsvá individual é relevante? Vamos falar sobre mudar pessoas e mudar o mundo, não sobre pequenas ações individuais!

Côrach sentiu que Moshê estava deturpando a real intenção de D'us. Ao se concentrar tanto nas mitsvot, Moshê estava abafando a criatividade espiritual nas almas de Israel. Estava roubando a comunidade de sua grandeza.

Côrach foi um revolucionário; era uma alma em fogo. Porém Moshê foi um líder, um pastor. Moshê, com certeza, identificou-se profundamente com a mensagem de Côrach. Se alguém entendeu o valor do idealismo apaixonado, foi Moshê, um homem que deixou tudo para trás na sua busca pela verdade. Porém um líder não é uma alma elevada individual; um líder é uma pessoa que encerra dentro de seu coração uma nação inteira, uma alma coletiva, do mais alto ao mais baixo, e que está profundamente sintonizado com a natureza humana.

Moshê sabia que a mensagem que inspira reverência e entusiasmo, mas que não exige mudança na vida do indivíduo, não teria um impacto duradouro.

Quando um espírito idealista fala sobre transformar o universo e elevar toda a humanidade, mas deixa de concentrar-se em construir esse universo por meio de ações e palavras diárias, no final, ele pode cair muito baixo, talvez até ser engolido pelo abismo. Isso na verdade ocorreu a Côrach e aos seus homens.

A lição em nossa vida é clara: levar uma vida judaica diariamente, saturada com o estudo de Torá e cumprimento das mitsvot, transmitindo estas ações sagradas aos filhos – é isso que garantirá a continuidade judaica e curará o mundo.

 

 

 

 
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